23- Sexta
- Evangelho - Lc 12,54-59
Vós
sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis
interpretar o tempo presente?
Neste
Evangelho, Jesus nos chama a atenção para uma incoerência nossa, que é fruto do
pecado: Somos avançados no conhecimento das ciências e da técnica, mas muito
atrasados no conhecimento das coisas de Deus.
“Hipócritas,
vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis
interpretar o tempo presente?” Essa advertência de Jesus vale de modo especial
hoje, em que a humanidade cresce dia a dia no conhecimento das ciências e da
técnica, mas parece até que está regredindo no conhecimento do sentido
fundamental da vida.
A
parábola da caminhada com o adversário para o magistrado reforça a necessidade
de andarmos sempre com as contas em dia com Deus, pois quando estivermos diante
do Juiz, que é Cristo, não haverá mais tempo para corrigirmos os nossos erros,
ou para pedirmos perdão a Deus.
As
pessoas conhecem o tempo cronológico, mas não procuram conhecer o tempo da
graça. Vivem pesquisando a natureza a fim de utilizá-la, mas não conhecem o
Autor e Criados da natureza. Em resumo, as pessoas aprofundam-se na ciência,
mas não na sabedoria. A ciência não envolve a vida humana no seu conjunto, que
tem duas partes: a terrena e a eterna.
“Não
dizeis vós: Ainda quatro meses e aí vem a colheita? Pois eu vos digo: levantai
os olhos e vede os campos, como estão dourados, prontos para a colheita!” (Jo
4,35-36). Estão aí as duas realidades: a simples ciência e a sabedoria.
É
muito comum, ao andarmos à noite pelas ruas, vermos carros de luxo estacionados
na frente de casa de cartomante. São pessoas formadas na ciência do mundo, mas
analfabetas na ciência de Deus. Vemos pessoas letradas valorizando o “ter” e se
esquecendo do principal que é o “ser”. Pais que, fora do período escolar,
matriculam os filhos em cursos caros de inglês, e nem se preocupam em levá-los
ao catecismo. Pessoas que se dizem católicas, mas desprezam as leis.
Por
exemplo, para combater a AIDS, são apresentados medidas fúteis, já comprovadas
que não funcionam, e se esquecem do principal que é o respeito à Lei de Deus.
A
multiplicação de seitas, que apresentam, muitas vezes, a religião apenas como
meio de adquirir benefícios nesta terra, mas se esquecendo da vida após a
morte.
“Estou
ciente de que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois querer o
bem está ao meu alcance, não, porém, realizá-lo. Não faço o bem que quero, mas
faço o mal que não quero” (Rm 8,18-19). Se temos alguma conta a acertar com
Deus, vamos fazê-lo logo, porque amanhã poderá ser tarde!
Cristo
nos deixou todos os meios para vencermos o mal e fazer o bem: a oração, o sacramento
da confissão, a Eucaristia, a vida em Comunidade, a leitura da Bíblia...
Certa
vez, um menino passou correndo na rua, na frente da igreja. O padre estava na
porta da igreja e aquilo lhe chamou a atenção. Foi até a calçada e viu que lá
no fim da rua o menino virou para trás e voltou correndo na mesmo velocidade.
Quando estava passando em frente à igreja, o padre gritou: “Menino, vem cá”.
Mas nada, ele não parou. Chegando ao outro extremo da rua, ele virou para trás
e veio correndo do mesmo jeito.
O
padre pensou: eu vou segurar esse menino para ver por que ele está fazendo
isso. Quando o garoto estava perto, o padre se colocou na frente dele e o
agarrou. O menino ficou assustado, mas o padre o acalmou e lhe perguntou:
“Filho, o que você está fazendo?” Ele respondeu: “Não sei!” “De onde você vem?”
“Não sei!” “Para onde você vai?” “Não sei!” “Quem é você?” “Não sei!”
Neste
momento, um senhor que morava em frente disse: “Iii padre! Esse menino é bobo.
Pode largar, porque ele não sabe nada!” O padre largou e o garoto continuou
correndo pela vida, para lá e para cá.
Que
nós não sejamos também bobos, aprofundando-nos nas ciências da terra, correndo
para lá e para cá, mas sem procurar o principal que é responder àquelas
perguntas fundamentais da vida, que o padre fez ao menino!
As
poucas palavras de Maria Santíssima que a Bíblia nos trouxe mostram que ela
entendia muito bem das coisas de Deus e do sentido pleno da vida. Que ela nos
ajude a dedicarmos os nossos talentos a “interpretar o tempo presente”.
Vós
sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis
interpretar o tempo presente?
Padre
Queiroz
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