21 de Janeiro -
Quarta - Evangelho - Mc 3,1-6
Padre Antonio Queiroz
É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?
Este Evangelho narra a cura do homem que tinha a mão seca. Jesus
entrou na sinagoga e viu o doente lá no canto da sinagoga. Como era sábado,
alguns observavam para ver se ele ia curar o homem no sábado, pois, segundo a
tradição deles, era proibido.
Jesus falou para o homem: “Levanta-te e fica aqui no meio”. Em
seguida perguntou ao povo: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?
Salvar uma vida ou deixá-la morrer?”
A lei do descanso sabático foi criada para beneficiar o povo.
Portanto, no sábado é permitido fazer o bem e curar uma pessoa doente!
Entretanto, devido a essa cura, já tramaram a morte de Jesus.
O nosso saudoso Papa João Paulo II, na preparação para o jubileu do
ano 2000, apresentou esta frase de Jesus: “Levanta-te e fica aqui no meio”,
como a nossa missão do terceiro milênio.
Jesus chamou o homem para o espaço central da sinagoga porque ele
estava na beira da parede, separado do povo, humilhado, pois sua doença era
considerada castigo de Deus. Jesus fez um gesto de inclusão, o contrário do que
a sociedade atual faz: exclusões de diversos tipos e pelos mais diversos
motivos.
Em vários outros momentos, Jesus procurou incluir quem estava
excluído: no encontro com a samaritana, com a mulher adúltera, com Zaqueu, com
o cego de Jericó...
Olhando os 2014 anos de presença da Santa Igreja no mundo, e os 514
anos no Brasil, vemos que ela fez muitos gestos de inclusão. Basta olhar as
Santas Casas do Brasil que foram criadas pela Igreja, o trabalho dos
vicentinos, das pastorais sociais, todo o trabalho missionário e de
evangelização que tira o povo da marginalização religiosa...
Mas ainda existem entre nós, infelizmente, muitas exclusões:
desemprego e subemprego, prostituição, hospitais cheios de leitos vazios,
esperando os ricos, enquanto o povo do bairro não tem atendimento médico...
Queremos pedir perdão a Deus, e continuar fazendo o mesmo convite
de Jesus: “Levanta-te e fica aqui no meio”, mesmo que soframos ameaças como ele
sofreu.
Assim nós atender ao apelo do Papa João Paulo II, já que temos a
graça de viver no terceiro milênio: venha para o centro da vida, saia da margem
da sociedade,vença a exclusão!
Queremos fazer virar verdade as palavras do Profeta Isaías: “Não
haverá mais crianças que vivam apenas alguns dias, nem velhos que morram antes
dos cem anos. Construirão casas, e nelas habitarão. Plantarão vinhas, e
colherão seus frutos. Ninguém vai construir para outro morar, nem plantar para
outro comer. E todos serão abençoados por Deus. O lobo e o cordeiro pastarão
juntos, e o leão comerá capim junto com o boi” (Is 65,20-25).
Se olharmos a História da Igreja, veremos que todos os santos e
santas fizeram isso, incluíram os excluídos.
Jesus nos faz um apelo missionário. Ao chamar para o centro esse
homem de mão ressequida, ele nos convida a participarmos da festa da inclusão.
É sempre assim: quando alguém procura incluir uma pessoa marginalizada, esse
seu gesto se torna um convite a todos os marginalizadores a se converterem,
passando a incluir as pessoas na sociedade, em vez de excluí-las. O certo é
colocar a pessoa em primeiro lugar, a vida acima dos bens materiais e das leis,
como fez Jesus em relação à lei do sábado.
A nossa sociedade atual tem muitos valores, mas tem também
malandragens terríveis. Por exemplo, o disfarce. Vale para ela o que disse o
Profeta Jeremias: “Vós tratais com negligência as feridas do meu povo, e
dizeis: ‘Está indo tudo bem’; quando, na verdade, está indo tudo mal” (Jr
6,14). Como é importante as nossas Comunidades serem luz no meio dessa geração!
Certa vez, Frei Galvão estava pregando numa cidade, e um homem
resolveu dar de presente para ele três frangos. Pegou os frangos no seu
terreiro e os levou para a casa paroquial, onde o Frei Galvão estava hospedado.
Aconteceu que, ao entregá-los ao Frei, um dos frangos escapou. O
homem instintivamente deu um xingo, dizendo: “Frango do diabo!” Correu, pegou o
frango na rua e o trouxe. Mas Frei Galvão falou: “Eu só aceito estes dois. Este
aí não, porque você o deu para o diabo”.
Imagine a lição que o homem levou, ele que havia falado aquilo sem
nem perceber! Mas é o “bendito” costume de falar palavrões. Muita gente de vez
em quando se esquece de que foi batizado.
Ser profeta é um dos trabalhos mais bonitos de inclusão, porque
aproxima as pessoas de Deus, o qual nos faz felizes em qualquer situação em que
estivermos. Frei Galvão foi profeta não só para aquele senhor, mas para todos
os que viram a sua atitude.
E quando formos convidar alguém para o centro da vida, convidemos
também Maria Santíssima, porque ela é a nossa mãe, a nossa rainha, a mais bela
flor que o universo produziu.
É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?
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