SEGUNDO DOMINGO DO
ADVENTO
Ano C
Enquanto
o comércio se prepara a mil por hora
para as grandes vendas deste Natal, cujo objetivo é ganhar muito dinheiro, a liturgia deste domingo nos convida a despir
esses valores efêmeros e egoístas a que, uma grande parcela da sociedade dá uma
importância excessiva, e a fazer uma revisão da nossa escala de valores, no
sentido de nos examinar, para ver se não estamos também pendendo demais para o
lado materialista da vida. Para observar se nos esquecemos que os valores
fundamentais que marcam a nossa vida são valores do “Reino dos Céus”.
Na
primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da
descendência de David, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a
sua missão será construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão
definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos. Que bom se isso viesse a acontecer no meio de
nós!
Na
segunda leitura, Paulo exorta os cristãos a vencer qualquer tipo de egoísmo e
de auto-suficiência e a dar as mãos aos mais fracos e necessitados, seguindo o
exemplo de Cristo. Não é pecado comprar
o que precisamos nos dias que antecedem o Natal. O que é pecado é ignorarmos
aqueles que nada têm!
O
Evangelho de hoje nos mostra a figura ímpar de João Batista que anuncia a realização do “Reino de Deus” a qual
ele afirma estar muito próxima. E para que o “Reino” se torne realidade viva no
mundo, João Batista convida a todos a mudar as suas escalas de valores, a
organizar as suas rotinas a fim de que em suas vidas haja lugar para Deus!
É
o que está faltando no mundo de hoje. Muitos correm desesperadamente em busca
dos prazeres passageiros, em busca de bens materiais, empenhando esforços 24 horas por dia de modo
que não lhes sobram um minuto para falar com Deus! E Deus paciente e amoroso,
espera, convidando-os diariamente à conversão. Porém, infelizmente, o que
acontece na sociedade, são os efeitos de tudo disso, o que acontece no nosso dia a dia é o resultado dessa vida
longe do Pai que inevitavelmente acarreta sérias consequências, que são as
tragédias e os crimes bárbaros os quais vemos nos noticiários no final do dia.
João Batista é aquele que prega nos deserto. E
você deve estar perguntando: Ele pregava para quem? Para as pedras e para a
areia?
É claro, que não! João pregava para as pessoas que
iam até ele, para ouvi-lo, para se converterem e serem batizados. João prepara o povo para acolher Jesus. João Batista vivia no deserto de Judá, nas
margens do rio Jordão. A sua mensagem estava centrada na urgência da conversão e
dizia que o “juízo de Deus” estava
chegando.
Então,
João é um homem exótico que não se vestia como
os demais, e questiona o modo de viver voltado para
os bens materiais. Ele convida a uma conversão, a uma mudança de valores,
convida a esquecer o supérfluo, para dar atenção ao essencial dessa vida,
visando a Vida Eterna.
Muita
gente acorria de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a região do Jordão e era
batizada por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
João atendia a todos com boa vontade,
porém seu humor muda de repente quando os fariseus e saduceus, se aproximaram
dizendo que também queriam ser batizados. João enfurecido e com palavras
duríssimas, disse: “raça de víboras,
quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai ações que se
conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer:
«Abraão é nosso pai»…”
João avisa que não há salvação
assegurada obrigatoriamente a quem tem o nome inscrito nos registros do Povo
eleito: é preciso viver em contínua conversão e fazer as obras de Deus: “toda a
árvore que não dá fruto, será cortada e lançada ao fogo”.
João
explica: aquele que vem depois de mim, irá batizá-los no Espírito Santo e no
fogo. De fato, o batismo de Jesus vai muito além do batismo de João: Pois dá a quem o recebe a vida de Deus, pelo Espírito
Santo, e o torna “filho de Deus”, e ainda o ingressa na vida da Igreja. O
batismo de Jesus significa um modo de vida completamente novo, uma relação de
filiação com Deus e de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados.
Prezados
irmãos. Na verdade, a mensagem central do Evangelho de hoje é a conversão. Sabemos muito bem que não é
possível acolher Jesus cujo aniversário
se aproxima, se a nossa mente estiver cheia de rancores, ódios, competição
desleal, fofoca, egoísmo, orgulho, de auto-suficiência, e de preocupação com os
bens materiais…
Para
nos converter, precisamos mudar o nosso modo de pensar, de querer, de escolher,
de nos relacionar com os nossos irmãos, etc. Precisamos deixar de lado tudo
aquilo que nos tira o espaço de Deus em nossa mente, em nossa vida diária.
Precisamos urgentemente organizar a nossa rotina diária de jeito que venha sobrar um espaço para Jesus, um espaço
para a oração, para a leitura do
Evangelho, para a prática da caridade...
Se João Batista aparecesse por aqui
hoje, ele iria criticar as nossas escolhas, as nossas prioridades e nos mostrar
os verdadeiros valores fundamentais da existência humana. Ele não se apresentaria
de terno e gravata, pois a sua prioridade não seria brilhar em algum evento da
High Society, nem se apresentaria com um sorriso diante das câmeras, pois seu
objetivo não seria aparecer na COLUNA SOCIAL, ele não viria de carro importado
pois a sua prioridade não seria impressionar os líderes empresariais, nem teria
a intenção de mostrar que é um homem de sucesso das altas rodas sociais; nem
petiscaria pratos delicados com molhos esquisitos de nomes franceses, pois a
sua prioridade não era a satisfação de apetites físicos ou do paladar, nem do
bem-estar, nem de exibir riqueza aos seus admiradores, pois o seu objetivo
primeiro não seria receber aplausos nem de aparecer na mídia. Muito menos de
buscar impressionar a comunidade cristã ou religiosa, pois a sua preferência
não seria o sucesso, as honras, nem o poder…
O João Batista de hoje é o
catequista de todo tipo. É alguém para
quem a tarefa mais importante é o anúncio do “Reino dos céus”, o anúncio do
Evangelho com dedicação plena de preferência. O João dos dias de hoje, são
todos nós também que procuramos anunciar os ensinamentos de Jesus não só com
palavras mas com palavras e com atitudes, com todo despojamento, simplicidade,
amor total e partilha. Pois esses são os valores que ele procura anunciar, os
valores que acompanham os catequistas
por onde andam a semear a semente da palavra de Deus.
O João Batista de hoje seria um cristão
atuante, vestido como qualquer outro, que não se alimentaria de gafanhotos e
mel, mas comeria o que todos comem no seu meio social, e que visitaria a
periferia para mostrar lá os valores do
“Reino” em prioridade aos valores efêmeros e fúteis a que a sociedade prefere,
e que são anunciados na catequese da mídia, principalmente das novelas e dos
filmes. Esses valores geralmente produzem frutos de sangue! Frutos de morte, de
choro e prisão, de desespero, em fim de muito sofrimento!
Lá
na periferia, ou nas favelas, encontramos nossos irmãos e irmãs que vieram de
outras regiões para se aventurar em uma
vida melhor, e são aqueles que moram em casas inacabadas, ou seja, sem
reboco. Nesse meio social podemos notar que os valores eternos, os valores do
Evangelho estão longe das mentes das pessoas, cujas vidas de privações do
necessário, acarreta um situação de promiscuidade existencial que elas não
merecem! Pois são todos filhos de Deus e têm direito a uma vida digna!
E
nesses ambientes sociais, os "Joãos Batistas" atuais não comparecem para semear a
palavra de Deus! Isso é um fato muito lamentável! Por que onde falta a presença
da palavra viva de Deus, o diabo se aproxima e sopra aos ouvidos dos maridos,
das esposas, o vento da traição, o cochicho da mal-querência, da desavença e do
desamor. E assim, ocorrem as separações,
nas quais cada um dos cônjuges se ajunta a outras pessoas, que não respeitam os
filhos da outra união, e desse modo vem a pedofilia, o estupro, as brigas, os
crimes...
A
causa mais comum dos mal-tratos e assassinatos
das mulheres atualmente, é o fato dos companheiros estragarem a sua
saúde na bebida, e em outros tipos de embriagues, e quando não se garantem mais diante da mulher
como um homem, ficam com ciúmes doentio, dizendo a famosa frase: Se você não
for minha, não será mais de ninguém!
Essa frase, que resulta da própria culpa pela mulher terminar a relação
e procurar outro, tem gerado muitos crimes!
Então
vamos formar um grupo de "Joãos Batistas" para visitar aquelas periferias, e
mostrar que a união entre o homem e a mulher precisa ser abençoada por Deus, na
pessoa do sacerdote, senão termina mal. Para mostrar que viver sem Deus é algo
muito arriscado! Para mostrar que o
essencial para se viver bem não é o que a mídia anuncia, os bens materiais, mas
sim, a fraternidade, a compreensão, o perdão, a renúncia, a doação de si, em
fim, o amor a Deus e ao próximo.
Vai e faça o mesmo.
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