QUARTA- 25 de Dezembro de 2013
-Evangelho - Jo 1,1-18
E a Palavra se fez carne.
Nós estamos no último dia do ano. Vamos
olhar para trás e agradecer. Agradecer a vida nossa e de nossos queridos,
agradecer a saúde, a família, as amizades e tantas outras coisas. Não nos
esqueçamos de agradecer a Redenção, que é o maior presente que ganhamos. Jesus
é “Emanuel”: Deus conosco.
O Evangelho da Missa de hoje, além de
introdução ao Evangelho de S. João, é também síntese deste Evangelho. A página
tem sublime altura teológica e nos relata o nascimento histórico de Jesus com a
Encarnação de Deus, eterno e criador de todas as coisas. Por isso, Jesus é
chamado de Palavra, pois a palavra manifesta algo que não vemos, que é a idéia
de quem fala.
O Evangelho contém três partes, entre as
quais se intercala o testemunho de João Batista sobre Cristo, a Luz do mundo:
1) A existência eterna da Palavra criadora de Deus. 2) A vinda dessa Palavra ao
mundo, a força transformadora dela no meio do mundo pecador, e a resposta deste
mundo a ela, que tem duas direções opostas: “O mundo não quis conhecê-la... Mas
aqueles que a receberam...” É a incredulidade e a fé que se opõem. 3) A
Encarnação é um modo novo de presença de Deus entre os homens, mais próxima e pessoal
do que a criação. É isto que celebramos no Natal.
Também está aqui o mistério mais
profundo e o ponto inicial do seguimento de Jesus: a fé cristã.
O versículo 14: “E a Palavra se fez
carne e habitou entre nós” constitui o cume do Novo Testamento. A Palavra se
fez carne, isto é, sujeitou-se à debilidade, á mortalidade e impotência humana.
O imenso e eterno criador do mundo com suas galáxias, torna-se uma criatura que
chora, que tem fome e sede. É assim que Deus consegue uma total proximidade com
o homem. É o mistério do amor de Deus por nós, tão grande que nunca o
entenderemos plenamente. A partir de agora, Jesus Cristo, a Palavra viva do
Pai, será o lugar de encontro entre Deus e os homens, pois é igual a nós em
tudo, exceto no pecado.
Deus se serviu da condição humana para
salvar o homem. Hoje, ele continua se servindo da nossa condição humana para
levar a todos essa salvação. Cabe a nós beber com alegria desta fonte de Água
Viva, que começou no Natal, e levá-la aos outros.
“Veio para o que era seu, mas os seus
não o receberam.” É uma síntese da triste resposta a Deus, não só por parte do
povo judeu mas do mundo inteiro. Se a mensagem libertadora da Encarnação de
Deus ainda não mudou a face do nosso planeta, ninguém pode julgar-se isento de
responsabilidade no conflito entre a luz e as trevas.
Por causa das trevas do nosso coração,
ainda não captamos o mistério de amor e a mensagem de conversão a Deus e aos
irmãos que o Natal nos transmitiu. “A Luz veio, mas os homens preferiram as
trevas à Luz, porque suas obras eram más”. Quem age errado prefere as trevas
para que suas obras não sejam manifestas. O certo é que ainda não acolhemos
direito a divina visita que bateu à nossa porta. “De tal modo amou Deus ao
mundo que lhe deu seu Filho único” (Jo 3,16).
Certa vez, um jovem rei, durante uma
caçada no campo, travou conversa com um jovem pastor que lhe parecia simpático.
Depois do bate papo, o príncipe quis fazer amizade com o rapaz. Mas este,
consciente da distância social que os separa, recusou tal amizade. Então o
jovem rei arranjou uma maneira mais eficaz. Foi para casa e voltou disfarçado
em pastor, como se fosse da mesma classe social do simpático jovem. E surgiu a
amizade.
Deus fez conosco como este jovem:
tornou-se igual a nós para que lhe sejamos amigos e amigas. Mas, infelizmente,
ele está conosco, igualzinho a nós, e não nos tornamos seus amigos, nem o
conhecemos.
“Quando se completou o tempo previsto,
Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). Nós agradecemos a Maria
sua valiosa colaboração na nesse plano salvador de Deus, e pedimos a ela que
nos ajude a acolher bem a visita que Deus nos faz.
E a Palavra se fez carne.
Padre Queiroz
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