QUINTA FEIRA DA 19ª SEMANA DO TC
14/08/2014
1Leitura Ezequiel 12, 1-12
Salmo 77 (78) , 7 ”
Aprendam a por em Deus sua esperança”
Evangelho Mateus 18, 21-19,1
Sempre que meditamos esse evangelho, nosso coração certamente se
questiona de maneira inquietante porque se dá conta de que perdoar sempre, sem
nenhum limite ou condição, a quem nos ofender, é algo quase impossível, pois a
gente perdoa, mas quando a vê a pessoa lá vem no coração um restinho da raiva
que ali sobrou, pelo mal que ela nos fez. E não adia ta querer disfarçar, pois
isso acontece com todos nós, na família, no trabalho e na comunidade.
A prática cristã deixada por Jesus parece sempre tão fascinante mas
quando chega nesse amor radical pelo próximo, que ama sempre e perdoa sempre, a
gente fica se lamentando, quando percebe que não somos capazes de tal proeza.
Será que Jesus, sendo nosso Deus e Senhor, não sabe que teríamos dificuldade
para por isso em prática? Se esse for um dos critérios principais para
demonstrarmos nossa total fidelidade á Jesus Cristo e a seu evangelho, quem irá
sobrar no final? Ou melhor, irá sobrar alguém?
Precisamos compreender esse evangelho com muita clareza, para que o
desânimo não nos faça desistir de ser cristão, achando que o mesmo não é para
nós, pois não somos perfeitos e santos como Deus espera que sejamos. Então
vamos para algumas observações importantes nesse sentido. Em primeiro lugar,
como membros da Igreja peregrina nesta terra, na prática das virtudes morais e
da relação com o nosso próximo, sem por cento não conseguiremos atingir pois o
amor é infinito e sempre há algo novo a ser alcançado na experiência amorosa
que fazemos com Deus e com o próximo. É como se marcássemos uma montanha como a
nossa referência do horizonte, e quando chegamos lá, descortinamos outro
horizonte mais á frente, a ser alcançado.
Foi esta lógica que levou o apóstolo Pedro a descortinar um patamar
bem acima das práticas judaicas do perdão, que se limitava a três vezes, com as
pessoas mais próximas, Pedro descortinou um horizonte novo, que ao ser
alcançado, estaria em concordância com os ensinamentos do Mestre, ou seja, há
um limite, um patamar que é a referência, e que cada um deve esforçar-se em
atingi-lo. Talvez isso possa se aplicar a outras religiões como o próprio
Judaísmo, Hinduísmo, Mulçumanos e outras mais, onde a Divindade se deixa
encontrar mas isso requer o esforço humano de elevar-se a patamares mais altos,
na virtude moral e na relação com o outro. No cristianismo porém, isso cai por
terra, pois a iniciativa é sempre de Deus, é ele que nos atrai para a Salvação
que ele mesmo oferece.
Esse evangelho não exige de nós que da noite para o dia a gente
saia por aí, á procura de quem nos ofendeu, ofereça a ele o nosso perdão e tudo
volte a ser como era antes. Isso seria uma grande utopia. Exatamente por isso
que a parábola nos mostra algo de grandioso... a relação amorosa de Deus para
com cada um de nós, tínhamos para com ele uma dívida impagável ( o Devedor da
parte 1 da parábola, aquele que implorou e suplicou pedindo um prazo) o Credor
sabia que jamais ele pagaria, e perdoou totalmente toda a dívida. É aqui que vem
a prática que Jesus ensinou aos discípulos: ter pelo menos um coração que
consiga perdoar o “pouco” que o próximo nos deve e para isso, basta apenas
sempre termos presente que a nossa dívida era impagável e ele nos perdoou.
Fica como conclusão desta reflexão, prestarmos muita atenção ao
nosso dia a dia, onde as pequenas ofensas que possamos receber, no trânsito, na
família, no trabalho e até na comunidade, possam ser relevadas, sinal de que há
em nós uma misericórdia Cristã, que sempre se exercita em pequenos gestos de
perdão, estando assim preparados para perdoar também uma grande ofensa, quantas
vezes seja necessário.
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