30 de julho-Quarta-Evangelho
- Mt 13,44-46
Com esta parábola da rede lançada ao
mar, Mateus encerra sua coletânea de dez parábolas apresentadas como um
discurso de Jesus. Há bastante semelhança com a explicação da parábola do trigo
e do joio. Esta curta parábola da rede refere-se ao juízo final, conforme a
breve explicação que a segue. Os pescadores que separam os bons dos maus
certamente não são os evangelizadores, mas os anjos, no fim do mundo, sob o
critério de Deus. “Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus
do meio dos justos e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de
dentes.”
Para
aqueles e aquelas que afirmam que o inferno é aqui mesmo, aí está a afirmação
de Jesus. O inferno existe. E se somos cristãos, temos de acreditar nas
palavras de Jesus, e procurar seguir os seus ensinamentos. Ontem Jesus nos falou
da ressurreição, hoje nos fala do inferno e da vida eterna. E tudo isso não foi
inventado pela Igreja como alguns pensam. É o próprio Jesus que nos anuncia. E
a vida eterna ou “reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao
mar, recolhe peixes de toda espécie. Quando está repleta, os pescadores
puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora
o que não presta.”
O nosso futuro está sendo traçado nos
passos que estamos dando agora. Ou seja, o que acontecerá naquele dia do juízo
final, depende do que estamos fazendo ou deixando de fazer neste instante e nos
instantes seguintes da nossa vida. Será muito bom para a nossa alma se fizermos
parte daqueles considerados bons. Por isso vamos fazer o possível e o impossível
para não sermos jogados fora, porque “assim será no fim do mundo: os anjos
virão separar os maus do meio dos justos”
Reparou que esta parábola é bem parecida
com a explicação da parábola do trigo e do joio? Trata-se, portanto, de uma
parábola do gênero escatológico-apocalíptico do judaísmo no tempo de Jesus. É
exclusiva do autor deste Evangelho, e a expressão “choro e ranger de dentes” é
a referência direta ao inferno. A referência final ao escriba pode ser uma
auto-apresentação do evangelista como sendo este escriba que se tornou
discípulo merecedor da vida eterna ou do Reino de Deus.
No reino de Deus, como diz Jesus, as
coisas velhas se confundem com as novas e só um perito espiritual poderá nos
ajudar a fazer o discernimento. Dentro de nós há o velho e o novo, o bom e o
ruim. A “cirurgia plástica” da nossa alma só quem pode realizar é o Espírito
Santo. Deus Pai que é o Oleiro é quem poderá nos ajudar pelo poder do Seu
Espírito a despojar-nos de tudo que é inútil e está apodrecendo dentro de nós.
Só Ele tem o poder de fazer valer em nós, os sentimentos que são oriundos do
Seu coração e nos trazem a felicidade, a concórdia e o amor. Por isso, o reino
de Deus requer de nós paciência e esmero a fim de que, gradualmente, possamos
deixar com que o Senhor nos transforme no modelo que Ele projetou para nós.
Precisamos, então, ter consciência de que antes que chegue o fim dos tempos nós
poderemos nos deixar esclarecer pelo Espírito que há em nós. Reflita – Você tem
buscado o auxílio de Deus para suas dificuldades? – Você percebe as coisas boas
e más que estão dentro do seu coração? – Você acha que Deus tem poder para
transformar você num vaso novo?
Pai, concede-me suficiente realismo para
perceber que teu Reino se constrói em meio a perdas e ganhos, e que só tu podes
garantir o sucesso final.
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