09 de julho - Quarta-Evangelho - Mt
10,1-7
Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel.
Este Evangelho narra Jesus chamando os doze Apóstolos. “Ide,
antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Nessa recomendação, é importante
o advérbio “antes”. O povo de Israel é o povo eleito por Deus que teve a missão
de preparar a vinda do Messias, por isso deve receber em primeiro lugar a Boa
Nova de Jesus. Mas depois será esclarecido que essa Boa Nova é para todos, sem
distinção: “Ide fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Quando Deus faz aliança, ele a
cumpre, mesmo que a outra parte não a cumpra.
Assim como os Apóstolos, todos nós somos chamados por Deus
para cumprir uma missão. Aliás, Deus não faz nada à toa; tudo o que ele criou
tem uma finalidade, e é feita de acordo com aquela finalidade. Aliás, isso
acontece também conosco; qualquer pessoa inteligente, se faz um objeto, é para
uma finalidade; ninguém faz nada à toa.
O cumprimento da vocação realiza e faz feliz. Já o não
cumprimento deixa a pessoa frustrada e “fora do eixo”. Ela fica andando pela
vida como um carro sem alinhamento ou sem balanceamento. E isso vale também para
os objetos feitos por Deus ou pelo homem. Imagine tentar fincar um prego na
parede, usando uma lâmpada! É o martelo que foi feito para isso. Deus criou a
flor para perfumar, a abelha para produzir mel e para espalhar as sementes pela
terra.
A nossa vocação foi a primeira coisa que Deus pensou, já
antes de nos criar, pois fomos criados já adaptados ao seu cumprimento. Deus
tem um plano para a humanidade, e quer realizá-lo através das próprias pessoas
que ele cria.
Existe o ecossistema, isto é, tudo na natureza é harmonioso
e “trabalha” em conjunto, cada coisa desempenhando a sua tarefa, desde a
formiguinha até as grandes estrelas. Nós fazemos parte desse conjunto, com um
detalhe: somos os reis da criação. Tudo foi feito para nos servir. “Deus disse:
‘Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança, para que domine sobre os
peixes do mar, as aves do céu, os animais... Eis que vos dou todas as
plantas...” (Gn 1,26-29).
Os seres irracionais seguem automaticamente o chamado de
Deus. Conosco é diferente, temos de seguir livre e conscientemente o chamamento
de Deus a nós. Também a descoberta da nossa vocação não nos vem por si, mas é
fruto de um trabalho nosso. Descobrir a própria vocação é descobrir o caminho
da felicidade.
“Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder...” Assim
como Jesus deu poderes aos Apóstolos para cumprirem a sua vocação, ele no-los
dá também.
Numa floresta, havia três leões. Como o leão é o rei dos
animais, a bicharada queria saber qual dos três era o rei. Numa assembléia,
surgiu uma proposta que os leões aceitaram. Havia no local uma montanha alta e
rochosa, dificílima de escalar. O leão que conseguisse subir até o topo da
montanha seria o rei. Como fiscais foram escolhidas as gaivotas.
O primeiro leão começou a subir, mas desistiu. Ao chegar
embaixo, disse para a assembléia: “Não dei conta”. O segundo leão foi, mas
chegou a uma rocha enorme e voltou para trás. Disse também para a bicharada: “É
impossível subir essa montanha”. O terceiro leão conseguiu ir até um pouco mais
na frente, mas também se cansou e voltou. Ele disse para os bichos: “Desta vez
eu não consegui. Mas é só por enquanto. No futuro conseguirei escalar essa
montanha”. Pronto, este foi coroado rei. Foi por causa das suas duas
expressões: “desta vez” e “por enquanto”.
Quem tem fé vai em frente no cumprimento da sua vocação e
nunca desanima, porque sabe que tem Deus ao seu lado, o qual tem poder
infinito. E quem tem fé tem esperança, sempre acredita que amanhã poderá dar um
passo à frente e ir mais longe, no cumprimento da vocação.
Muita gente desiste da própria vocação, devido aos problemas
que encontra. Basta ver o matrimônio, o sacerdócio, a vida religiosa...
Que Maria Santíssima, o melhor modelo, depois de Jesus, de
resposta vocacional, nos ajude.
Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel.
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