23 de julho-Quarta-Evangelho
- Mt 13,1-9
Hoje, no Evangelho, Jesus nos apresenta
a parábola do semeador. O semeador saiu a semear e as sementes caíram em
lugares bem diversificados, ou seja, umas caíram sobre pedras, outras sobre
espinhos, outras no caminho, outras os pássaros comeram e somente algumas
caíram em terra fértil, produzindo em abundância seus frutos.
Para que possamos entender esta
parábola, da forma como ela deve ser entendida, sem jamais concebermos a falsa
ilusão de que poderíamos esgotar a compreensão acerca da Palavra de Deus,
devemos nos remeter à compreensão de como se davam as técnicas agrícolas,
quanto ao plantio, na época de Jesus. Isso é muito importante, até mesmo para
entendermos o porquê de as sementes terem caído em tantos lugares adversos, não
adequados ao local próprio de serem depositadas.
Na época de Jesus, a plantação não era
de forma tão técnica, como é hoje, com toda uma tecnologia tão avançada que
temos, como podemos observar. Antigamente, quando alguém queria cultivar a
terra, plantar, ele simplesmente começava a lavrar toda a terra que possuía, ou
seja, toda a sua propriedade; ele lavrava em torno da sua casa, onde existia um
caminho para que ele pudesse transitar, ao lado das pedras e dos espinhos, ele
também lavrava.
Na hora de depositar as sementes na
terra, ele não as colocava de forma organizada, organização esta que nós temos
e compreendemos hoje, ou seja, colocar a semente somente onde é o local do plantio,
dentro da terra, de forma alinhada e bem planejada para a facilitação da
colheita, posteriormente. Não, o pai de família, dono das terras, simplesmente
tomava um saco de sementes – pois sempre as tinham em abundância e saia a
jogá-las por todos os cantos, independentemente se estas viessem a cair em
local destinado e apropriado para a plantação ou não.
Desta forma nos fica fácil e claro
entender por que sementes caíram em meio às pedras – as sementes eram lançadas
também aí. As sementes caíram em meio a espinhos – o plantador lançava semente
sem se preocupar se viessem a cair no meio dessas ervas daninhas. Algumas
sementes foram comidas pelos pássaros – sim, pois como ficavam sobre a terra e
não sob a terra, de forma que, com muita facilidade, essas aves vinham e comiam
muitas destas [sementes]. Outras caíram sobre a estrada – depois de lavrar e
terra e as sementes serem jogadas sobre ela, a família, para sair de sua
propriedade, passava em meio à plantação estabelecendo ali uma estrada,
independentemente de ali ter sido lavrado e terem sido postas as sementes.
Vejamos, as sementes caíram em quatro
lugares totalmente infrutíferos: nos espinhos, nas pedras, nas estradas e em
lugar que pássaros as comeram. Somente em um lugar elas frutificaram – quando caíram
na terra boa.
Matematicamente falando, é ilógico
conceber um investimento desse, pois a perda é quatro por um, ou seja, de cinco
sementes lançadas, quatro se perdiam. Absurdo, humanamente falando. É neste
contexto que Jesus lança esta parábola. O Senhor sabe como funciona este tipo
de plantio e é dali que Ele nos lança esta parábola, pois quer nos ensinar algo
fundamental em nossa vida de santificação: a perseverança.
Meus irmãos e irmãs, na vida é a mesma
coisa. Quantas e quantas vezes nós anunciamos a Palavra de Deus e procuramos
ensinar as pessoas pelas quais somos responsáveis? Quantas e quantas vezes
pais, mães, educadores falam a mesma coisa para cada um de nós? Quantas vezes
Jesus nos ensina o mesmo caminho para chegarmos à santidade por meio de Sua
Palavra? No entanto, custamos a entender. Na vida, nós lançamos, lançamos e
lançamos a semente, muitas vezes, pensando se vai dar frutos ou não. Não temos
de nos preocupar com os frutos, mas sim, em lançar a semente com perseverança,
pois na hora em que a semente pegar na terra e der seus frutos dará em tamanha
abundância que compensará tudo.
Ou seja, perseveremos no caminho de
santificação, lançando a cada dia a semente que somos chamados a lançar na vida
das pessoas e entendamos que quem faz dar frutos não é quem planta, ou seja, a
pessoa, mas terra que recebe esta semente. Para dizer que a nós cabe plantar;
quem vai fazer dar frutos é a graça de Deus mediante nosso esforço e
perseverança.
Padre Pacheco
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