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de Janeiro - Terça - Evangelho - Mc 2,23-28
O Evangelho de hoje traz algo que nós evitamos
aprofundar sobre o assunto: Jesus transgrediu alguma regra? Pois é, Ele se
colocou acima da tradicional regra de que o sábado é o dia do descanso. E isso
é um fato que precisamos aprofundar hoje… Será que estamos seguindo alguma
regra que nos impede de seguir a maior de todas as regras?
A tradicional regra do sábado impunha que
ninguém deveria trabalhar neste dia, já que foi o dia escolhido por Deus, desde
a criação do mundo, para o descanso. Os judeus levavam isso tão à sério que
foram criando regras cada vez mais rígidas para o sábado. Eles instituíram uma
distância máxima que era permitido caminhar, proibiram o uso de sandálias que
precisassem amarrar as correias, e nem os curandeiros podiam trabalhar, a não
ser em caso de risco de morte.
O sábado foi instituído e oferecido ao homem
como algo muito precioso, como um bem, um favor divino. Figueiredo traduz: “O
sábado foi feito em contemplação do homem”. O sentido evidente é que o sábado
foi instituído para o bem estar físico, moral e espiritual das criaturas
humanas. O sábado é assim uma instituição a favor do homem, em seu benefício,
uma bênção grandiosa. Só uma perversa distorção do texto poderia levar à
conclusão de que o sábado deva ser considerado contrário ao homem.
Deus não criou o homem porque Ele tivesse um
sábado necessitando ser guardado por alguém. Ao contrário, criara primeiro
homem , e depois o sábado para atender-lhe às necessidades de repouso e
recreação espiritual. Assim o sábado lhe seria uma bênção e não uma carga. O
farisaísmo dos dias de Cristo obscurecera o verdadeiro caráter do sábado. Os
rabinos o acumularam de exigências esdrúxulas que o tornaram um fardo quase
insuportável. A atitude de Cristo para com Seu santo dia foi de reverência e
não de desprezo.
As regras foram ficando tão estapafúrdias que
deixaram de lado a razão e o bom senso. Jesus chegou para abalar essas regras
que desvirtuavam o sentido original do dia de descanso. “O sábado foi feito
para o homem, e não o homem para o sábado.” Com essa frase Ele resume o que a
nova lei, que Ele veio instituir, pensa a respeito do “dia de descanso”. O
sábado não está acima do nosso dever maior que consiste em fazer o bem às
pessoas da mesma forma que nós gostaríamos que elas nos fizessem bem. E nessa
frase você pode trocar o “fazer o bem” por amar, perdoar, acolher, ajudar,
compreender, sorrir, entender, porque essas são as atitudes de quem na verdade
imita e segue o Mestre do Amor que Jesus. Pois se vos amardes uns aos outros o
mundo vos reconhecerá que sois meus discípulos. E São João nos diz que Deus é
amor, quem ama permanece em Deus.
Pensemos então nas regras que aprendemos a
seguir sem pensar, e lembremo-nos que nenhuma delas está acima da maior de
todas: a Regra do Amor. E o amor não tem dia nem hora. Todos os dias e horas
são propícios para a prática do amor. Não podemos ter alguma dívida contra o
próximo a não ser a dívida do amor.
Portanto, o amor é o caminho que abre a
prática da liberdade em relação às restrições legais religiosas que ofusca a
vida do povo. Ele é o caminho da vida, na contramão da ordem do poder opressor
e desumano.
Como cristãos somos chamados a abrir caminhos
que para, pelo e por amor rompam as cercas levantadas pelo sistema do poder,
que gera ódio, vingança, injustiças, fome e morte de todos os homens e
mulheres. E nesta luta não temos dia nem horas. O nosso Guia nos disse: Meu Pai
trabalha todos os dias e eu também trabalho. Assim, sendo, não temos que
procurar descanso, a não saber que fazemos a santa vontade de Deus.
Senhor Jesus ensinai-me a ser generoso, a
servir-Vos como Vós o mereceis. A dar-me sem medias, a combater se cuidar das
feridas. A trabalhar sem procurar descanso. A gastar-me sem esperar outra
recompensa. Senão saber que faço a vossa vontade santa. Amén!
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