SEGUNDA FEIRA DO TEMPO PASCAL 02/05/2016
1ª Leitura Atos 16, 1-15
Salmo 149,4 a “Porque o Senhor ama o seu povo”
Evangelho João 15, 26-16, 4 a
Dizia-me um aluno da minha classe de Teologia Pastoral para leigos,
quando eu falava sobre a História da Igreja e essa tensão entre a Igreja
Mistérica e a Igreja institucional: “Nós não podemos fazer a parte que é do
Espírito Santo, e Ele também não vai fazer a nossa”.
Achei isso fantástico, não sei como ele deduziu isso, ou ouviu
alguém dizer, mas pelo jeito assimilou esse ensinamento como membro de uma
comunidade. Fantástico! É isso mesmo... Quando deixamos para o Espírito Santo
certas tarefas e incumbências que o Pai nos deu, enquanto missão, não estamos
sendo cristãos fervorosos, mas apenas cristãos omissos, e quando queremos e
insistimos em fazer algo que compete única e exclusivamente ao Espírito Santo,
estamos voltando as origens do Gênesis, tentando ser Deus em sua essência, o
mesmo pecado de Adão e Eva.
Talvez o leitor comente consigo mesmo: “ Graças a Deus nunca fiz
isso...”. Esse é um pecado que todos nós cometemos. Por exemplo, os irmãos e
irmãs da comunidade não são e nunca o serão, do jeito que nós queremos:
convertidos, virtuosos, atitudes e pensamentos sempre em harmonia com o que NÓS
pensamos e fazemos. Pronto! Aí estamos nós, querendo dar uma de Espírito Santo
para mudar aquela pessoa.
Por outro lado, pensemos: como é difícil conviver com pessoas
diferentes de nós, algumas são até irritantes, intransigentes, e até mesmo
insuportáveis! Eis aí algo que compete a nós, mas que precisamos do Espírito
Santo para nos tornar flexíveis e maleáveis. Nos dois casos é o Espírito que
age, porém no segundo, que é a questão da flexibilidade e docilidade para com
os outros, temos que fazer a nossa parte, esforçando-nos para controlar nossos
instintos egoístas e egocêntristas. No primeiro caso nada temos a fazer, pois é
o Espírito Santo que vai agir, que vai trabalhar no coração e na vida daquele
irmão insuportável, e o Espírito Santo tem um jeitinho especial, personalizado,
para renovar cada um de nós, pois ele trabalha a partir daquilo que somos, por
uma razão bem simples: Deus nos ama desse jeito, não exige que sejamos do jeito
dele, diferente do modo como tratamos as pessoas.
Há neste evangelho uma realidade que motiva a nossa reflexão, a
comunidade Judaica, que contém em si o Cristianismo enquanto uma seita, está
sempre em conflito com essa. Qual a razão desse conflito, que no ano 90 irá
culminar com a expulsão dos cristãos das sinagogas? É simples, a referência do
Cristão, única e verdadeira é o Cristo Jesus e Deus Pai que o enviou, e que
eles conhecem, não porque ouviu dizer, mas porque conviveram com ele, todos os
da Era Apostólica, tiveram esse privilégio, que não foi só dos apóstolos, mas
devemos lembrar que uma multidão de homens e mulheres se tornaram discípulos de
Jesus. Já os da Comunidade Judaica conhecem apenas o Pai, o Deus da Antiga
Aliança, mas não têm o coração fervoroso por causa de Jesus, já que a única
referência que têm sobre Deus é a Lei de Moisés. (Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa
Senhora Consolata – Votorantim SP – cruzsm@uol.com.br )
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