03- Sábado
- Evangelho - Lc 10,17-24
Ficai
alegres porque vossos nomes estão escritos no céu.
Este
Evangelho tem três partes: o regresso dos setenta e dois, a alegria de Jesus e
a felicidade dos discípulos.
“Eles
voltaram muito contentes, dizendo: Senhor, até os demônios nos obedeceram por
causa do teu nome”. É a alegria do líder cristão, ao ver a conversão acontecer
e as pessoas que acolhem a Boa Nova ficarem mais felizes. Não existe alegria
maior do que possuir a graça de Deus.
“Jesus
exultou no Espírito Santo.” Nós queremos dar a Jesus a mesma alegria que ele
sentiu, vendo “Satanás cair do céu, como um relâmpago”, isto é, vendo o Reino
de Deus já atuante na terra, destronando definitivamente as forças do mal. Por
isso, “ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”. Jesus se
alegra porque, pela força de Deus, as coisas se inverteram: agora são os
pequeninos que têm a primazia.
O
Pai e Jesus constituem uma unidade de amor e conhecimento mútuo, na qual são
admitidos os que se abrem a Deus com humildade e se abandonam nas suas mãos.
“Felizes
os olhos que vêem o que vós vedes!” Nós estamos incluídos nesses “felizes”,
porque, através do Espírito Santo, nós também conhecemos e experimentamos a Boa
Nova de Jesus triunfando sobre o mal. A história da humanidade tem duas partes
bem distintas: antes de Cristo e depois dele. Mas isso significa também uma
responsabilidade para nós: “Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas
e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20).
“Que
Deus ilumine os olhos de vosso coração, para que conheçais a esperança à qual
ele vos chamou, a riqueza da glória que ele nos dá em herança entre os santos,
e a extraordinária grandeza do poder que ele exerce” (Ef 1,18-19). “Os olhos de
vosso coração” nos lembra a bem-aventurança: “Felizes os puros de coração,
porque verão a Deus”. A fé e o amor são inseparáveis; quanto mais se ama, mais
se crê. O coração, isto é, o centro da pessoa, é o terreno onde pode enraizar a
semente do Reino.
Para
isso, precisamos ter os olhos do coração livres da miopia gerada pelo orgulho,
pelas paixões e ideologias. É por aí que os simples têm mais entendimento do
que os doutores e poderosos do mundo, inclusive, às vezes, mais que os
teólogos.
“Eu
te louvo, Pai, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as
revelaste aos pequeninos.” Quando líderes cristãos, humanamente incompetentes
para a missão, fazem maravilhas, aparece mais claro que é Deus que realiza, não
o líder; este é apenas um instrumento que Deus usa. E Deus gosta de usar
instrumentos mais fracos, porque assim fica claro que é ele que faz. Deus é
poderoso para usar qualquer instrumento para a conversão das pessoas. Ele já
usou até animais, como o caso da mula de Balaão (Cf Nm 22).
“Ninguém
conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” É
Deus que revela a Boa Nova aos que ouvem os líderes cristãos.
“Eu
vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do
inimigo. E nada vos poderá fazer mal.” Deus nos defende dos malvados do mundo e
de todos os perigos que enfrentamos, no nosso trabalho de líderes cristãos. O
discípulo e a discípula de Jesus podem ficar tranqüilo, porque existe Alguém
muito forte que cuida deles.
Todos
os cristãos e cristãs somos missionários, cada um do seu modo. Existe um “toque
de compaixão”, despertado por Deus, que nos leva a sair do nosso mundinho e
evangelizar. Hoje as multidões hoje são maiores que no tempo de Jesus, e a sêde
da Boa Nova continua a mesma. Deus não toca diretamente no coração de ninguém;
ele quer fazer isso através de nós, que já fomos tocados por ele. Nós recebemos
de Jesus um tesouro de graças, que são os sacramentos, a Palavra de Deus, a
vida em Comunidade... Vamos aproveitar bem esse tesouro, não só para nós
mesmos, mas para enriquecer os outros.
Havia,
certa vez, um viúvo, cuja esposa tinha falecido a pouco tempo, e ele morava
numa casa de roça, junto apenas com seu filhinho de poucos meses de idade.
Ele
tinha em casa uma raposa que era sua amiga. Desde pequeninha, ele a trouxe para
casa e era tratada como animal de estimação. Ela fazia até as vezes de um
cachorro, ajudando a guardar a casa.
Ele
saía cedo para trabalhar na roça e todas as noites, quando voltava, a raposa
ficava feliz com sua chegada. Os vizinhos sempre o alertavam: “Cuidado! Raposa
é um bicho selvagem. Um dia ela pode sentir fome e comer a criança”. Mas ele
respondia que isso era uma grande bobagem, a raposa era sua amiga e jamais
faria uma coisa dessas.
Um
dia, quando ele chegava em casa, a raposa veio ao seu encontro, mal totalmente
ensangüentada. O homem suou frio. “Os vizinhos tinham razão, ela comeu o meu
filhinho!” Mais que depressa, com o machado que tinha na mão, matou a raposa.
Mas,
ao entrar em casa, qual não foi a sua surpresa: o filhinho estava no berço,
dormindo, e, ao lado do berço, uma a cobra morta!
Aquele
senhor, cheio de tristeza, pegou o cadáver da querida raposa e o enterrou,
junto com o machado que a matara. Em cima da cova, plantou uma árvore, que
regava todos os dias.
O
homem foi precipitado, deixando-se levar pelo primeiro impulso. Quantas
lágrimas a precipitação tem causado, tanto à pessoa como aos outros!
Os
nossos conhecimentos são limitados e podemos nos enganar. Daí a necessidade de
nos apegarmos com Deus, que nunca se engana, e de acolher e distribuir o grande
tesouro que seu Filho nos deixou, que chamamos de Boa Nova.
Maria
Santíssima é a grande missionária de Deus Pai, pela qual ele nos deu o seu
Filho. Rainha dos missionários, rogai por nós!
Ficai
alegres porque vossos nomes estão escritos no céu.
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