TERÇA FEIRA DO TEMPO DO NATAL
07/01/2015
1ª Leitura 1Jo 4, 7-10
Salmo 71 (72) “Os Reis de toda terra hão de adorar-vos ó Senhor”
Evangelho Mc 6, 34-44
(Jesus, modelo de Pastor, quer a Salvação do homem todo, e isso
implica também em saciar a fome material de suas ovelhas)
Jesus sente compaixão da numerosa multidão, porque eram como
ovelhas sem pastor. Começou, pois a ensinar-lhes muitas coisas. Essa introdução
do evangelho faz surgir um questionamento: Jesus poderia sentir compaixão
porque o povo estava com fome, e em seguida faria o milagre da multiplicação
dos pães, e a narrativa estaria completa.
Mas era o início da pregação, imaginemos que fosse de manhã, os
ensinamentos de Jesus continuou o dia inteiro e de repente já é o entardecer
que prenuncia a noite e os discípulos constatam um problema e imediatamente
propõe uma solução...
A compaixão inicial de Jesus não é pelo problema da fome ou da
falta de alimentos naquele lugar distante, mas sim porque o povo estava sem
perspectiva, em um total desânimo, não havia quem lhes indicasse um caminho
seguro, ou quem lhes falasse de algo novo. Ovelha sem pastor é gente sem
esperança, sem rumo a seguir, sem um sentido para a sua vida.
Talvez o povo tivesse colocado sua esperança em instituições,
governantes, autoridades e outros Líderes, a espera de uma mudança para melhor,
que nunca viria. Ninguém quer aqui menosprezar nossas instituições políticas e
governamentais, mas está difícil de se acreditar em mudanças no Brasil, pelo
menos aquelas mudanças estruturais necessárias e importantes, que trariam
benefícios á grande massa. O evangelho não fala, sobre o que Jesus ensinava,
mas certamente ele deixa evidente que a realização do Reino de Deus não depende
das estruturas humanas, nem religiosas e nem governamentais. Ao mesmo tempo ele
se apresenta como o realizador do Reino: O caminho, a Verdade e a Vida....
E para que na cabeça do povo não fique a impressão de que Religião
é alienação, Jesus se volta para um problema levantado pelos discípulos: é
preciso dispensar o povo, pois é muita gente e não há alimentação disponível e
suficiente para todos.
Se Jesus fosse pregador de uma Religião alienadora, aceitava o
conselho dos discípulos e se livrava do problema, mandando a multidão embora.
Mas Jesus é Pastor e não Lobo, que se aproveita das ovelhas, ao
dizer aos discípulos, dai-lhes vós mesmos de comer, Jesus está afirmando que as
Comunidades Cristãs não podem ficar alheias ás necessidades das pessoas. No
Reino dos Homens, somente o “Muito” viabiliza projetos sociais, no Reino de
Deus, basta a partilha do “Pouco” e o milagre acontece. É uma alusão direta á
Eucaristia, o maior de todos os milagres, e do qual nasce a vida de comunhão e
partilha, que faz tantos milagres iguais a esse acontecer. O Homem e a mulher
Eucaristizados contempla as pessoas com o mesmo olhar de compaixão de Jesus, e
suas necessidades nunca ficam sem serem supridas....
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