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terça-feira, 1 de julho de 2014

O convite -Alexandre Soledade

14 de julho - Segunda - Evangelho - Mt 10,34-11,1

Bom dia!O convite feito aos apóstolos se estendia a todos, e após alertá-los do mundo de lobos que enfrentariam para levar a Boa Nova, Jesus deixa claro o “rastro de graças” a todos que cooperassem com a prática do “caminho”.
Um antigo e conhecido conto narra as idas e vidas de um homem que levava água em potes de barro da fonte até sua casa. O conto narra que um dos potes estava rachado e no transitar a água caía pelo caminho. Após tantas idas e vindas nota que o caminho se tornara florido, lado que correspondia ao lado do pote rachado (…)
Acredito que todos conhecem essa história, mas por que a trouxe para essa reflexão?
Creio que muito mais que água fresca, um local para dormir, um cobertor, uma cesta básica, (…) as pessoas para continuarem no caminho precisam ser ouvidas. Na verdade o grande mal do mundo, que dizem ser a depressão, é a indiferença humana
A indiferença faz brotar no coração a semente do ódio e não estou exagerando nesse argumento. É preciso deixar bem claro que abandoná-la é tão difícil quanto oferecer a outra face a quem nos agrediu
Posso me atrever a dizer que existe a indiferença ativa e a passiva, sendo que a primeira é movida exclusivamente pela raiva, pela dor, pelo rancor, pela falta de perdão, pela auto defesa, e todos os sentimentos que voluntariamente expressamos contra outra pessoa ou situação, mas o que de fato preocupa é a passiva.
A indiferença passiva “mata” a flor que torce para que nosso vaso esteja quebrado e assim receber a água fresca que cairá sem perceber. Percebi, num retiro, o poder que tem quinze minutos de atenção para quem sofre ou esta agoniado. E como não perceber também a falta que faz nossa atenção a muitos outros irmãos e irmãs que desapareceram do nosso olhar e nunca mais foram procurados
“(…) Tomai precaução, meus irmãos, para que ninguém de vós venha a perder interiormente a fé, a ponto de abandonar o Deus vivo. Antes, animai-vos mutuamente cada dia durante todo o tempo compreendido na palavra hoje, para não acontecer que alguém se torne empedernido com a sedução do pecado. Porque somos incorporados a Cristo, mas sob a condição de conservarmos firme até o fim nossa fé dos primeiros dias“. (Hebreus 3, 12-14)
Todo dia, ao sair para o trabalho, vejo uma jovem senhora que fez seminário de vida. Lembro o quanto ela foi tocada por Deus naquele encontro, mas hoje noto que ao passar por mim ela abaixa a cabeça, meio que se esconde. O que será que ela pensa? Será que ela pensa que eu a esqueci, que tudo que foi pregado ou ensinado foi da boca pra fora? E quantos como ela também estão por ai, abaixando a cabeça ou atravessando a rua para não nos olhar nos olhos?
Sim, às vezes alguns temem nossos pré-julgamentos por voltarem a vida que tinham antes (quem somos nós para julgá-los); outros têm a impressão que os esquecemos (e de fato é meio que verdade); outros porém acreditam que “nos achamos” (as vezes sim, infelizmente); outros que o encanto acabou (a semente encontrou um solo pedregoso), (…), mas independente disso somos convidados a levar á água fresca; somos convidados a não nos importar de fazermos trabalho dobrado por nosso vaso estar quebrado…
Talvez o “nosso pai e nossa mãe” do evangelho de hoje sejam nosso orgulho e nossa vaidade. Talvez seja o medo de atravessar a rua e falar bom dia; a preguiça de pegar o telefone e ligar… Ao irmos às pessoas, abrimos as portas para um segundo encontro com Deus “(…) Quem recebe vocês está recebendo a mim; e quem me recebe está recebendo aquele que me enviou”.
Por fim
“(…) Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença negligência ou recusa a consideração da caridade divina, menospreza a iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão omite ou se recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor”. (Catecismo da Igreja Católica § 2094)
Um imenso abraço fraterno.


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