13- DOMINGO - Evangelho - Mc 8,27-35
Estamos hoje exatamente no coração do Evangelho de Marcos. E de novo, aparece a o tema da identidade de Jesus, Cristo, Filho de Deus. Ele tem uma identidade rica e misteriosa, que, desde o início ao fim, o evangelista Marcos quer revelar gradualmente a todos nós. O texto de hoje, no capítulo 8, contém a resposta radiante de Pedro, que se destaca das opiniões correntes entre a gente: as grandes figuras religiosas do passado são superadas, visto que Jesus de Nazaré é o Messias, o Cristo. Na sua simplicidade e brevidade, Marcos condensa a revelação de Jesus nas palavras de Pedro: «Tu és o Messias».
Para Marcos, Jesus entrou numa etapa nova: deixa as multidões da
Galileia, quer dedicar mais tempo à formação dos seus discípulos e começa com a
revelação da sua dupla identidade de Messias e de Servo sofredor, duas
realidades inalcançáveis pela mente humana por si mesma. Pedro com dificuldade
consegue colher a verdade de Jesus Messias-Cristo, mas tropeça totalmente na
realidade do Messias-Servo que «devia sofrer muito… ser morto e ressuscitar».
Pedro arma-se inclusive em mestre de Jesus, repreende-o por aquele tipo de
discurso, a ponto de Jesus o censurar duramente, convidando-o a tomar o lugar
que lhe compete, atrás de Jesus: o discípulo caminha atrás do Mestre, segue os
seus passos. Sobre o tema do sofrimento e da cruz, Pedro é prisioneiro da
mentalidade corrente. Pensa «segundo os homens»; só mais tarde, quando vier o
Espírito, chegará a pensar «segundo Deus».
«Tu não compreendes segundo Deus, mas segundo os homens»: é a
advertência severa de Jesus a Pedro e aos discípulos de então e de todos os
tempos. Uma advertência que petrifica qualquer forma de religiosidade acomodada
e retórica. Um convite desconcertante a percorrer o caminho estreito da
humildade e da austeridade: deixar de pensar apenas em si mesmos, tornar-se
responsáveis pelos outros, partilhar a opção de Jesus que aceitou, por amor, a
própria morte, para que todos tenham a vida em abundância (Jo 10,10).
Você e eu somos chamados ao discipulado e a missão. Mas isso só
será possível se como Pedro reconhecermos e compreendermos a verdadeira
identidade de Jesus. Ele nos propõe as “coisas de Deus”, a comunicação
da vida sem limites. Não nos podemos ater às “coisas dos homens” à exemplo de
Pedro, à preservação do poder e à paz da ordem iníqua estabelecida. Jesus está
nos chamando e nos apresenta a proposta de seu seguimento. A vida de cada um,
ao ser doada em comunhão com outras vidas, em ações concretas nos alcançará a
salvação, isto é, se insere e permanece no seio de Deus, na eternidade.
Senhor Jesus, revela-me sempre mais tua face de
Messias Servo, para que eu não me engane no caminho do teu seguimento.
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