24 de Novembro - Evangelho - Lc 23,35-43
SENHOR DA PAZ E DA UNIDADE (1)
Cristo é chamado a dirigir o povo de Deus, a ser
seu condutor (cf 1ª
leitura); sua realeza é de origem divina e tem o
primado sobre tudo, porque
nele o Pai pôs a plenitude de todas as coisas (2ª
leitura). No entanto, o
evangelho de Lucas apresenta a realeza de Jesus
narrando a paródia da sua
investidura como Rei dos Judeus na cruz, que lembra
a outra paródia que se
deu no pretório de Pilatos e narrada pelos outros
evangelistas. A
investidura real de Jesus se desenrola em torno da
cruz, trono improvisado
do novo Messias. Para tornar mais evidente essa
aproximação, Lucas recorda a
inscrição que encabeça a cruz (v. 38), mas sem
dizer que se trata de um
motivo de condenação (cf Mt 27, 37). Assim, a
inscrição tem o lugar da
palavra de investidura, como a do Pai que investe
seu Filho no batismo (Lc
3,22). Além disso, Lucas introduz aqui um episódio
que se refere a outro
lugar (v. 36a; cf Mt 27,48) e lhe acrescenta uma frase
(v. 37b) com a qual a
multidão espera que Jesus se manifeste como rei;
mas ele não quer que sua
realeza lhe advenha da fuga à sua sorte, e sim de
sua fidelidade a ela!
*Cristo, rei de reconciliação*
Como em todas as coisas importantes na lei mosaica,
é necessário que a
entronização seja reconhecida por duas testemunhas.
Mas, enquanto as
testemunhas da investidura real da transfiguração
são dois entre as
principais personagens do Antigo Testamento (Lc
9,28-36) e as testemunhas da
ressurreição são também misteriosas (Lc 24,4), as
duas testemunhas da
entronização no Gólgota são apenas dois vulgares
bandidos. Investidura
ridícula daquele que só será rei assumindo até o
fim o escárnio!
Lucas coloca a seguir deste trecho o episódio dos dois ladrões, como que a
indicar que, para Cristo, o modo de exercer sua
realeza sobre todos os
homens, inclusive sobre seus inimigos, é
oferecendo-lhes o perdão (vv.
34a.39-43). Lucas é muito sensível a esta idéia em
toda a narrativa da
paixão, mas aqui ela chega ao máximo. Com esse
perdão, Cristo se apresenta
como novo Adão, aquele que pode ajudar a humanidade
a reintegrar o paraíso
perdido pelo primeiro homem (cf Lc 3,38). É preciso
ainda que essa
humanidade nova aceite o perdão de Deus e não se
volte orgulhosamente sobre
si mesma. Cristo chega ao momento de sua vida em
que poderá inaugurar uma
nova humanidade, libertada das alienações do
pecado; oferece ao bom ladrão
participar dela, porque a sua vontade de perdoar é
sem limites. O reino
de Cristo se manifesta sobre convertidos.
*Cristo, rei de perdão*
Os termos Rei e Messias ressoam em torno da cruz em
fases zombeteiras e
provocantes. Nesta situação, Jesus tem um gesto
verdadeiramente régio e
assegura ao malfeitor arrependido a entrada no reino
do Pai. Também diante
dos adversários mais encarniçados, Jesus dirá
palavras de perdão: "Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem".
Jesus exerce, pois, e manifesta
sua realeza não nas afirmações de um poder
despótico, mas no serviço de um
perdão que busca a reconciliação.
Ele é o primogênito de toda a criatura (2ª
leitura), e como todas as coisas
foram criadas nele, "foi do agrado de Deus
reconciliar consigo todas as
coisas, por meio dele, estabelecendo a paz no
sangue da sua cruz".
Cristo é rei porque, perdoando e morrendo para a
remissão dos pecados, cria
uma nova unidade entre os homens. Quebrando a
corrente do ódio, oferece a
possibilidade de um novo futuro.
*Um rei que veio para servir*
Reconhecendo que Jesus é rei, cremos que com ele
Deus manifestou plenamente
que a realização do homem só se pode dar pela
obediência à sua vontade. Não
há ação do homem que não esteja sob o juízo de
Deus. Não pode haver lugar na
historia sem relação com Deus por meio de Jesus.
A doutrina do senhorio de Cristo nos ensina ainda
que a vida a que somos
chamados é a mesma que viveu Jesus Cristo: vida de
serviço aos irmãos.
Vivendo-a, confessamos seu senhorio e nos tornamos,
como ele, homens de paz
e de reconciliação.
Na Igreja de Cristo, como em toda comunidade, o
ministério (= serviço) da
autoridade é dado não para a afirmação pessoal, mas
em função da unidade e
da caridade. Cristo, bom pastor, veio não para ser
servido, mas para servir
(Mt 20,28; Mc 10,45) e dar a vida pelas ovelhas (Jo
10,11).
Essas afirmações ajudam a evitar as ambigüidades
inerentes ao conceito de
realeza quando não compreendido no sentido da
realeza de Cristo
Nossa me ajudou muito... muito bom este trabalho de divulgaçao... fiquem com Deus - Catia
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