01 de Agosto
Os conterrâneos de Jesus O tinham visto partir como filho de
carpinteiro, e agora O reencontram como Mestre, rodeado de discípulos. É uma
novidade que interpretam somente como vantagem social. Isso os impede de
acolherem a Palavra de Deus e a explicação das Escrituras e a Sua revelação
como o Ungido de Deus. Vista a posição de Jesus neste prisma cria neles a
impressão de que Jesus partiria acabando por deixá-los outra vez na sua
pobreza.
É
que no tempo de Jesus o judaísmo
tinha suas esperanças na vinda de um messias que restauraria o antigo império
de Davi, glorioso, segundo dizia a tradição. Estas esperanças tinham suas
raízes na teologia de poder elaborada na corte dos descendentes de Davi.
Visavam recuperar seu poder e seus privilégios. Na realidade a realeza,
consolidada, por Davi distorceu o ideal de igualdade e partilha característico
da tradição de Moisés. O projeto de Deus não é o de consolidar as estruturas de
realeza e poder. O projeto de Deus é resgatar e promover a vida entre os pobres
e excluídos, criando laços pessoais e sociais de fraternidade e partilha. Este
projeto nasce no meio do povo. Nasce em uma insignificante cidade da Galiléia,
na casa de um simples carpinteiro, José. Este projeto nasce com a proclamação
de seu filho Jesus de Nazaré. Jesus reconhecidamente tem sabedoria e energia de
comunicação. Mas sua origem humilde choca as pessoas submetidas à ideologia de
poder do judaísmo. Rejeitado por aqueles seduzidos pelo poder, Jesus encontra
acolhida entre os pobres e pequeninos que lutam para se verem livres da
humilhação, da escravidão, das injustiças sociais, das drogas, da prostituição,
da luxuria, da criminalidade, da violência e de todo tipo de pecado. Mas isso,
não se faz sem trabalho. É preciso passar pela escola da humildade, da
simplicidade, da força de vontade. E a melhor escolinha é aquela de José, na
insignifante cidade de Nazaré. Somos convidados a olhar para José, homem justo,
que tirava de seu trabalho na carpitaria o sustento honesto de sua vida.
Lançando nosso olhar para os nossos dias notamos uma grande distância dos
homens entre si. Por causa do avanço da ciência e da técnica. A técnica traz
seus benefícios, mas às vezes não só substitui o trabalhador, mas até o
escravisa ou pior ainda o neutraliza. Para o mundo digital, quem não se
desenvolve no manejo da ciência e da técnico é excluído. A pessoa passa para
segundo plano porque as relações que marcam o mundo do mercado do trabalho são
as da produção, do aumento do lucro, e não a vida e a dignidade da pessoa.
Na última parte do texto de hoje , Jesus nos dá um puxão de orelha.
Porque muitas vezes fechamos os nossos ouvidos para acolher o conselho, a
advertência e o ensino daqueles que não nossos parentes, familiares, vizinhos
ou conhecidos. E por outro encoraja-nos a não desistirmos na nossa missão de
anunciar o reino de Deus seja a que custo for. Jesus nos ensina que a tarefa é
duar. E sobretudo quando se trata de evangelizar a partir de dentro de casa. Para Jesus também não foi fácil ser
profeta na sua casa, na sua família. As pessoas duvidavam dele, não queriam
acreditar no Seu poder e por isso mesmo Ele não fez ali muitos milagres.
Jesus é Aquele irmão que Deus nosso Pai
nos enviou para nos mostrar o caminho que nos leva para o Céu. E então,
precisamos estar atentos para acolher as pessoas que dentro da nossa casa nos
abrem os olhos e são instrumentos de Deus para nossa conversão. Ouvidos atentos
e coração aberto, porque o Senhor fala por meio de quem nós nunca nem
esperávamos que falasse. Muitas vezes Deus nos manda Seus emissários que nos
aconselham com palavras de sabedoria que Ele próprio sugeriu para nós. Porém,
por ser essa pessoa, simplesmente alguém que é muito conhecido nosso, nós
desprezamos as recomendações de Deus. Nesse caso, os milagres também não
acontecem na nossa vida, e muitos problemas nunca serão solucionados por causa
da nossa impertinência.
Abertos ao convite da conversão, do arrependimento e da acolhida ao
Reino dos Ceu, sejamos corajosos no anúncio do Evangelho a começar pelos
nossos. No dia em que comemoramos o Dia Mundial do Trabalho com júbilo e fé
peçamos a Deus o dom da compreensão do Seu Projeto e aprendamos com São José
Operário, o sentido do trabalho para as nossas vidas e famílias e, as virtudes
da justiça, da honestidade, da simplicidade e da humildade. São José Operário,
Rogai por nós.
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