28 de julho-Segunda-Evangelho
- Mt 13,31-35
Mais uma vez Jesus recorre ao uso das parábolas, definidas como história terrestre, possível de acontecer, com sentido celestial. Em várias delas o mestre ora usa os verbos no passado, ora no presente e ora ainda no futuro mas em todos os casos com a mesma finalidade: falar ao fundo do nosso ser, alheios ao que ocorre na superfície da nossa vida ou no fluir dos acontecimentos que nos rodeiam. Dirigidas quer aos eruditos quer aos ignorantes; quer aos modernos quer aos antiquados. As parábolas desafiam a ordem estabelecida, as estruturas sociais e os sistemas de contra valores. Desmascaram a vida injusta cotidiana. São um espelho. Através delas, o ouvinte vê a si próprio como é, e não como pretende ser. Elas forçam o ouvinte a reavaliar as pautas do próprio comportamento, pensamento e emoções. Sacodem-nos, induzindo-nos a reformar-nos e a renovar-nos. Tiram-nos do engano a respeito de nós mesmos e da falta de verdadeiros propósitos. Dizem-nos o que se deve e o que não se deve aceitar. Manifestam a fidelidade definitiva de Deus que é amor e, como tal, resposta para todos os conflitos humanos.
Hoje Mateus nos apresenta duas parábolas
que fazem parte do conjunto de sete presentes no capítulo 13 de seu Evangelho.
A intenção fundamental de Jesus é
salientar a presença pouco percebida do Reino de Deus no mundo, porém real,
efetiva e em processo de crescimento. O grão de mostarda semeado e o fermento
na massa são expressões do Reino de Deus, realmente presente no mundo, na sua
dimensão de humildade e simplicidade. Não como afirmação de poder, com
ostentações de construções, rituais ou roupagens, mas pela transformação dos
corações e das relações pessoais, no amor e na justiça, fundamentos do mundo
novo querido pelo Pai. Em chocante contraste, vemos o país mais rico e poderoso
do mundo que fala em nome da civilização cristã, contudo se destaca pela
idolatria do dinheiro e por sua capacidade destrutiva. Jesus nos desperta para
percebermos a presença do Reino nas multidões dos filhos de Deus, empobrecidos
e excluídos, nas suas adversidades e privações, mas também em suas alegrias e
esperanças, onde o amor, como um fermento na massa, está presente.
Fazendo um resumo diríamos que as duas parábolas
são elaboradas a partir de imagens do ambiente familiar: um homem em seu campo
e uma mulher em sua casa preparando o pão. Na primeira parábola são
relativizadas as esperanças messiânicas de Israel como poderoso centro das
nações, tomando-se como referência o pequeno grão de mostarda plantado por um
camponês. E na segunda, com a mulher que coloca o discreto fermento na massa de
farinha, levedando-a, temos o fermento do amor, que se diferencia do fermento
da hipocrisia dos fariseus, sobre o qual Jesus adverte seus discípulos (Lc
12,1).
Portanto, em ambas, revela-se o Reino de
Deus, realmente presente no mundo, na sua dimensão de humildade e simplicidade.
Não como afirmação de poder, mas pela transformação dos corações e das relações
pessoais, no amor e na justiça, fundamentos da nova sociedade possível.
Pai, livra-me de desprezar os pequeninos
e declará-los. Livra-me, também, do perigo de me subestimar. Faze-me
compreender que o Reino se constrói pela ação dos pequenos.
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