Terça-12 de Novembro de 2013 - Evangelho - Lc 17,7-10
Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.
Neste Evangelho, Jesus nos ensina uma dimensão muito bonita da nossa
vida cristã e do nosso relacionamento com Deus: somos empregados de Deus. No
Batismo, nós fizemos com ele, um contrato de trabalho. Deus se comprometeu a
cuidar de nós e nos proteger, além disso, dar-nos o céu, a salvação eterna. E
nós nos comprometemos a conhecê-lo, amá-lo e servi-lo com fidelidade durante
toda a nossa vida, obedecendo aos seus mandamentos. Foi mais do que um
contrato, foi uma aliança que fizemos com Deus, com obrigações bilaterais e
também com recompensas.
Portanto, o pagamento de Deus a nós já está estipulado no contrato
trabalhista, e ele não precisa ficar dando-nos gorjetas por cada ato bom que
fazemos. A nossa atitude correta, após todo o bem que praticarmos, é dizer:
“Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”.
Se nos comportarmos assim, Deus atenderá os nossos pedidos, como atendeu
os pedidos do publicano, na parábola do fariseu e do publicano (Lc 18,9-14).
Porque esta é a parte dele, e ele é sempre fiel. O que Deus quer é que nós
também cumpramos a nossa parte com fidelidade.
Se alguém perguntar: Ir à Missa por obrigação é correto? Claro que é!
Nós vamos à Missa porque Deus, através da sua Igreja, nos mandou ir. E este é
um mandamento,portanto faz parte do contrato.
Enquanto o nosso caminho está cheio de flores, é fácil ser fiel. O
problema é quando as flores desaparecem e só vemos pedras no caminho. Aí é que
mostramos se temos ou não fé, traduzida em fidelidade.
A Bíblia fala que “o justo vive da fé”. Se obedecermos os mandamentos, a
nossa fé crescerá dia a. Se, ao contrário, não obedecermos, a nossa fé
diminuirá. Aí está o motivo por que muitos católicos deixam a Santa Igreja que
Jesus fundou e passam para uma seita.
“Meus irmãos, se alguém diz que tem fé, mas não tem obras, que adianta
isso? Por acaso a fé pode salvá-lo? Por exemplo, um irmão ou irmã não tem o que
vestir e lhe falta o pão de cada dia. Então alguém de vocês diz para ele: Vá em
paz, se aqueça e coma bastante. No entanto, não lhe dá o necessário para o
corpo. Que adianta isso? Assim também é a fé: sem obras ela está completamente
morta” (Tg 2,14-17).
Nas relações trabalhistas, o que vale é o trabalho, não conversa bonita.
Imagine um empregado que não trabalha e não cumpre a sua obrigação, ou, pior
ainda, nem comparece no serviço, depois aparece com cara lambida! Será despedido
com toda certeza.
A mesma coisa vale em relação à nossa fé. Tem fé quem faz, não quem diz
palavras bonitas para Deus ou para os irmãos da Comunidade.
Nesse “contrato” que fizemos com Deus, uma das cláusulas é renunciarmos
a tudo, na certeza de que não perderemos um só fio de cabelo. O jovem rico não
foi capaz de fazer esse contrato com Deus. Ainda bem que ele desistiu lago no
início e não quis ser um cristão relaxado.
O filho mais velho da parábola do filho pródigo queria reconhecimento,
agradecimento e recompensa, por isso não agradou ao Pai. “Somos servos inúteis;
fizemos o que devíamos fazer”.
Faz também parte do contrato o uso e o desenvolvimento de todos os
nossos talentos para o bem. O nosso cursinho profissionalizante não tem
formatura porque não termina nunca. Estamos a vida toda aprendendo, aprendendo
e ensinando.
Havia, certa vez, a muitos anos atrás, um senhor que era um pobre
trabalhador rural. Um dia, ele estava na roça e ouvir gritos de socorro vindos
de um pântano. Foi lá e viu um rapaz enterrado na lama até a cintura. Ele
tentava sair, mas quanto mais se mexia, afundava mais. O homem o retirou e o
salvou.
No dia seguinte, apareceu na sua porta uma carruagem muito bonita e dela
saiu um nobre senhor, que disse ser o pai do rapaz. “Quero recompensá-lo” –
disse ele – “por ter salvado a vida do meu filho”. O agricultor respondeu:
“Não, não posso aceitar dinheiro pelo que fiz”.
Neste momento apareceu na porta um rapaz. O nobre perguntou: “É seu
filho?” “Sim”, respondeu o agricultor. O nobre disse: “Então deixe-me
proporcionar ao seu filho o mesmo nível de instrução que proporcionarei ao meu.
Se seu filho se sair bem, não tenho dúvida que nós dois seremos felizes”.
O homem aceitou. Seu filho freqüentou as melhores escolas e licenciou-se
em medicina. Tornou-se um médico brilhante e ficou mundialmente conhecido por
ter descoberto a penicilina. O fato aconteceu na Escócia. O nome do agricultor
é Sr. Fleming e do seu filho Dr. Alexandre Fleming.
Anos mais tarde, o rapazinho que havia sido retirado do pantanal adoeceu
com uma pneumonia. Desta vez o que salvou a sua vida foi penicilina. Portanto,
o filho do senhor nobre foi salvo duas vezes pela família Fleming.
“Não vos iludais, de Deus não se zomba; o que alguém tiver semeado, é
isso que colherá” (Gl 6,7).
Se obedecermos os mandamentos de Deus, como fez o Sr. Fleming,
socorrendo quem pedia ajuda, certamente Deus nos abençoará e a sua bênção se
estenderá a outras pessoas.
Temos na Bíblia muitos exemplos de fé concretizada na obediência a Deus:
Abraão, Moisés, Maria Santíssima... E há uma fila imensa de cristãos e cristãs
que viveram sua fé de forma exemplar.
Bem antes de Jesus dizer essas palavras do Evangelho do Evangelho de
hoje, sua Mãe já havia se declarado serva do Senhor. Que ela nos ajude a sermos
bons empregados e empregadas do seu Filho.
Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.
Padre Queiroz
Linda passagem bíblica, linda história e homilia! Que Deus te ilumina com muita sabedoria, fortaleza para nos conduzir nos caminhos de Jesus. Neste mês nossa oração é especial aos sacerdotes, Deus proteja vocês; Um abraço carinhos ao senhor Padre Queiroz. Maria Luiza
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