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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Os parentes de Jesus diziam que ele estava fora de si-Padre Antonio Queiroz

24 de Janeiro - Sábado - Evangelho - Mc 3,20-21


Os parentes de Jesus diziam que ele estava fora de si.
 Este Evangelho narra a incompreensão dos próprios parentes de Jesus a respeito dele. “Nem os seus irmãos (primos e parentes) acreditavam nele” (Jo 7,5). A expressão “fora de si” significa o que dizemos hoje: “perdeu a cabeça”.
Jesus não perdeu a cabeça, mas que suas idéias eram muito diferentes da mentalidade do seu povo eram. Basta ver o discurso das bem-aventuranças, em que ele chama de felizes os pobres e os perseguidos por causa do Reino de Deus; o pedido para darmos a outra face para quem nos esbofeteia; o pedido de perdoarmos os nossos inimigos; o sentido que dá para a autoridade: é serviço e não poder; o pedido para darmos também a túnica a quem nos rouba ou toma a capa... Tudo isso, frente à mentalidade do mundo, não só daquele tempo mas também de hoje, é loucura.
A incompreensão de que Jesus foi vítima, até por parte de seus discípulos, ilumina-nos sobre a situação dos cristãos e da Igreja hoje. Muitos não a chamam de “louca”, mas quase.
Logo no versículo seguinte, Marcos fala: “Os escribas vindos de Jerusalém, diziam que Jesus estava endemoninhado”.
Na História da Igreja, todos os cristãos e cristãs que levaram a sério o Evangelho foram taxados de loucos. Por exemplo, S. Francisco, que foi chamado de louco por seu próprio pai, rico comerciante.
Como os parentes de Jesus, também nós queremos reduzir aos limites do “razoável” a chama abrasadora do Evangelho e o escândalo da cruz. Se os santos tivessem pensado em termos “razoáveis”, não teriam sido canonizados. Se nós não arriscarmos as nossas seguranças “razoáveis”, não iremos longe no seguimento de Jesus. Porque o “razoável”, aquilo que todo mundo faz, não passa de mesquinha mediocridade.
Para seguirmos bem a Cristo, precisamos nos deixar conduzir pelo amor, o qual é criativo, é livre, “desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. O amor jamais acabará” (1Cor 13,7-8). Conhecer ou desconhecer Cristo é questão de fé ou incredulidade, de amor ou desamor. A fé e o amor são dons de Deus que ultrapassam o mundo.
“A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, para nós, ela é força de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e confundirei a inteligência dos inteligentes” (1Cor 1,18-19).
Certa vez, numa comunidade religiosa masculina, um irmão ficou com dó do padre superior que estava com uma gripe muito forte. Então resolveu fazer um chá para o padre, que era bastante nervoso.
Ele terminou de preparar o chá às 21:30 horas. Colocou numa bandeja o bule com o chá e uma xícara, subiu a escada e bateu na porta do quarto do superior. Este já veio super nervoso. Abriu a porta e o irmão lhe disse: “Eu vi que o senhor não estava bem de saúde e preparei um chá. Está aqui”.
Mas o superior naquele momento descarregou todo o seu nervosismo: “Eu já estava dormindo e você vem me acordar! Bem agora que estou doente. Onde já se viu!...” Quando ele fez uma pausa, o irmão perguntou: “Então o senhor não vai querer o chá?”
Batendo o pé, o padre respondeu: “Não quero saber de chá não...” Calmamente, o irmão lhe disse: “Então, padre, por favor, segure a bandeja para que eu possa tomar o chá!”
O superior não teve outra saída senão segurar a bandeja, enquanto o irmão, com um sorriso, tomava o chá na frente dele.
“Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10,3). O cristão às vezes toma atitudes que parecem loucura diante do mundo pecador, mas não são nada mais que vivência do Evangelho.
Maria Santíssima tomou uma atitude bastante corajosa e incomum, ficando ao pé da cruz junto do Filho. Que ela nos ajude, quando estivermos sendo atacados e criticados por seguir o Evangelho.
Os parentes de Jesus diziam que ele estava fora de si.



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