Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.
O Evangelho de hoje tem duas partes: 1) A hostilidade de Herodes
para com Jesus. 2) Palavras duras de Jesus contra Jerusalém.
Jesus estava a caminho para Jerusalém, cujo governador era Herodes,
quando um grupo de fariseus lhe diz: “Tu deves ir embora daqui, porque Herodes
quer te matar”.
Já havia matado João Batista, e agora tenta desfazer-se de Jesus,
intimidando-o, para que se afastasse do seu território. Herodes tinha medo de
os profetas, com a sua influência sobre o povo, desestabilizarem o seu poder e
o seu prestígio.
Mas Jesus é um profeta corajoso. Ele responde: “Ide dizer a essa
raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia
terminarei o meu trabalho... Porque não convém que um profeta morra fora de
Jerusalém”. Foi uma referência à sua ressurreição, três dias após a sua morte.
Ele disse, em outras palavras, que seu compromisso é com Deus Pai e com mais
ninguém, e que não são ameaças que vão mudar o seu trabalho.
“Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.” Por quê?
Porque Jerusalém, no Antigo Testamento sempre foi palco dos grandes
acontecimentos religiosos, partidos tanto da bondade de Deus como da maldade do
povo.
“Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas...” Jesus se refere
à recusa do povo em receber os enviados de Deus. “Eis que vossa casa ficará
abandonada”. É uma referência à destruição de Jerusalém, acontecida anos
depois. São ameaças proféticas que não deixam de ser mais um convite ao povo
para a conversão.
Jesus não procurou a morte, mas também não correu dela. Ele não
queria morrer – como qualquer ser humano não quer morrer – e sim viver o máximo
possível aqui na terra para fazer o bem e consolidar o Reino de Deus. Mas
quando colocaram a morte no seu caminho, ele não arredou o pé, ele não arreda o
pé da missão que recebera do Pai.
Quando S. Pedro, diante do perigo da condenação de Jesus em
Jerusalém, sugeriu a ele que não fosse para lá, Jesus lhe deu uma resposta
pesada: “Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de
tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim as dos homens!” (Mt
16,23). “Coisas de Deus” é fazer a vontade de Deus, confiando nele e arriscando
até a vida terrena. “Coisas dos homens” é querer salvar a vida terrena, mesmo
que se afaste um pouco da vontade de Deus. Jesus caminhava para Jerusalém
porque fazia parte da sua missão recebida do Pai.
Que bom se nós fôssemos assim! “Haja entre vós o mesmo sentir e
pensar que no Cristo Jesus” (Fl 2,5).
“Se alguém quer me seguir, tome a sua cruz...” (Mc 8,34).
“Jesus Cristo me deixou inquieto, com as palavras que ele proferiu.
Nunca mais eu pude olhar o mundo sem sentir aquilo que Jesus sentiu” (Música do
Pe. Zezinho).
Vamos colocar a busca da vontade de Deus acima de tudo na nossa
vida.
Havia, certa vez, um padre que tinha em seu quintal uma seriema. E
a casa paroquial ficava ao lado da igreja. Esta seriema cantava cada vez que se
tocava o sino chamando o povo para a Missa. O interessante é que, em outros
momentos, podiam tocar o sino à vontade que ela não cantava. Mas, tocou para a
Missa, pronto, ela cantava. E cantava alto, como que querendo ajudar o sino a
chamar o povo.
Deus criou o mundo em perfeita harmonia. Até os animais obedecem a
Deus e “querem” que nós lhe obedeçamos. Que, devido à nossa desobediência,
Jesus não tenha de dizer a nós o que disse a respeito de Jerusalém: “Jerusalém,
Jerusalém! Tu que matas os profetas... Quantas vezes eu quis reunir teus
filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não
quiseste!”
A firmeza de Maria Santíssima, cujo coração foi transpassado pela
espada de dor, seja para nós um exemplo e um incentivo. Santa Mãe das Dores,
rogai por nós.
Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.
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