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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A adoração deste povo é inútil-Alexandre Soledade

10 - Fevereiro-- Terça - Evangelho - Mc 7,1-13


Bom dia!
Quantas vezes já li esse evangelho, mas como é interessante vê-lo ser novo todo dia.
Comentava eu, com algumas pessoas esses dias, sobre a quantidade de justificações que damos e temos dado sem ninguém ter pedido. Parece estranho, mas é uma coisa importante a ser observada hoje.
Um irmão exclama: “você andou sumido”! Reparemos que não é uma pergunta que ele nos fez, mas rapidamente a justificamos: “Sim! Mas foi por causa disso e disso”… A justificativa parece brotar como um meio natural de se defender do que achamos que pensarão ou falarão de nós, mas viver se justificando pode parecer que somos inseguros, imaturos ou neuróticos.
Um segundo exemplo: recebendo uma crítica construtiva!
Esse mesmo irmão diz que ficou perfeito o que fizemos, mas deixamos passar despercebido um ou outro detalhe, que no fim, ninguém viu ou reparou. Nossa percepção imatura, insegura ou neurótica, esquece o elogio recebido primeiro passando a se defender do pequeno erro visto, pois é inadmissível que haja algo a melhorar. O padre, o pregador, o músico que não aceita um comentário relevante sobre seu trabalho; o chefe que se abraça ao orgulho para não reconhecer uma falha; uma mãe ou pai que descarrega o cansaço do dia nos filhos e mesmo assim orgulhosos não pede desculpas; o funcionário que se esqueceu de fazer uma tarefa; o troco dado errado; a trombada dentro do ônibus lotado; a batida por desatenção no trânsito… “(…) Deus disse: Este povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim. A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem mandamentos de Deus.”
Jesus não incomodava a ninguém, mas era preciso encontrar defeitos para atacá-lo. As mãos sujas eram a justificativa que precisavam para ocultar de suas mentes os milagres, os prodígios, os ensinamentos. Para o medíocre não é preciso muito para tampar os olhos – um dedo basta. Um dedo era suficiente para ocultar toda a bondade realizada e operada naquele povo. Um grão de areia e suficiente para cegar um cético, um descrente, um invejoso que não precisa de muitos argumentos para difamar, caluniar… Basta um grão chamado QUERER para poder seu cérebro VER APENAS O QUE DESEJA VER.
Os fariseus bordavam ou estampavam em suas vestes as leis que seguiam, mas o que estava escrito nem sempre era seguido. Lembrou-me as pessoas que ainda hoje pegam a Bíblia e como diz padre Zezinho, sorteiam palavras que lhes agradam. Retiram a mensagem que lhes convém ou agrada e que muitas vezes pode agredir aos irmãos. Quem não conhece alguém que parece conhecer a bíblia de “trás pra frente” mas usa suas mensagens apenas para justificar seus atos, inclusive os errados?
Às vezes parece que estamos no caminho certo, mas Deus sempre nos convida a olhar novamente onde já havíamos procurado, lançar novamente as redes onde já havíamos jogado e nos surpreender com o resultado
“(…) subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. Simão respondeu-lhe: Mestre, TRABALHAMOS A NOITE INTEIRA E NADA APANHAMOS; MAS POR CAUSA DE TUA PALAVRA, LANÇAREI A REDE. Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia“. (Lucas 5, 3-6)
Justificar é normal, mas é preciso ter disciplina também quanto a isso. Sejamos mais humildes as correções e mesmos doutores em algum assunto, ousemos a jogar novamente a rede.
Não fechemos nossos olhos facilmente. Limpemos constantemente o que limita nosso olhar.

Um imenso abraço fraterno

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