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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Convertam-se e creiam na boa nova-Claretianos

Domingo, 25 de Janeiro de 2015
Terceiro Domingo do Tempo Comum
Conversão de Paulo

Jonas 3,1-5.10: Os ninivitas se converteram de suas maldades
Salmo 24: Senhor, ensina-me os teus caminhos
1Coríntios 7,29-31: Este mundo é finito
Marcos 1,14-20: Convertam-se e creiam na boa nova.

14 Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galileia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: 15 "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho." 16 Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 17 Jesus disse-lhes: "Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens." 18 Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no. 19 Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo. 20 Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram.

COMENTÁRIO

As leituras tratam hoje da pregação de Jonas sobre a cidade de Nínive e a pregação de Jesus no início de seu ministério, precisamente “quando prenderam João”, ou seja, ao faltar o profeta. A leitura de Jonas hoje apresenta um conteúdo positivo: o profeta atende ao mandato de Deus que o envia a pregar. Vai, prega e experimenta o êxito de sua pregação, pois a cidade se arrepende. O comentário mais simples para este texto pode ir pela linha da importância da pregação profética para a conversão dos que estão distantes de Deus. É um tema conhecido e faz um paralelismo com o texto do evangelho: Jesus é um novo profeta, que segue uma linha de continuidade com os profetas clássicos, que também se lançam pelos caminhos para pregar uma mensagem de conversão. 
Para ouvintes mais críticos, esta segunda leitura é preocupante, porque o conjunto inteiro do que nela se expressa pertence a um marco de compreensão hoje insustentável: um Deus que mora lá em cima, diretamente imaginado como um grande rei, que envia seu mensageiro para pregar uma mensagem de conversão, mensagem que antes não poderia surtir efeito porque o profeta se recusou a pregar, porém agora é atendido e obedecido pelos ninivitas. “E viu Deus suas obras, sua conversão da vida malvada; compadeceu-se e se arrependeu da catástrofe com que havia ameaçado Nínive e não a executou”. Esta imagem de um Deus lá de cima, que toma decisões, envia mensageiros, insiste com eles, se comunica com os seres humanos por meio desses mensageiros proféticos e que “ao ver” as obras de penitência “se compadece e se arrepende da catástrofe com que havia ameaçado a cidade”... é, obviamente, humana, muito humana, demasiadamente humana, sem dúvida. É claramente um “antropomorfismo”. Deus não é um Senhor que está aí “em cima, ou aí fora”, nem que envie mensageiros, nem é alguém que possa ameaçar, nem que se arrependa... Hoje sabemos que Deus não é assim, que o que chamamos “Deus” é na realidade um mistério que não pode ser reduzido a uma imagem ou a uma imaginação antropomórfica semelhante. 
É bom e até necessário referir-se a esta qualidade de antropomorfismo desta leitura e fazer cair na conta de que não consideramos os ouvintes como crianças, mas que, simplesmente, estamos utilizando um texto composto com mais de vinte e cinco séculos, e que a imagem de Deus que aprece nele é para nós hoje inviável. É importante dizer que pode haver pessoas que se sintam mal ao escutar estas imagens como se estivessem voltando no tempo da catequese infantil. É, pois, recomendável abordar o tema das imagens de Deus e esclarecer que se somos pessoas de hoje, o mais provável é que não nos soe bem a linguagem clássica (ou ancestral) sobre Deus e que temos todo o direito a ser críticos e a utilizar outra. Este poderia ser um bom tema de reflexão central para a homilia de hoje. É mais que suficiente e importante. 
A leitura da carta de Paulo aos Coríntios também pode lançar luz, aliada ao evangelho de Marcos: ante o reinado de Deus, instaurado pela atuação de Jesus – sua pregação, seus milagres, suas controvérsias, especialmente sua morte e ressurreição – todas as realidades humanas adquirem um novo sentido: comprar, vender, chorar, rir, casar ou permanecer celibatário, tudo é diferente e distinto o seu valor. O que é absolutamente definitivo é o exercício da vontade salvadora de Deus, que Jesus veio colocar em marcha. Por isso Paulo pode afirmar que “a apresentação deste mundo termina”, isto é, que Deus faz novas todas as coisas realizando a utopia de seu Reino onde pobres e tristes, enfermos e condenados, excluídos e ofendidos da terra são resgatados e acolhidos e onde os ricos e os poderosos são chamados urgentemente à conversão.
Depois de narrar o começo do evangelho com João Batista, com a unção messiânica de Jesus no rio Jordão e com suas tentações no deserto, Marcos relata, em frases condensadas, o começo da atividade pública de Jesus: é o humilde carpinteiro de Nazaré que agora percorre sua região, a próspera porém mal afamada Galileia, pregando nas aldeias e cidades, nas esquinas dos caminhos, nas sinagogas e nas praças. Sua voz chega a quem quer ouvi-lo, sem excluir ninguém, sem exigir nada em troca. Uma voz ao natural e vibrante como a dos antigos profetas. Marcos resume a totalidade do conteúdo da pregação de Jesus nestes dois momentos: o reinado de Deus começou! Cumpriu-se o tempo de sua espera! Ante o reinado de Deus somente cabe a conversão, a acolhida e a aceitação com fé.
Os que escutavam Jesus lembravam de muitos reinados: o recente reinado de Herodes, o Grande, sanguinário e ambicioso, o reinado dos asmoneus, descendentes dos libertadores Macabeus, reis que haviam exercido simultaneamente o sumo sacerdócio e haviam oprimido o povo, tanto ou mais que os invasores gregos, os selêucidas. Recordavam também os velhos reis do remoto passado, convertidos em figuras de lendas douradas, Davi e seu filho Salomão e a longa lista de seus descendentes que por quase 500 anos haviam exercido sobre o povo um poder totalitário, quase sempre tirânico e explorador. De que rei falava agora Jesus? Do anunciado pelos profetas e esperado pelos justos. Um rei divino que garantiria aos pobres e aos humildes a justiça e do direito e excluiria de sua vista os violentos e os opressores. Um rei universal que anularia as fronteiras entre os povos e faria confluir a seu monte santo todas as nações, incluindo as mais bárbaras e sanguinárias, para instaurar no mundo uma era de paz e fraternidade, somente comparável à era paradisíaca de antes do pecado. Este reinado que Jesus anunciava há dois mil anos na Galileia, continua sendo esperança para todos os pobres da terra. Esse reino que já está acontecendo desde que Jesus o proclamou, porque o seguem anunciando os seus discípulos, os que ele chamou em seu seguimento para confiar-lhes a tarefa de pescar nas redes do Reino os seres humanos de boa vontade. É o Reino proclamado pela Igreja e que todos os cristãos do mundo não se cansam por construir de mil maneiras, todas elas reflexo da vontade amorosa de Deus: curando os enfermos, dando pão aos famintos, saciando a sede dos sedentos, ensinando ao que não sabe, perdoando os pecadores e acolhendo-os na mesa fraterna, denunciando, com palavras e atitudes, os violentos, opressores e injustos. A nós corresponde, como a Jonas, a Paulo e ao próprio Jesus, retomar as bandeiras do reinado de Deus e anuncia-lo em nossos tempos e em nossa sociedade: a todos os que sofrem e a todos os que oprimem e devem converter-se, para que a vontade amorosa de Deus se cumpra para todos os seres do universo.

Oração: Ó Deus, nosso Pai, tu que tudo podes, ajuda-nos a que nos convertamos a ti a cada dia, de modo que levemos sempre uma vida segundo tua vontade e possamos dar abundantes frutos de amor e de justiça. Tu que vives e dás vida pelos séculos dos séculos. Amém.


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