02 de fevereiro - Evangelho
- Lc 2,22-40
Estamos diante da plenitude dos tempos. Chegou à hora de se
cumprir a profecia bíblica. Jesus é o Primogênito que deve ser consagrado a
Deus. E consequentemente da purificação de Maria sua mãe. É tempo de pleno
cumprimento da lei de Moisés. Vemos duas leis que se misturam sem serem
diferenciadas. Pois a purificação da mãe era prevista em Levítico 12,2-8 e se
cumpria quarenta dias após o parto. Até aquele momento, a mulher não poderia
aproximar-se de nenhum lugar sagrado, já que era considerada impura por causa
do sangue derramado durante o parto; a cerimônia consistia na oferta de um
cordeiro ou para famílias pobres um par de rolas ou dois pombinhos. Pela oferta
do casal nazareno, se torna evidente a sua condição de pobreza e simplicidade.
Enquanto que a consagração dos primogênitos está prescrita em
Êxodo 13,11-16 e era considerada com uma espécie de “resgate” – lembrando a
ação salvífica quando Deus libertou os israelitas da escravidão do Egito.
Resgatando o próprio filho, o pai dizia: “Te resgato porque eu também fui
resgatado quando o Senhor nos tirou com mão forte da casa da escravidão” (Ex
13,2.11-16). O texto quer mostrar que Jesus não foi dispensado de nenhuma
prática da lei, seus pais foram obedientes a fim de que o destino do menino se
desenvolvesse desde o início conforme as Escrituras. Entretanto, o texto só
acena que se completaram os dias, mas não narra a cerimônia em si talvez para
fazer entender que Jesus não tem necessidade de ser resgatado. Jesus, não é
resgatado, mas aquele que resgata, aquele que salva o seu povo.
Ainda com Simeão, após o canto, ele diz a Maria que o seu menino
vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele
será um sinal de contradição. E quanto a Maria, uma espada traspassará a alma
dela. Normalmente, interpreta-se aqui o anúncio do sofrimento de Maria. Mas
também devemos ver aqui Maria como imagem do povo: Simeão intui o drama do seu
povo, que será profundamente dilacerado pela palavra viva e cortante do
Redentor. Maria representa o percurso: deve confiar, mas enfrentará dores e
escuridões, lutas e silêncios angustiantes. A história do Messias sofredor será
dilacerante para todos, também para Maria. Não se pode seguir a nova luz
destinada ao mundo inteiro sem pagar o preço, sem se arriscar, sem renascer
sempre de novo do alto para uma nova criatura. Mas estas imagens, ou seja, da
espada que transpassa, do menino que fará tropeçar e abalará os corações, não
estão separadas do gesto carregado de sentido dos dois anciãos: pois, enquanto
Simeão recebe o menino em seus braços, para indicar que a fé é encontro e
abraço, não idéia nem teoria; Ana é anunciadora e acende em quem o esperava uma
luz fulgurante.
Enfim, interessante é notar que todo o episódio dá ênfase às
situações mais simples e familiares: o casal Maria e José com o menino no
braço; o ancião que se alegra e abraça, a anciã que prega e anuncia os
interlocutores que aparecem indiretamente envolvidos. E também a conclusão do
texto deixa ver o lar de Nazaré, o crescimento do menino num contexto normal, a
impressão de um menino dotado em modo extraordinário de sabedoria e bondade. O
tema da sabedoria entrelaçada com a vida normal de crescimento e no contexto de
uma cidadezinha Nazaré, deixa um suspense na história: esta se reabrirá
justamente com o tema da sabedoria do menino entre os doutores do templo. E
será exatamente o relato que segue imediatamente.
Quero caro amigo (a) que juntos, façamos uma dura revisão de vida,
nos questionemos. Vejamos tudo o que acontece conosco, à nossa volta, o julguemos
e ajamos sem demora. Veja que a festa da Apresentação do Menino Jesus é também
a nossa, como filhos e filhas consagrados ao Senhor já mesmo desde o ventre
materno.
Depois que juntos ficamos a saber tudo o que Deus fez na vida de
Simeão e Ana, o que mudou em mim e em ti? As palavras de Simeão, suas atitudes,
como também aquelas de Ana, têm um significado especial para mim? Como entendo
esta “espada que traspassa”: reconheço que se trata de um sofrimento na nossa
consciência diante dos desafios e exigências para seguir Jesus Cristo ou acho
que se trata só de um sofrimento íntimo de Maria?
O que este relato pode significar para a tua família de hoje? Para
a formação religiosa dos seus filhos? Para entender o projeto que Deus tem para
cada um de seus filhos, os medos e angústias que os pais carregam no coração,
só de pensar quando os filhos crescerem? Empenho-me periodicamente para fazer
uma revisão de vida com a minha família a fim de ser sempre mais família? Como
marido ou mulher ou filho, filha, tenho a capacidade de me abrir ao diálogo com
a minha família, procurando escutar-lhes e partilhar assim as suas alegrias e
expectativas? Como casado, membro de uma família chamada a viver as virtudes da
Família de Nazaré, me empenho concretamente em prol de outras realidades
familiares da minha comunidade paroquial, diocesana em dificuldade para
realizar a grande família cristã, a Igreja de Cristo? Sou um bom cumpridor de
minhas obrigações familiares e cristãs? Participo regularmente dos convívios
familiares ( jantar, almoço, festas e…) bem como das celebrações litúrgicas (
missas, para-liturgias ) ou procuro sempre desculpas para não me fazer
presente? Deixo-me guiar pelo Espírito Santo como Simeão? Como faço para
escutar hoje o Espírito Santo? Também entendo que o seguimento ao Messias é
algo que implica compromisso e que também pode ser como uma espada que
atravessa o coração? Posso medir meu crescimento de forma equilibrada como
Jesus? Há partes de mim que crescem e outras que não saem do lugar? Quais? E
meus olhos, já conseguiram ver a salvação que Jesus veio me trazer?
Pai, a exemplo de Simeão e de Ana, faze-me penetrar no mais
profundo do mistério de teu Filho Jesus, faze que os meus olhos vejam a
Salvação que vem de Vós e como eles vos proclame aos membros da minha família.
Amén!
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