10/10/2015
Tempo Comum -
Anos Ímpares - XXVII Semana – Sábado
Lectio
Primeira leitura: Joel 4, 12-21
Nações, levantai-vos e vinde ao Vale de
Josafat; aí me sentarei para julgar as nações vindas de toda a parte. 13Metei a
foice porque a messe está madura, vinde pisar porque o lagar está cheio, as
cubas transbordam porque a malícia deles é muito grande. 14Multidões e
multidões, no Vale do Julgamento, porque o Dia do Senhor está perto, no Vale do
Julgamento. 15O Sol e a Lua obscurecem-se, as estrelas perdem o seu brilho.»
16«O Senhor rugirá de Sião! Trovejará de Jerusalém! Então os céus e a terra
serão abalados. Mas para o seu povo, o Senhor será um refúgio, uma fortaleza
para os filhos de Israel! 17Sabereis então que Eu sou o Senhor, vosso Deus, que
habito em Sião, minha montanha santa. Jerusalém será um lugar sagrado, onde os
estrangeiros não tornarão mais a passar. 18Acontecerá naquele dia que os montes
destilarão vinho novo, o leite manará das colinas, as águas jorrarão em todas
as ribeiras de Judá. Uma fonte sairá do templo do Senhor para irrigar o Vale
das Acácias. 19O Egipto será a desolação e Edom será um deserto desolado pois
trataram com crueldade os filhos de Judá e derramaram, no seu país, o sangue
inocente. 20Mas Judá será habitada para sempre e Jerusalém, de geração em
geração. 21Eu vingarei o seu sangue, não os deixarei impunes. E o Senhor
habitará em Sião.»
Dos capítulos 3 e 4 do livro de Joel,
nitidamente escatológicos e apocalípticos, apenas este texto foi conservado na
liturgia. Apresenta-nos o «dia do Senhor», o dia do embate final entre o povo
de Deus e os pagãos coligados. A descrição é viva e aterradora. Os pagãos são
convidados a apresentar-se no vale de Josafat, «no Vale do Julgamento»,
contíguo à torrente do Cedron e ao antiquíssimo cemitério judeu. Aí serão
ceifados como seara madura e exprimidos como uvas no lagar, enquanto o cosmos
participa do «rugido» do Senhor, sofrendo enormes convulsões, como é próprio da
literatura apocalíptica. Bem diferente será a sorte do povo de Deus, que
finalmente experimentará o poder do Senhor, que entregará definitivamente
Jerusalém aos seus fiéis e fará justiça contra todas as opressões e abusos
sofridos.
Assim se anuncia o castigo dos maus e a salvação do povo do Senhor: «para o seu povo, o Senhor será um refúgio, uma fortaleza para os filhos de Israel!» (v. 16). Israel e Judá triunfarão definitivamente, e a terra recuperará a fertilidade, a do Paraíso perdido e a do Messias esperado.
Assim se anuncia o castigo dos maus e a salvação do povo do Senhor: «para o seu povo, o Senhor será um refúgio, uma fortaleza para os filhos de Israel!» (v. 16). Israel e Judá triunfarão definitivamente, e a terra recuperará a fertilidade, a do Paraíso perdido e a do Messias esperado.
Evangelho: Lucas 11, 27-28
Naquele tempo, 27Enquanto Jesus falava, uma
mulher, levantando a voz do meio da multidão, disse: «Felizes as entranhas que
te trouxeram e os seios que te amamentaram!» 28Ele, porém, retorquiu: «Felizes,
antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática.»
Depois do discurso sobre o Demónio, Lucas insere
a “bem-aventurança” pronunciada por uma ouvinte desconhecida e que se podia
resumir assim: «Bem-aventurada a mãe que tem um filho como Jesus». A ouvinte
pensaria certamente na força da sua palavra que introduzia no mistério das
realidades espirituais. Mas, para Jesus, “bem-aventurado” é aquele que escuta a
palavra de Deus e a põe em prática. O “antes” parece contradizer as palavras da
mulher, e relegar Maria para a sombra.
Mas, se aprofundarmos esta perícopa, lendo-a à luz de outras, damo-nos conta de que é exactamente o contrário. De facto, a Mãe de Jesus, em Lc 1, 42-45, é proclamada “feliz” porque acreditou e obedeceu à Palavra (cf. 1, 38). No Magnificat, a própria Virgem profetiza que todas as gerações a proclamarão “bem-aventurada” por se ter rendido totalmente à Palavra que compromete a sua fé e a sua vida.
Por outro lado, já noutra ocasião, Jesus aproveitara o facto de sua mãe e os seus parentes terem ido à procura d´Ele para proclamar que sua mãe e seus irmãos são aqueles «que escutam a palavra de Deus e a vivem» (cf. Lc 8, 19-21). Esta é, portanto, a identidade profunda de Maria que também a nós é proposta. Escutar a palavra de Jesus, que é o Verbo, a substancial palavra do Deus vivo, é o segredo para ser bem-aventurado.
Mas, se aprofundarmos esta perícopa, lendo-a à luz de outras, damo-nos conta de que é exactamente o contrário. De facto, a Mãe de Jesus, em Lc 1, 42-45, é proclamada “feliz” porque acreditou e obedeceu à Palavra (cf. 1, 38). No Magnificat, a própria Virgem profetiza que todas as gerações a proclamarão “bem-aventurada” por se ter rendido totalmente à Palavra que compromete a sua fé e a sua vida.
Por outro lado, já noutra ocasião, Jesus aproveitara o facto de sua mãe e os seus parentes terem ido à procura d´Ele para proclamar que sua mãe e seus irmãos são aqueles «que escutam a palavra de Deus e a vivem» (cf. Lc 8, 19-21). Esta é, portanto, a identidade profunda de Maria que também a nós é proposta. Escutar a palavra de Jesus, que é o Verbo, a substancial palavra do Deus vivo, é o segredo para ser bem-aventurado.
Meditatio
«Felizes as entranhas que te trouxeram e os
seios que te amamentaram!» (v. 27b ), gritou uma mulher, do meio da multidão,
para Jesus. «Ele, porém, retorquiu: «Felizes, antes, os que escutam a Palavra
de Deus e a põem em prática». (v. 28). À primeira vista, Jesus parece recusar o
elogio de sua Mãe. Na verdade, proclama a bem-aventurança que Lhe vem da escuta
da Palavra e da sua vida de fé. E isto é muito mais importante que os laços de
sangue que Os unem. Para Maria, foi uma enorme alegria ser Mãe do Salvador. Mas
a condição de serva, que sabe escutar e guardar a Palavra, provoca n´Ela uma
felicidade maior. Para acolher os projectos de Deus, Maria até renunciou duas
vezes à maternidade. A primeira, quando do anúncio do Anjo; a segunda, no
Calvário, quando aceitou o sacrifício do Filho. Ao pedir-Lhe estes sacrifícios,
Deus deu-lhe muito mais: uniu-a a Si, revelou-lhe os seus projectos e fez d´Ela
colaboradora desses mesmos projectos, num grau muitíssimo elevado.
Em todos os chamamentos de Deus há diversos aspectos. Mas é importante apegar-se ao mais autêntico. O mesmo acontece nas diversas situações, em que podemos descobrir vantagens humanas e vantagens espirituais. Corremos o risco de nos apegarmos aos aspectos humanos e de ficarmos em crise quando eles nos faltam. Se, pelo contrário, nos fixarmos no aspecto mais profundo, estamos defendidos de certas crises, porque, se for necessário fazer alguns sacrifícios, sabemos que não se altera a nossa relação com Deus, a nossa vida de intimidade com Ele. Há pessoas que justamente se sentem felizes por viver perto de um determinado santuário, neste ou naquela situação privilegiada, a exercer este ou aquele cargo na Igreja. Mas, mais importante que isso, é a relação que mantêm com Deus. Se assim pensarem e viverem, aceitarão tranquilamente as mudanças que as circunstâncias ou a obediência lhes impuserem. Saberão apegar-se ao essencial, a sua relação com Deus, e não ao secundário, o lugar onde vivem, a situação em que vivem o cargo ou a missão que exercem. A bem-aventurança das “entranhas e do seio” é, sem dúvida grande; mas a “bem-aventurança da fé” é ainda maior: «Bem-aventurados, antes, os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28). É essa bem-aventurança mais preciosa que somos chamados a descobrir em Maria: «Bem-aventurada aquela que acreditou» (Lc 1, 45) e meditou a fundo no mistério do seu filho, Jesus. «Maria... guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração» (Lc 2, 19; 2, 51).
Em todos os chamamentos de Deus há diversos aspectos. Mas é importante apegar-se ao mais autêntico. O mesmo acontece nas diversas situações, em que podemos descobrir vantagens humanas e vantagens espirituais. Corremos o risco de nos apegarmos aos aspectos humanos e de ficarmos em crise quando eles nos faltam. Se, pelo contrário, nos fixarmos no aspecto mais profundo, estamos defendidos de certas crises, porque, se for necessário fazer alguns sacrifícios, sabemos que não se altera a nossa relação com Deus, a nossa vida de intimidade com Ele. Há pessoas que justamente se sentem felizes por viver perto de um determinado santuário, neste ou naquela situação privilegiada, a exercer este ou aquele cargo na Igreja. Mas, mais importante que isso, é a relação que mantêm com Deus. Se assim pensarem e viverem, aceitarão tranquilamente as mudanças que as circunstâncias ou a obediência lhes impuserem. Saberão apegar-se ao essencial, a sua relação com Deus, e não ao secundário, o lugar onde vivem, a situação em que vivem o cargo ou a missão que exercem. A bem-aventurança das “entranhas e do seio” é, sem dúvida grande; mas a “bem-aventurança da fé” é ainda maior: «Bem-aventurados, antes, os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28). É essa bem-aventurança mais preciosa que somos chamados a descobrir em Maria: «Bem-aventurada aquela que acreditou» (Lc 1, 45) e meditou a fundo no mistério do seu filho, Jesus. «Maria... guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração» (Lc 2, 19; 2, 51).
Oratio
Senhor Jesus, Tu disseste: «Bem-aventurados os
que escutam a palavra de Deus e a põem em prática». Bem-aventurados, porque
essa Palavra nos revela o teu mistério, o projecto de amor do Pai, a sua
vontade, e nos alimenta a alma como alimentou a tua durante a vida terrena que
partilhaste connosco. Dá-me a graça de permanecer apegado ao que, na verdade, é
essencial, para ser livre de oferecer com alegria ao Pai o sacrifício de tudo
quanto me queira pedir. Amen.
Contemplatio
Ecce ancilla Domini, regra de vida de Maria. O
abandono a Deus e à vontade divina é também a regra de vida de Maria e nós
vemo-la na perturbação e na dúvida fixar-se nesta disposição: «Eis a serva do
Senhor, que me seja feito como quereis». Estas palavras exprimem o abandono, a
docilidade à graça, a conformidade à vontade divina, o sacrifício e a imolação.
Com esta resposta, com o seu consentimento, Maria aceitava a dignidade e a
honra da maternidade divina, mas ao mesmo tempo também os sofrimentos, os
sacrifícios que lhe estavam ligados. Declarava-se pronta a cumprir a vontade de
Deus em tudo como sua serva. Era como um voto de vítima e de abandono. Esta
disposição é a mais perfeita, é a fonte dos maiores méritos e das melhores
graças. Maria proclamou-o mesmo no seu Magnificat: A minha alma louva o Senhor,
porque olhou com favor a humildade da sua serva. – Deus encontrou muita alegria
nesta disposição de Maria. Ela acrescentava: Todas as gerações me hão-de
proclamar bem-aventurada. Durante a sua vida mortal, poucas pessoas a
proclamaram bem-aventurada, excepto Isabel e aquela mulher que ergueu a voz no
meio do povo, e à qual Jesus respondeu: Bem-aventurados são aqueles que escutam
a minha palavra e que a praticam. A felicidade de Maria durante a sua vida
mortal era o sacrifício com Jesus, por Jesus e pelas almas. Ela não era, como o
seu Filho, senão um objecto de desprezo, de humilhação e de ignomínia da parte
dos inimigos de Deus. Para aqueles que estavam bem dispostos, era um objecto de
compaixão e de piedade. O ecce Ancilla era a disposição do seu coração em todos
os sacrifícios que teve de fazer: quando da Apresentação no Templo, quando
ofereceu o seu Filho em sacrifício e escutou a profecia do velho Simeão; na
fuga para o Egipto e assim por diante, em todas as ocasiões, até debaixo da
cruz do seu Filho moribundo. Do mesmo modo para o resto da sua vida, consentiu
em ser a mãe da Igreja nova fundada no sangue do seu Filho. A sua graça e os
seus méritos aumentavam sempre pela sua fiel cooperação, pela sua pureza, pelo
santo e perfeito amor com o qual cumpria a missão que se tornara a sua. (Leão
Dehon, OSP 3, p.328s.)
Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
«Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28).
«Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28).
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