4º
DOMINGO DO ADVENTO 22/12/2013
1ª
Leitura Isaias 7, 10-14
Salmo
23(24)” Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém”
2ª
Leitura Romanos 1, 1-17
Evangelho
Mateus 1, 18-24
Uma das grandes
alegrias na minha adolescência, foi a de ter participado na construção da
Igreja São João Batista. Por aqueles tempos eu me juntava com alguns
congregados marianos, entre eles meu pai, e íamos aos domingos ou feriados,
trabalhar em um mutirão na construção da Igreja de São João Batista em
Votorantim, para tirarmos terra do sub solo, onde hoje é presbitério, em um
trabalho de formiguinha, que exigia esforço e paciência de todos os
voluntários. Evidentemente, quando olhávamos para toda aquela estrutura de
ferragens e vigas de concreto, madeiramento, tijolos e pedras espalhados por
todo canto, não conseguíamos vislumbrar a beleza da obra acabada, mesmo assim,
no final da jornada de trabalho, não deixávamos de comemorar com um bom gole de
vinho que o Sr. Olério providenciava, porém, recordo-me que em 08 de dezembro
de 1972, quando ela foi oficialmente inaugurada à noite, eu senti muito orgulho
e alegria ao pensar que, mesmo na fragilidade dos meus quinze anos, havia
participado do projeto.
O reino de Deus vem
sendo edificado no meio dos homens desde os primórdios da humanidade, parece
que no Antigo Testamento, que foi o tempo das promessas, Deus sinalizou o que
estava por vir, o templo da plenitude com a encarnação do seu Filho Jesus, no
qual o projeto chegaria ao ápice: Deus no meio dos homens, falando e caminhando
com eles. Poderíamos ainda dizer, que em todo o Antigo Testamento, através dos
patriarcas e profetas, Deus foi explicando os pormenores do seu projeto, usando
para isso uma linguagem humana, fácil para nossa compreensão, dando uma
visibilidade do seu reino nos reinados humanos, para que assim, na fé e na
esperança, sendo fiéis à aliança estabelecida, os homens colaborassem e o
ajudassem a preparar o coração de toda humanidade para acolher o novo reino que
estava por vir.
A primeira leitura
desse quarto domingo apresenta-nos a figura do Rei Acaz, um homem aparentemente
religioso, com um discurso muito bonito “Não pedirei e nem tentarei o Senhor”,
mas com uma prática desastrosa, porque não deu ouvidos ao profeta e preferiu
confiar na força e no poder dos Assírios, para vencer seus inimigos, o que não
acabou acontecendo. Parece que Acaz não era muito chegado em sinais divinos,
que só são perceptíveis à luz da fé. Uma virgem conceberá e dará à luz um
filho, e lhe porás o nome de Emanuel – Em tempos em que, ser virgem era uma
desonra, pois uma das promessas de Deus ao patriarca havia sido a descendência
numerosa, uma concepção era sem dúvida um sinal prodigioso, mas o rei Acaz não
acreditou que Deus pudesse agir e reverter à dramática situação em que se
encontrava o seu reino. Esse rei Acaz é o homem da pós modernidade, que neste
terceiro milênio, aposta todas as suas fichas na tecnologia, na ciência que lhe
possibilita o poder político e econômico, é como se dissesse “Não precisamos de
Deus”, ou então “Olha Deus, fica aí no seu cantinho e vê se não atrapalha o
avanço da humanidade”.
Mas no evangelho
encontramos José, homem justo diante de Deus, alguém que não se move a partir
da lógica humana, mas sim pela fé, alguém que é capaz de desfazer seus planos
para aceitar em sua vida a vontade de Deus, tornando-se disponível para
colaborar com o reino. O Deus que tudo PODE porque é onipotente, pede ao homem
para colaborar com a sua obra e o seu maravilhoso projeto, e o que esse faz é
pouco, mas sem a sua participação a obra não chegaria à sua conclusão, ao
assumir aquele filho como seu, perante o sistema religioso da época, José
tornou possível o cumprimento das promessas de que da descendência de Davi nascesse
o Messias, como havia dito o profeta Isaias. Tanto a Acaz como a José, Deus tem
uma palavra de encorajamento: Não tenhas medo! E também oferece um mesmo sinal:
uma Virgem irá conceber... Revelação que só pode ser acolhida na fé e na
humildade, virtudes estas que o rei nunca teve, pois o seu coração, corrompido
pelo poder, só sabia confiar nos projetos humanos.
E o desafio de José
foi muito maior, a justiça que lhe é atribuída como maior virtude, não era
aquela do legalismo religioso, pois se fosse apenas isso, bastava denunciar a
noiva, que estava lhe prometida em casamento, e sairia da história fazendo o
papel de moço piedoso e zeloso dos bons costumes, e a Maria de Nazaré caberia o
triste papel de mulher infiel, adúltera e vulgar, passível de uma morte por
apedrejamento. Mas José prefere acreditar no seu sonho que é sonho de Deus. A
Fé jamais será uma utopia, mas sim a realização do sonho de Deus, concretizado
em seu projeto de salvação, que vai acontecendo na medida em que como José,
vamos a ele aderindo, para fazê-lo acontecer. (4º Domingo do Advento)
Excelente reflexão reverendíssimo diácono José da Cruz.
ResponderExcluirDeus o abençoe e o fortaleça sempre em seu ministério.
Paz e bem!
Diác Leonardo. Diocese Itaguai-RJ, Paroquia São José Operario, Angra dos Reis.