26
de Janeiro - Segunda - Evangelho - Lc 10,1-9
Em Lucas 9,1-6 encontramos o envio dos doze
apóstolos. Mas, estes, apesar de formarem o núcleo da jovem Igreja, não foram
mandados como precursores de Jesus, já que não tinham ainda identificado como
Messias aquele que os enviara como se pode ver em no versículo 20 do mesmo
capítulo. Agora, Lucas narra que Jesus envia um novo grupo: o dos setenta e
dois discípulos; estes, sim, são enviados “na frente” de Jesus. Sua missão
específica é: Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: O Reino de
Deus chegou até vocês. Portanto, são enviados como precursores, como
preparadores da chegada do reino de Deus que eles anunciam na pessoa de Jesus.
Lucas nos apresenta 72 discípulos enviados.
Este número é simbólico e indica a universalidade da missão. Todo o povo de
Deus está chamado a se lançar na missão de anunciar a Boa do Reino. Esta
missão, não é uma tarefa somente do papa, de bispos, sacerdotes e diáconos. Mas
sim, uma obra de todos os batizados. Portanto, a missão é universal desde a sua
origem e compreende todos.
As instruções para os dois grupos de
missionários são praticamente as mesmas. O texto especifica que Jesus envia
“dois a dois”, pois o anúncio do Evangelho não é uma tarefa pessoal, mas de uma
comunidade. O fato de serem enviados pelos menos dois também quer mostrar a
credibilidade do testemunho, além do fato do encorajamento que um pode dar ao
outro no caso de desânimo diante das dificuldades.
Em seguida, Jesus, depois de ter falado em
semente e em arado, fala agora de colheita. Esta é imensa, mas os trabalhadores
disponíveis são poucos. E a situação é a mesma, ontem e hoje. É um trabalho
gigantesco, e nunca haverá trabalhadores suficientes; só o Pai pode chamá-los e
enviá-los, por isso, é necessário rezar a Ele, pedindo que chame mais pessoas.
É justamente por causa da extensão da missão que Jesus chama mais este grupo de
ajudantes, e, mesmo assim, são poucos diante da imensidão da missão que ele tem
pela frente e da qual nos torna participantes.
Jesus faz o envio: “Eis que vos envio como
cordeiros para o meio de lobos”. É a imagem clássica da fraqueza diante da
violência. A missão é uma obra difícil e perigosa. Aqueles que ele enviou devem
cumprir fielmente o seu trabalho, mas não devem exigir demasiado de si mesmos
nem entrar em pânico diante da grandeza da missão. Devem, sim, ter consciência
que não será uma tarefa fácil e que nem sempre serão recebidos de braços
abertos. Devem fazer sua parte com competência e perseverança, pois, em último
caso, a responsabilidade é de Deus, e Ele não vai deixar cair em ruínas a sua
messe, mandando trabalhadores necessários para isto.
A mensagem a ser levada é o dom da paz, no
sentido mais completo, para as pessoas e às famílias, e, sobretudo, a mensagem
de que é “o Reino de Deus está próximo de vós”. O reino de Deus é antes de tudo
uma pessoa: Jesus. Quem o acolhe encontra a vida, a alegria, a missão de
anunciá-lo. O gesto de bater, sacudir a poeira dos pés, era um gesto simbólico
dos israelitas que, ao ingressar de novo no próprio país, depois de terem
estado em terra pagã, não queriam ter nada em comum com o modo de vida dos
pagãos. Libertar-se da poeira que se grudou aos pés enquanto estavam em
território pagão significava ruptura total com aquele sistema de vida. Fazendo
isso, os discípulos transferem toda responsabilidade pela rejeição da Palavra
àqueles que os acolheram mal e rejeitaram o anúncio do evangelho. E a paz
oferecida não se perde, mas volta a quem oferece.
O estilo da missão de Jesus e dos discípulos é
o oposto daquele dos poderosos que o mundo de hoje idolatra. Não se baseia
sobre a vontade de dominar, a arrogância ou a ambição, mas sobre a proposta
humilde. Os enviados não devem levar nada de material, mas devem contar com a
providência divina e com a hospitalidade fortemente praticada naquela época;
eles devem ser respeitosos, atentos aos mais fracos; devem curar os doentes;
devem fazê-lo gratuitamente sem buscar outras recompensas. O Evangelho de Jesus
é uma mensagem de vida verdadeira para quem confia somente em Deus. A fé e a
missão começam no coração e devem terminar nos lábios e nas ações. Não podemos
deixar que o receio atrapalhe a nossa missão cristã de anunciar o Reino de Deus
que está presente entre nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário