SEGUNDA- 9 de Dezembro de 2013 -
Evangelho - Lc 5,17-26
Hoje vimos coisas maravilhosas.
Este Evangelho narra a cura do
paralítico descido pelo telhado. Ao ver o milagre, “todos ficaram fora de si,
glorificavam a Deus e cheios de temor diziam: Hoje vimos coisas maravilhosas!”
Nós também, se tivermos fé como aquele
paralítico e os homens que o carregavam, veremos coisas maravilhosas. Aliás, o
próprio nascimento de Jesus, para cujo aniversário estamos nos preparando, é a
coisa mais maravilhosa que Deus fez para nós.
O único jeito que aqueles homens
encontraram de levar o paralítico até de Jesus foi descê-lo pelo telhado,
fazendo este enorme sacrifício. Nós não precisamos ir tão longe. Jesus está ao
nosso lado, principalmente nas nossas igrejas, presente na Eucaristia. E está
ali com a mesma força e bondade que tinha naquele tempo.
Ao ver aquele paralítico sendo descido
do telhado na sua frente, Jesus ficou admirado com a fé deles e diz: “Homem,
teus pecados estão perdoados”. Jesus tinha consciência de que este era o maior
presente que ele podia dar a alguém, muito mais valioso do que a cura física,
pois esta até o médico pode nos dar.
Ao ver Jesus dizer: “Os teus pecados
estão perdoados”, os escribas e fariseus se escandalizam, pensando que é uma
blasfêmia, pois só Deus pode perdoar pecados. Eles não acreditavam que Jesus
era Deus. Mas a cura do paralítico veio provar que Jesus é Deus mesmo. No
fundo, a cena é um relato de epifania, isto é, é manifestação da divindade de
Jesus.
Esse poder, o Senhor ressuscitado transmitiu-a
à sua Igreja, quando disse aos Apóstolos: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a
quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,22).
A santa Igreja é a depositária e
mensageira do perdão de Deus para o homem pecador, função que ela exerce no
sacramento da Reconciliação ou Penitência. A perda do sentido de pecado que o
homem moderno tem é a principal prova do pecado em que vive mergulhado, e da
necessidade que ele tem de ser perdoado, salvo e regenerado. No meio de um
mundo secularizado, queremos anunciar e testemunhar as realidades
transcendentes, que são eternas.
Em nossa Comunidade cristã, nós queremos
valorizar ao máximo este grande presente que Jesus nos trouxe que é o perdão
dos pecados. Valorizá-lo e usufruirmos dele.
Para que uma Comunidade seja
reconciliadora, é necessário que seus membros se perdoem mutuamente. “Perdoai
as nossas ofensas assim como nós perdoamos...” Os agentes da reconciliação
precisam estar reconciliados entre si e com Deus. Infelizmente, o pecado é uma
realidade sempre possível na Igreja, que é santa e pecadora. Devemos não só nos
perdoar, mas ter misericórdia uns dos outros: “Não devias tu ter piedade do teu
companheiro como eu tive de ti?” (Mt 18,33).
A confissão é chamada o sacramento da
alegria. Isso porque ela é irmã do batismo. Este nos dá a graça de Deus, a
confissão recupera essa para quem perdeu e aumenta para quem não a perdeu. Pelo
batismo nós nascemos para Deus; na confissão nós renascemos para ele. Com o
batismo nós ingressamos na Família de Deus; pela confissão somos reintegrados
nessa Família.
Que escutemos o apelo do Senhor à
conversão e deixemos que ele nos transforme, ele que é capaz de fazer brotar
rios no deserto. E que a consciência de que somos pecadores nos torne mais
humildes.
S. Francisco de Sales viveu na França,
no Séc. XVI. Durante muitos anos foi pároco numa paróquia do interior. Havia um
rapaz que se confessava frequentemente com ele, e sempre contava o mesmo
pecado. Todas as vezes, o padre, com a maior bondade, dava a absolvição e dizia:
“Vá em paz, filho!” Na confissão seguinte, o jovem pensava: agora ele vai dar
bronca. Mas nada. Sempre com a mesma bondade, o padre dizia: “Vá em paz,
filho!”
Um dia, após a confissão, foi o moço que
perdeu a paciência com o padre e disse: “Sr. padre, o senhor está me
conhecendo, e lembra-se das outras vezes que me confessei?” Pe. Francisco
respondeu com bondade: “Sim, filho, lembro-me muito bem”. “Então – continuou o
jovem – por que o senhor não fica bravo comigo, pelo fato de eu sempre contar o
mesmo pecado?”
Pe. Francisco respondeu: “Filho, cada
vez que você cair, levante-se. O importante é que, quando Deus vier buscá-lo, o
encontre em pé!”
Aí está o grande segredo da vida cristã:
o importante não é nunca fazer pecado – o que ninguém consegue – mas é
levantar-se cada vez que cai, porque assim, quando Deus vier nos buscar,
estaremos em pé. Cair num buraco, todo mundo cai. Mas ficar lá dentro, isso
não. Podemos pecar um milhão de vezes que Deus sempre nos perdoará. O que ele
quer é que sempre nos levantemos.
Maria Santíssima é coração de Mãe, que
sabe e quer perdoar. Que ela nos ajude a sempre buscar o perdão do seu Filho.
Hoje vimos coisas maravilhosas.
Padre Queiroz
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