Padre Antonio Queiroz
No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra essa geração.
Este Evangelho começa dizendo que alguns mestres da Lei e fariseus
pediram a Jesus um sinal, uma prova de que ele era o enviado de Deus, o
Messias. Jesus lhes responde dizendo claro: “Uma geração má e adúltera busca um
sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas”.
E Jesus mesmo explica em que consiste o sinal de Jonas: “Assim como
Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho
do Homem estará três dias e três noite no seio da terra”. Trata-se, portanto,
da ressurreição de Jesus, a prova maior de que ele é o enviado de Deus.
Jonas, como sabemos, foi atirado no mar, em seguida uma baleia o
engoliu, e três dias depois a baleia o vomitou vivo na praia (Cf Jn
1,15.2,1-11). Os habitantes de Nínive, que até aquele momento não queriam
ouvi-lo, ficaram assustados e a cidade em peso de converteu (Cf Jn 3,5-9).
A ressurreição de Jesus, três dias após ser enterrado, foi um portento
parecido. Mas foi também uma prova da radicalização da incredulidade dos
judeus, pois mataram o Filho de Deus!
De fato, não tinha cabimento pedir sinal a Jesus, pois ele fazia
milagres todos os dias. Só quem era cego não via. Acontece que a nossa fé é
proporcional à nossa fidelidade. Quem não segue os mandamentos de Deus, fica
como que cego e acaba perdendo a fé. Quanta gente deixa a Igreja, inventando
mil motivos, mas no fundo é porque entrou numa situação permanente de pecado!
Jesus lembra também o exemplo bonito da Rainha de Sabá: Ao ficar sabendo
da sabedoria de Salomão, ela veio de tão longe para ouvi-lo
(Cf 1Rs 10,1-10). E Jesus, muito maior que Salomão, estava ali no meio
daquele povo, e não o escutavam! Por isso, “no dia do julgamento, a rainha do
Sul se levantará contra essa geração e a condenará”.
“Uma geração má e adúltera busca um sinal.” Geração má porque praticavam
obras más. Adúltera porque traíram a aliança com Deus, que na Bíblia é
comparada com o matrimônio. Esses procedimentos – maldade e adultério –
endurecem o nosso coração para o amor a Deus e ao próximo, e nos levam a perder
a fé.
A “geração má e adúltera” torna-se presa fácil das seitas. Se a nossa
vida prática não segue o que acreditamos, passamos a acreditar naquilo que
combina com a nossa vida prática. É a necessidade que temos de coerência entre
as várias dimensões da nossa pessoa: intelectual, física, espiritual...
Logo que Jesus morreu, o centurião disse: “Este era verdadeiramente
Filho de Deus!” (Mt 27,54). “Era” porque já está morto, e não mais será“uma
brasa na nossa cabeça”. Que nós não cheguemos a esse ponto, de só “acordar”
depois que cometemos um pecado grande, como foi este de matar o Filho de Deus!
Que o bom Deus arranque o nosso coração de pedra e coloque no lugar um coração
de carne, mais sensível aos sinais que ele nos manda.
A nossa desobediência a Deus começa com pequenas infidelidades. Se não
as combatemos, elas vão crescendo e, de repente, caímos num pecado grande, sem
às vezes nem perceber, como as autoridades do País de Jesus, que o mataram sem
nem perceber o pecado que faziam.
“Josué disse ao povo: Não podeis servir ao Senhor, pois ele é um Deus
santo, um Deus ciumento, que não suportará vossas transgressões e pecados” (Js
24,19).
“Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me
ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14,21).
Deus se manifesta a quem observa os seus mandamentos. Por outro lado, Deus
esconde o seu rosto de quem lhe desobedece.
“Assim como o corpo sem o espírito é morto, assim também a fé, sem a
prática, é morta” (Tg 2,26). Uma fé sem boas obras vai definhando, e acaba
desaparecendo.
Maria Santíssima foi sempre obediente aos mandamentos de Deus. Por isso
sua fé era grande. “Bem-aventurada aquela que acreditou!”
No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra essa geração.
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