Sábado - 16 de Novembro de 2013-Evangelho - Lc 18,1-8
Deus fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele.
Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola do juiz injusto, que não
queria atender a viúva e, no fim, só a atendeu devido à insistência dela. O
centro da parábola não é o juiz, evidentemente, mas a viúva, e mais
precisamente, a insistência da viúva.
Quando rezamos, Deus nos atende logo e não nos faz esperar. Acontece que
ele faz o que é bom para nós e do jeito que é melhor para nós, o que nem sempre
coincide com o que nós pensamos.
O evangelista S. Lucas começa a narração com as seguintes palavras:
“Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de
rezar sempre, e nunca desistir”. Está aí o objetivo da parábola. Devemos ser,
diante de Deus, como a viúva diante do juiz: pedir, pedir, pedir... e ficarmos
insistindo até receber o que queremos.
Devemos persistir na oração, mesmo quando dá impressão que Deus não está
ouvindo. Deus é Pai amoroso. Ele nos escuta com atenção, desde o primeiro
pedido que fizemos. Escuta e atende. A forma dele atender é que, muitas vezes,
é um mistério para nós.
A oração é também uma escola. Ela purifica os nossos afetos, organiza as
nossas idéias, direciona os nossos pensamentos e vai, aos poucos, colocando-nos
no caminho certo da nossa felicidade. O resultado da oração perseverante é
sempre uma grande alegria, ânimo e vontade de lutar e vencer.
Quando rezamos, Deus nos atende mostrando-nos os primeiros passos do
caminho. Os outros passos, ele vai mostrar depois que dermos os primeiros passos.
Se ele nos mostrasse todos os passos logo no início, correríamos o risco de
esquecê-los. “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”.
Quem não reza, afoga-se num copo d’água. O horizonte das nossas
possibilidades é bem pequeno, termina logo ali. Nós não dominamos nem a nós
mesmos! Daí a angústia. Mas com Deus as nossas possibilidades tornam-se
infinitas e sem fronteiras.
Santo Afonso Maria de Ligório dizia: “Quem reza se salva, quem não reza
se condena”. Nós não queremos ser condenados, por isso vamos rezar.
Rezar de manhã, rezar ao meio dia, rezar à noite; rezar quando estamos
tristes e quando estamos alegres; rezar principalmente quando somos tentados.
As tentações começam pelos nossos pensamentos. Portanto, desde aí, já devemos
rebatê-los com uma prece. Pode ser uma oração curtinha, que chamamos
jaculatórias, feitas mentalmente. “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
Em resumo, rezar sempre e nunca cessar de o fazer.
A oração age em nós como limpa-brisa de carro. As falhas diárias vão
embaçando a nossa visão, obscurecendo a inteligência, enfraquecendo a vontade,
descontrolando os sentimentos... É hora de ligar o limpa-brisa, através da
oração.
Deus caminha ao nosso lado nas vinte e quatro horas do dia. Mas, por
respeito à nossa liberdade, ele não entra na nossa vida, se não pedirmos. Ele
fica nos esperando em cada esquina da vida, com seus sinais, alertas,
advertências e convites. Ele é capaz de morrer na Cruz, na nossa frente, mas
sem interferir na nossa liberdade. Agora, se pedimos, abrindo a porta para ele,
maravilhas acontecerão.
A oração é estrada de duas mãos. Nós falamos com Deus e Deus fala
conosco. Imagine um amigo encontrar-se com você e falar o tempo todo! Seria
chato, não? Às vezes, somos chatos com Deus, pois não o deixamos falar nada para
nós! Ele nos fala através da Sagrada Escritura.
Quem toma a iniciativa da oração é sempre Deus. Ele que percebe as
nossas necessidades, e nos inspira, movendo-nos a pedir, a agradecer, a pedir
perdão, a louvá-lo... “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,15). Deus é que nos dá
o pensar, o querer e o agir.
O destaque está na persistência da viúva. Se até um homem ruim atende,
por causa da insistência, quanto mais Deus que é nosso Pai amoroso! “Será que
vai fazê-los esperar?”
No final da parábola, Jesus lamenta: “Mas o Filho do Homem, quando vier,
será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Que pena a falta de fé! Nós
perdemos a fé por tão pouca coisa! Basta um aparente atraso de Deus em nos
atender, pronto.
Vamos responder à pergunta de Jesus, dizendo: “Sim, Jesus. Quando o
Senhor vier, vai encontrar fé. Como Santa Mônica, nós, através da oração, vamos
perseverar firmes na fé, confiantes na esperança e alegres na caridade”.
Havia, certa vez, um mendigo que passava o dia na rodoviária pedindo
esmolas. As pessoas davam moedinhas para ele.
Um dia, ele viu um homem indo embora, foi atrás, bateu nas costas dele e
disse: “Por favor, o senhor podia dar-me uma moeda de dez centavos?” Assim que
o homem se virou para trás, o mendigo o reconheceu: era seu pai! Então disse:
“Meu pai! O senhor não está me conhecendo?”
O pai lançou-se ao pescoço dele e falou emocionado: “Meu filho! Já fazem
dezoito anos que estou procurando você! Eu quero dar-lhe tudo o que eu possuo,
todos os meus bens”.
Que nós não andemos pela vida em busca de dez centavos, sendo que ao
nosso lado está o nosso Pai, rico e amoroso, que quer dar-nos tudo o que
possui. O bom Deus quer que lhe entreguemos todas as nossas preocupações, para
assim podermos dedicar-nos mais ao cumprimento da sua vontade sobre nós.
Maria Santíssima é nossa Mestra de oração. “Ensina teu povo a rezar,
Maria, Mãe de Jesus!”
Deus fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele.
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