No Evangelho de hoje, Jesus nos faz um maravilhoso convite: para nos
aproximarmos dele quando estivermos cansados ou desanimados. Ele nos
confortará, prometeu. Jesus é um amigo de todas as horas, mas especialmente das
nossas horas mais difíceis. Um amigo que quer ajudar, e pode porque é Deus.
“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.” Como que é uma
pessoa mansa e humilde: é pacífica, acolhedora, paciente, compreensiva, alegre
e serviçal. As pessoas não precisam se preparar para se aproximar delas, porque
sabem que sempre serão bem acolhidas e compreendidas. As crianças são as
primeiras a conhecerem essas pessoas, e logo as procuram.
Por outro lado, há pessoas que são de difícil relacionamento. Você
ensaia, ensaia, para falar algo com elas, e mesmo assim se dá mal às vezes.
“O meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Quando estamos cansados de
carregar o pesado jugo do mundo, Jesus nos convida a nos aproximarmos dele.
Além de suave, o seu jugo nos leva para o céu. Alias, o Evangelho nem é jugo,
nós é que temos essa impressão, devido à nossa inclinação ao pecado.
“O Senhor corrige a quem ama e castiga a quem aceita como filho” (Hb
12,4). “Eu repreendo e educo aos que amo” (Ap 3,10). É justamente o amor que
Deus tem por nós que o leva a nos impor o seu suave jugo.
E Jesus não mudou este seu comportamento, mesmo nas suas horas mais
difíceis, que foram a condenação e a morte. “Jesus, tendo amado os seus que
estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).
“Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e assumiu os nossos
sofrimentos. Foi castigado por nossos crimes. Nós fomos curados, graças aos
seus padecimentos. O justo justificou a muitos” (Is 53,4). A nossa salvação foi
o principal gesto de amor de Jesus.
“Cristo morreu pelos pecadores, o justo pelos injustos, a fim de os
conduzir a Deus” (1Pd 3,18). Amar quem é bom, até que não é muito difícil. Mas
amar um inimigo e um injusto é difícil. Jesus nos amou quando éramos ruins, e
este seu amor nos tornou bons.
E ele nos pede para imitá-lo: “Irmãos, tende em vós os mesmos
sentimentos de Cristo Jesus que, sendo rico se fez pobre por amor de vós!” (Fl
2,5). “Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao
vosso.” Queremos imitar o Senhor, tendo a virtude da benignidade, que é o amor
às pessoas fracas, que cometem erros ou que nos ofendem.
Ninguém é totalmente ruim, nem totalmente bom. Só do demônio é
totalmente ruim, e só Deus é totalmente bom. Mas a nossa benignidade para com
os ruins é um forte convite a se tornarem melhores. E assim o mundo vai
melhorando ao nosso redor.
Certa vez, uma moça da roça foi para a cidade grande estudar. Lá começou
a andar com más companhias e a sua cabeça começou a mudar. Não era mais aquela
jovem de olhos brilhantes e sorriso estampado no rosto, como antes.
Os pais perceberam tudo e começaram a escrever freqüentemente a ela.
Eram cartas com palavras de carinho e orientação. A menina foi guardando as
cartas, mas estava difícil deixar o mau caminho.
Preocupados, os pais pediram ao filho mais velho, ainda solteiro, que
fosse morar com ela. Ela deixou a república onde morava e os dois foram morar
num pequeno apartamento.
Com a ajuda do irmão, a jovem logo abandonou as más companhias e
recuperou a felicidade. Alguns colegas do grupo de jovens da paróquia começaram
a freqüentar o apartamento, aprofundando uma amizade saudável e gostosa. E os
pais continuaram escrevendo cartas, pois naquele tempo o telefone era difícil.
Quando terminou a faculdade, na festa de formatura, aquela moça fez uma
surpresa para seus pais. Entregou a eles um belo álbum, onde estavam todas as
cartas que eles lhe tinham escrito durante o curso. Ao lhes entregar o
presente, ela lhes disse emocionada: “Aqui está o meu caminho”.
Deus também não nos abandona, quando erramos. Ele mandou para a
humanidade pecadora inúmeras cartas, que são os livros da Bíblia. Depois nos
mandou seu próprio Filho, que veio morar conosco. E ele nos convida: Vinde a
mim!
O fardo imposto pelo amor e acolhido com amor, não pesa. A mãe não vê
como peso o seu trabalho, que começa de manhã e termina à noite. Que Maria
Santíssima nos aproxime mais do seu Filho, para carregar o seu suave jugo.
Vinde a mim todos vós que estais cansados.
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