Quinta-14 de Novembro de 2013 -Evangelho - Lc 17,20-25
O Reino de Deus está entre vós.
Neste Evangelho, Jesus, respondendo à pergunta dos fariseus sobre o
momento em que chegaria o Reino de Deus, diz que o Reino de Deus está entre
nós.
Jesus deu o nome de Reino de Deus ao conjunto de todo o novo modo de
viver que ele nos trouxe. “É um Reino eterno e universal, da verdade e da vida,
da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz” (Prefácio da Missa de
Cristo Rei).
É um projeto de humanidade nova e, conseqüentemente, de mundo novo. Ele
não chega ostensivamente, como uma grande e portentosa efeméride, abalando o
céu e a terra.
Os fariseus, que fizeram a pergunta a Jesus, tinham uma noção muito
errada do Reino de Deus. Eles pensavam que seria um reinado político, como no
tempo de Davi e de Salomão.
O Reino de Deus é comparado com o alvorecer. A luz do sol já chegou, mas
não plenamente, pois há ainda muita escuridão. Ou, numa comparação ainda mais
bonita, é como a mulher dando à luz. A criança, que é o Reino de Deus pleno,
ainda não nasceu, mas está aparecendo, entre dores, que são os sofrimentos dos
cristãos.
Ele é uma realidade abrangente. Envolve toda a vida humana, em todas as
dimensões. A Encarnação do Verbo de Deus acabou com a diferença entre profano e
sagrado. Agora toda a realidade humana é sagrada, porque o homem é sagrado.
O Reino de Deus chegou aqui na terra quando Jesus nasceu. Durante a vida
pública de Jesus, o Reino de Deus deu grandes passos na sua construção, e
continua caminhando até hoje. Mas, de maneira perfeita e completa, foi só na
pessoa de Jesus que o Reino de Deus já se realizou aqui na terra.
Nós não podemos dizer que o Reino de Deus “está aqui”, ou “está ali”,
porque ele está presente na terra, mas misturado com outro reino oposto, que o
livro do Apocalipse chama de reino da besta fera (Ap 11,7), ou reino da dragão
(Ap 13,1-18).
O Espírito Santo nos dá o dom do discernimento para distinguirmos um do
outro. Onde existe a verdade, a paz, a justiça, o bem, aí está o Reino de Deus.
Onde existe a mentira, a violência, a injustiça, a desobediência a Deus e a
falta de fé, aí está o reino da besta fera. O reino da besta fera leva à morte,
o Reino de Deus leva à vida.
Os agentes dos dois reinos vivem em conflito. A turma do reino da besta
fera já matou milhares de agentes do Reino de Deus. E os agentes do Reino de
Deus já conseguiu converter milhares de agentes do reino da besta.
O trabalho de construção do Reino de Deus gera numa luta entre a verdade
e a mentira, a santidade e o pecado, a justiça e a injustiça, a violência e a
paz, o amor e o ódio, a solidariedade e a ganância, a vida e a morte. Muito
sangue já foi derramado nessa luta, e ainda será. Basta ver os mártires. No
centro da luta está a Igreja. Ela é santa, porque seu fundador e santo, é
dirigida pelo Espírito Santo e tem muitas pessoas santas, entre as quais se
destaca Maria Santíssima. Mas é também pecadora, pois nós, seus membros, somos
pecadores.
Mas a nossa luta e a nossa esperança são de que a Igreja seja cada vez
mais santa. Quando um cristão se santifica, toda a Igreja se torna mais santa;
quando um cristão peca, toda a Igreja fica mais pecadora.
Certa vez, houve uma competição de cegos. O desafio era descer uma
montanha de neve, usando esqui, e ver quem chegava primeiro. Para treinar, eles
descaram a montanha várias vezes.
Mas cada um deles tinha ao seu lado um esquiador profissional, que ia
dando ordens para ele. O profissional gritava: “esquerda”. “direita”. Enquanto
obedeciam aos comandos, podiam fazer todos ziguezagues do percurso e cruzar a
linha de chegada.
É assim que o Reino de Deus se constrói. É cada um dando a mão ao outro,
suprindo a sua deficiência, pois todos somos deficientes em alguma coisa.
E a Santa Igreja tem uma estrela: Maria Santíssima. Ela é “a glória de
Jerusalém, a alegria de Israel e a honra do Povo de Deus”. Que ela nos ajude a
ser bons cidadãos do Reino de Deus.
O Reino de Deus está entre vós.
Padre Queiroz
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