08/10/2015
Tempo Comum -
Anos Ímpares - XXVII Semana - Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: Malaquias 3, 13-20a
Tendes pronunciado palavras ofensivas contra
mim - diz o Senhor. E, contudo, perguntais: ‘Que temos nós dito contra ti?’ 14E
ainda vos interrogais: ‘De que vale servir a Deus? Que lucrámos em ter
observado os seus preceitos e em ter andado de luto diante do Senhor do
universo? 15E agora temos de chamar ditosos aos arrogantes, pois eles fazem o
mal e prosperam; põem Deus à prova e ficam impunes’. 16Assim falavam uns com os
outros, aqueles que temem o Senhor. Mas o Senhor ouviu atento. Na sua presença
foi escrito um livro de memórias: ‘Dos que temem o Senhor e prezam o seu nome.’
17Eles serão meus, no dia em que Eu agir - diz o Senhor do universo. Terei compaixão
deles, como um pai se compadece do filho que o serve. 18Então vereis de novo a
diferença entre o justo e o ímpio, entre quem serve a Deus e quem não o serve.
19Pois, eis que vem um dia abrasador como uma fornalha. Todos os soberbos e
todos os que cometem a iniquidade serão como a palha; este dia que vai chegar
queimá-los-á - diz o Senhor do universo - e nada ficará deles: nem raiz, nem
ramos. 20Mas, para vós que respeitais o meu nome, brilhará o sol de justiça,
trazendo a cura nos seus raios.
É com esta disputa, entre Deus e o seu povo,
que termina o livro de Malaquias, nome que significa «o meu mensageiro». O
povo, com presunção e arrogância, acusa o Senhor, perguntando: «Que temos nós
dito contra ti?» (v. 13). E Deus riposta: «E ainda vos interrogais: ‘De que
vale servir a Deus? Que lucrámos em ter observado os seus preceitos e em ter
andado de luto diante do Senhor do universo?» (v. 14). É a eterna interrogação
do homem sobre as razões das dificuldades dos justos e sobre as razões da
prosperidade daqueles que vivem sem grandes preocupações morais. Deus responde
que o nome dos justos está escrito no livro da vida, que eles são “propriedade”
sua, sua herança. Sobre eles recairão, como orvalho matutino, as complacências
divinas. Quando? Não certamente no momento em que as esperamos, mas «no dia em
que Eu agir» (v. 17). No dia do Senhor, há-de manifestar-se a Sua justiça, no
meio de todas as injustiças humanas. Será um dia tétrico, aterrador, um dia de
purificação. O próprio Deus virá como fogo «abrasador como uma fornalha» (v.
19). «Os soberbos e todos os que cometem a iniquidade serão como a palha» (v.
19). Estas expressões não hão-de ser entendidas como referências ao inferno. Na
altura em que foram escritas ainda não havia ideias sobre a vida além-túmulo. O
prémio e o castigo ainda eram vistos numa perspectiva muito terrena. Mas,
depois do «dia do Senhor», dia terrível, em que Deus irá agir, outro dia
despontará
Evangelho: Lucas 11, 5-13
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 5«Se algum de vós tiver um amigo e for ter com ele a meio da noite
e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6pois um amigo meu chegou agora de
viagem e não tenho nada para lhe oferecer’, 7e se ele lhe responder lá de
dentro: ‘Não me incomodes, a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos
deitados; não posso levantar-me para tos dar’. 8Eu vos digo: embora não se
levante para lhos dar por ser seu amigo, ao menos, levantar-se-á, devido à
impertinência dele, e dar-lhe-á tudo quanto precisar.» 9«Digo-vos, pois: Pedi e
ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; 10porque todo
aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á.
11Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 12Ou, se lhe pedir um ovo,
lhe dará um escorpião? 13Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos
vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho
pedem!»
Depois de nos transmitir o «Pai nosso», a oração
de Jesus, Lucas dá-nos alguns ensinamentos sobre a atitude interior com que
havemos de nos dirigir a Deus, que é Pai e amigo do homem. Fá-lo com duas
parábolas: a primeira é a do amigo importuno que, no meio da noite, vai pedir
pão a outro amigo. A nota principal é a insistência de quem sabe bater ao
coração (mais do que à porta) de um amigo, e a confiança em obter o que pede.
A segunda parábola usa coloridas imagens (peixe/serpente, ovo/escorpião) para aprofundar o conceito de «pai». O peixe, tal como o pão, é símbolo de Cristo; a serpente evoca o inimigo por excelência do homem (cf. Gn 3). O ovo é símbolo da vida, enquanto o escorpião, que tem veneno na cauda, simboliza a morte.
Os verbos fortemente correlativos entre eles (pedir/obter, procurar/achar, bater/abrir) ensinam-nos que a oração nunca é perda de tempo, ou desafio a um deus longínquo e surdo. A oração tem sempre resposta positiva. Mas precisa de ser perseverante (cf. Lc 18, 1).
A interrogação de Jesus, depois da segunda parábola, interpela fortemente a nossa sensibilidade. Sabemos que, por natureza, não somos bons. Mas o instinto paterno é tão forte que leva a corresponder positivamente aos pedidos dos filhos, dando-lhes o que é bom. O Espírito Santo é o Dom por excelência, que jamais será negado a quem O pedir.
A segunda parábola usa coloridas imagens (peixe/serpente, ovo/escorpião) para aprofundar o conceito de «pai». O peixe, tal como o pão, é símbolo de Cristo; a serpente evoca o inimigo por excelência do homem (cf. Gn 3). O ovo é símbolo da vida, enquanto o escorpião, que tem veneno na cauda, simboliza a morte.
Os verbos fortemente correlativos entre eles (pedir/obter, procurar/achar, bater/abrir) ensinam-nos que a oração nunca é perda de tempo, ou desafio a um deus longínquo e surdo. A oração tem sempre resposta positiva. Mas precisa de ser perseverante (cf. Lc 18, 1).
A interrogação de Jesus, depois da segunda parábola, interpela fortemente a nossa sensibilidade. Sabemos que, por natureza, não somos bons. Mas o instinto paterno é tão forte que leva a corresponder positivamente aos pedidos dos filhos, dando-lhes o que é bom. O Espírito Santo é o Dom por excelência, que jamais será negado a quem O pedir.
Meditatio
As leituras de hoje iluminam as dúvidas
daqueles que, como os antigos hebreus, continuam a interrogar-se: «‘De que vale
servir a Deus? Que lucrámos em ter observado os seus preceitos e em ter andado
de luto diante do Senhor do universo? 15E agora temos de chamar ditosos aos
arrogantes, pois eles fazem o mal e prosperam; põem Deus à prova e ficam
impunes’» (vv. 14s.). Que ganhamos em fazer o bem e em rezar? Afinal, parece
que nada muda, que tudo continua como antes. Ainda por cima sentimo-nos olhados
com ironia por tantos que acham essas actividades pura perda de tempo. O Novo
Testamento, mais do que o Antigo, traz-nos respostas a essas dúvidas. Os
cristãos sabem que Deus é Pai. Ora um pai, como ensina Jesus no evangelho de hoje,
dá bom alimento ao seu filho: «Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe
pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma
serpente? 12Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, que
sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu
dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!» (vv. 11-13). Há, pois, que
aproximar-se do nosso Pai do céu com a simplicidade e a insistência das
crianças. E tudo alcançaremos d´Ele! A última palavra de Jesus, «quanto mais o
Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!», introduz no círculo
fechado das nossas preocupações horizontais a linha recta que nos faz erguer o
olhar, dá sentido, sustenta a coragem para continuar, ilumina com a própria
beleza de Deus a fidelidade de cada dia. Com o Espírito Santo tudo é
transformado e tornado possível. É possível convencer-nos de que é bom fazer o
bem. É possível ultrapassar o sentido de inutilidade, sabendo que nada se
perde. É possível sentir o gosto de invocar a Deus como Pai. É possível
enfrentar as provações da vida humana, e da própria vida cristã. É possível não
se fixar em resultados imediatos, na aprovação dos outros, mas confiar em Deus
que tudo orienta para o bem. É possível orar sem se cansar, porque é assim que
o Espírito vem a nós, trazendo o Reino e conduzindo-nos ao Reino.
Peçamos, pois a Jesus que nos obtenha do Pai o dom do Espírito Santo, e agradeçamos-Lhe por nos ter aberto um horizonte tão luminoso, pois nos ter dado a possibilidade de ir a Deus como a um Pai que nos ama e nos quer dar tudo.
Peçamos, pois a Jesus que nos obtenha do Pai o dom do Espírito Santo, e agradeçamos-Lhe por nos ter aberto um horizonte tão luminoso, pois nos ter dado a possibilidade de ir a Deus como a um Pai que nos ama e nos quer dar tudo.
Oratio
Vem Espírito Santo! Enche o meu coração de fé
e de confiança; mostra-me a verdade, para que não me deixe enganar pelas
aparências; abre os meus olhos ao bem que tantos irmãos e irmãs vão fazendo silenciosamente
neste mundo, tantas vezes dominado pelo barulho e pela prepotência de uns
tantos; faz-me saborear a tua presença e alegrar-me com ela; mantém vivo em mim
o desejo da vida eterna, na esperança do dia do Senhor; acende no meu coração o
desejo de conhecer, amar e servir o Pai. Amen.
Contemplatio
É um laço de amizade e de doce intimidade. É a
fonte de toda a alegria pura e verdadeira: Disse-vos isto para que a minha
alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É a fonte de vida, como
a seiva para as árvores e torna-nos fecundos em frutos de salvação. Esta união
abre-nos o Coração de Jesus e dispõe-o para nos conceder tudo o que lhe
pedirmos: Pedi o que quiserdes e vos será dado. Atrai sobre nós graças de
salvação e de bênção sobre os nossos trabalhos. Podemos conceber algo mais
desejável do que esta união, do que este amor? Mas Nosso Senhor mesmo deseja
dar-nos este amor, tem sede dos nossos corações, bate à nossa porta. Não o
façamos esperar. Fez tudo para obter de nós um amor terno e solícito. Poderia
encontrar no nosso amor uma compensação pela ingratidão e pela indiferença de
muitas almas, disponhamo-nos então para recebermos plenamente o dom do seu
amor. (Leão Dehon, OSP 3, p. 590s.).
Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
«Mandai, Senhor, o vosso Espírito» (cf. Sl 104, 30)
«Mandai, Senhor, o vosso Espírito» (cf. Sl 104, 30)
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