XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
03/08/2014
1ª Leitura Isaias 55, 1-3
Salmo 144 (145), 16 “Basta
abrirdes as mãos, para saciardes com benevolência todos os seres”
2ª Leitura Romanos 8, 35.37
-39
Evangelho Mateus 14, 13-212
"CINCO PÃES E DOIS
PEIXINHOS..."
Confesso que quando reflito
este evangelho conhecido como da multiplicação dos pães, fico intrigado com
algo bem simples: o milagre poderia ser muito mais espetacular, se Jesus
tivesse mandado as pessoas sentarem-se em grupos, e depois, ao fazer o ritual
da benção, os pães e os peixinhos, aparecessem como em um passe de mágica, na
mão das pessoas, surgindo do nada. Mas neste milagre há uma palavra chave, de
significado muito profundo, trata-se do milagre da multiplicação... Deus criou
tudo do nada, diz o livro do Gênesis, mas quando se trata do pão, ele faz
questão de multiplicar.
Alguém cedeu o seu lanche,
fazendo parceria com Jesus, no ato prodigioso! Mateus nos dá a entender que
esse alimento pertencia aos próprios discípulos “Só temos aqui, cinco pães e
dois peixes”. A fome da multidão é muito maior do aquilo que podemos dar, será
sempre assim, o que temos para dar é muito pouco, para resolver o problema da
família, da comunidade, os problemas sociais, a violência, as drogas, o desamparo
aos idosos, as crianças pobres, as tristezas do outro, a depressão do irmão,
suas angústias e desgraças, doenças e mortes, a idade avançada, diante de tudo
isso, a gente até se comove, mas justificamos com aquele pensamento tão
nefasto: Sinto muito, nada posso fazer!
Por que dizemos isso, em
tantas situações da nossa vida, diante de um irmão que sofre, que chora, que se
desespera? Porque não confiamos no que temos, por acharmos muito pouco, vamos
ter de nos separar, vou ter de abortar, vou ter de me omitir, vou ter que ficar
quieto, nos sentimos impotentes, sem força alguma para mudar a situação, se
tivéssemos muito, se tivéssemos poder, se fôssemos respeitados, se estivéssemos
no comando, se fossemos ricos, ah! Tudo seria diferente... Daríamos um jeito nessa
situação, resolvendo o problema.
Mas, como nada somos ,e
ainda temos tão pouco, é melhor ficar no velho e conhecido “cada um por si,
Deus por todos”, queremos sempre despedir as pessoas para que cada uma se vire
do seu jeito. É o comodismo e o egoísmo, que domina este mundo da nossa
modernidade onde o espírito consumista afirma que, somente quem tem muito,
consome muito, pode realizar sonhos e projetos de vida. Jesus desmonta este
esquema mesquinho e centralizador, que concentra a riqueza material, nas mãos
de uma minoria.
Dai-lhes vós mesmos de
comer, eles não precisam ir embora! Após a oração de graças e a benção, começa
a ocorrer o milagre: os discípulos começam a distribuir aquele pouco que têm,
às multidões. Nos projetos e empreendimentos humanos, quem mais tem é que
decide o que fazer só quem tem muito, poderá fazer grandes coisas, no projeto
de Jesus a palavra de ordem é partilhar, mesmo que seja o pouco, acreditando
que esse pouco, para o próximo vai ser muito.
O milagre, portanto, não
está na quantia de pães e peixes, mas no gesto de partilhar, acreditando que
naquele momento, o pouco que eu posso dar ou fazer, é exatamente tudo o que o
meu próximo precisa. Nesse sentido, os cinco pães e dois peixinhos desse
evangelho, pode ser um simples sorriso, dado a quem está triste, um abraço, um
beijo ou um aperto de mão, em quem está sofrendo alguma dor, uma mão no ombro
de quem está desanimado, uma palavrinha de consolo a quem chora, uma palavra de
coragem a quem perdeu a vontade de viver. E pronto, está feito o milagre!
“Você não sabe como foi
importante para mim, a sua presença, o seu gesto, naquela hora!” Todos nós já
escutamos esta frase, entretanto o que demos ou fizemos foi tão pouco e parecia
tão insignificante. Chegamos ao ponto chave da reflexão, quando acreditarmos na
força do nosso “pouco“, iremos conseguir mudanças prodigiosas na família, na
comunidade e na sociedade, mas não precisa ficar cobrando para que o outro faça
a sua parte, um gesto de partilha já é por si suficiente, para promover grandes
mudanças, para transformar a miséria em fartura, pois quando dizemos – eu já
fiz a minha parte, espero que cada um faça a sua, estamos nos colocando acima
das outras pessoas e, portanto no direito de cobrar, e se seguíssemos essas
lógica, ditada pelo orgulho e a prepotência, estaríamos perdidos diante de
Jesus, que nos ama sempre com um amor sem medidas, sem nunca nos cobrar.
Dos pedaços que sobraram
encheram-se doze cestos, e a multidão ficou saciada, o projeto de Jesus de
Nazaré parecia tão pouco e ridículo diante da grandeza do Messianismo, sonhado
e esperado pelos seus compatriotas, entretanto, a graça que nasceu da Salvação,
libertou não só a Israel, mas a todas as nações da terra. Há alguém faminto ao
seu lado, de uma fome que vai bem além do estomago vazio, ofereça o seu
“pouquinho” com alegria, e creia nesse milagre!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mailcruzsm@uol.com.br
Que Deus te abençoe Diácono José, o Espirito Santo te abençoou muito nessas poucas palavras, mais muito proveitosas para nós leigos e MESCs.
ResponderExcluirFique com Deus.
Thiago Pereira - Araruama - RJ
Que Deus te abençoe Diácono José, o Espirito Santo te abençoou muito nessas poucas palavras, mais muito proveitosas para nós leigos e MESCs.
ResponderExcluirFique com Deus.
Thiago Pereira - Araruama - RJ