14 de julho - Segunda - Evangelho - Mt
10,34-11,1
Bom dia! O convite feito aos apóstolos se estendia a todos, e após
alertá-los do mundo de lobos que enfrentariam para levar a Boa Nova, Jesus
deixa claro o “rastro de graças” a todos que cooperassem com a prática do
“caminho”.
Um antigo e conhecido conto narra as idas e vidas de um
homem que levava água em potes de barro da fonte até sua casa. O conto narra
que um dos potes estava rachado e no transitar a água caía pelo caminho. Após
tantas idas e vindas nota que o caminho se tornara florido, lado que
correspondia ao lado do pote rachado (…)
Acredito que todos conhecem essa história, mas por que a
trouxe para essa reflexão?
Creio que muito mais que água fresca, um local para dormir,
um cobertor, uma cesta básica, (…) as pessoas para continuarem no caminho
precisam ser ouvidas. Na verdade o grande mal do mundo, que dizem ser a
depressão, é a indiferença humana
A indiferença faz brotar no coração a semente do ódio e não
estou exagerando nesse argumento. É preciso deixar bem claro que abandoná-la é
tão difícil quanto oferecer a outra face a quem nos agrediu
Posso me atrever a dizer que existe a indiferença ativa e a
passiva, sendo que a primeira é movida exclusivamente pela raiva, pela dor,
pelo rancor, pela falta de perdão, pela auto defesa, e todos os sentimentos que
voluntariamente expressamos contra outra pessoa ou situação, mas o que de fato
preocupa é a passiva.
A indiferença passiva “mata” a flor que torce para que nosso
vaso esteja quebrado e assim receber a água fresca que cairá sem perceber.
Percebi, num retiro, o poder que tem quinze minutos de atenção para quem sofre
ou esta agoniado. E como não perceber também a falta que faz nossa atenção a
muitos outros irmãos e irmãs que desapareceram do nosso olhar e nunca mais
foram procurados
“(…) Tomai precaução, meus irmãos, para que ninguém de vós
venha a perder interiormente a fé, a ponto de abandonar o Deus vivo. Antes,
animai-vos mutuamente cada dia durante todo o tempo compreendido na palavra
hoje, para não acontecer que alguém se torne empedernido com a sedução do
pecado. Porque somos incorporados a Cristo, mas sob a condição de conservarmos
firme até o fim nossa fé dos primeiros dias“. (Hebreus 3, 12-14)
Todo dia, ao sair para o trabalho, vejo uma jovem senhora
que fez seminário de vida. Lembro o quanto ela foi tocada por Deus naquele
encontro, mas hoje noto que ao passar por mim ela abaixa a cabeça, meio que se
esconde. O que será que ela pensa? Será que ela pensa que eu a esqueci, que
tudo que foi pregado ou ensinado foi da boca pra fora? E quantos como ela
também estão por ai, abaixando a cabeça ou atravessando a rua para não nos
olhar nos olhos?
Sim, às vezes alguns temem nossos pré-julgamentos por
voltarem a vida que tinham antes (quem somos nós para julgá-los); outros têm a
impressão que os esquecemos (e de fato é meio que verdade); outros porém
acreditam que “nos achamos” (as vezes sim, infelizmente); outros que o encanto
acabou (a semente encontrou um solo pedregoso), (…), mas independente disso somos
convidados a levar á água fresca; somos convidados a não nos importar de
fazermos trabalho dobrado por nosso vaso estar quebrado…
Talvez o “nosso pai e nossa mãe” do evangelho de hoje sejam
nosso orgulho e nossa vaidade. Talvez seja o medo de atravessar a rua e falar
bom dia; a preguiça de pegar o telefone e ligar… Ao irmos às pessoas, abrimos
as portas para um segundo encontro com Deus “(…) Quem recebe vocês está
recebendo a mim; e quem me recebe está recebendo aquele que me enviou”.
Por fim
“(…) Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de
Deus: a indiferença negligência ou recusa a consideração da caridade divina,
menospreza a iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão
omite ou se recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor”.
(Catecismo da Igreja Católica § 2094)
Um imenso abraço fraterno.
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