23 de Novembro - Evangelho
- Lc 20,27-40
No
Evangelho de hoje notaremos mais uma vez Jesus sendo colocado contra a parede
para cair em contradição. Os opositores de Jesus queriam encontrar um meio para
distraí-lo e conseqüentemente desmascará-lo perante os seguidores. Entretanto,
não conseguiram. Jesus sempre tinha maneira de sair das perguntas e deixá-los
confusos.
Para
Tanto, os saduceus negam qualquer ressurreição dos mortos (ver
Mt 22:23; Mc 12:18-27; Atos 23:8) e por isso negaram qualquer vida depois
da morte, defendendo a crença de que a alma perecia com a morte, pois,
acreditavam que não há qualquer penalidade ou recompensa depois da vida
terrena. Isto, então, justificava suas práticas maléficas.
Quem eram os saduceus? Eram grupo
sacerdotal e aristocrático, ricos e ocupavam cargos poderosos. Foram eles
que perguntaram a Jesus: Mestre, Moisés escreveu para nós a seguinte lei:
"Se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve casar
com a viúva, para terem filhos, que serão considerados filhos do irmão que
morreu"
Na verdade essa
interrogação era para ver a resposta de Jesus quanto a vida após a morte. Jesus
pregava a humildade, a fraternidade e a justiça quanto na vida terrena, pois um
dia deveria prestar contas de tudo na Graça do Pai. A vida eterna era uma conseqüência da vida terrena.
Mas a vida eterna não corresponde com o modelo de vida na terra, assim Jesus
respondeu aos opositores: nesta vida os homens e as mulheres casam. Mas as
pessoas que merecem alcançar a ressurreição e a vida futura não vão casar lá,
pois serão como os anjos e não poderão morrer. Serão filhos de Deus porque
ressuscitaram. Significa que na
vida eterna nada levaremos da vida terrena a não ser a alma e os feitios da
bondade.
O ex Pe. Leonardo Boff
escreveu em seu célebre livro "A
vida para além da morte" argumentos
convincentes de que a morada no céu é bem diferente da morada terrena. Segundo
Boff o céu não deve ser contraposto a esse mundo. Deve ser visto como a
plenitude deste mundo, livre já de tudo o que o limita e fere, o divide e
amarra. Jesus Cristo Ressuscitado nos dá uma idéia do que seja o céu: nele tudo transluz; nada do que é humano é deixado, mas
assumido e plenificado: o seu corpo, suas palavras, sua presença, sua
capacidade de comunicação. Livre
de tudo o que limitava às
coordenadas deste mundo espácio-temporal ele está agora no coração do mundo e
do homem, unindo e amando tudo. Ele está na situação de céu, porque já chegou
ao termo de toda a criação.
Portanto, ao justo e
santo no céu é dado gozar do processo divino, de como o Pai eternamente gera o
Filho e juntos aspiram o Espírito Santo. Talvez isso constitua a suma
felicidade de poder enxergar, contemplar e participar com todas as fibras do
ser da "autogeração" do
próprio Deus. Os saduceus não acreditavam na Ressurreição, por não acreditar na
outra forma de vida, ou seja, não conseguiriam enxergar fora do corpo e dos
bens que possuíam. Assim, não poderiam imaginar uma vida plena no convívio
eterno com o Criador. Amém!
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