22 de Janeiro - Quinta
- Evangelho - Mc 3,7-12
Os espíritos maus gritavam: “Tu és o Filho de Deus!” Mas Jesus
ordenava severamente para não dizerem quem ele era.
Este Evangelho narra que grandes multidões, vinda de toda a
Palestina, se reuniam em torno de Jesus. Isto é um prelúdio da fundação de
Igreja, o novo Povo de Deus, que Jesus iniciará logo a seguir, com a
instituição dos doze Apóstolos. A presença de pagãos, gente de Tiro e Sidônia,
indica a universalidade da Igreja.
O assédio da multidão, comprimindo Jesus, indica que o que o povo
queria não era tanto ouvir a Boa Nova para se converter, mas receber milagres.
Este não é o ambiente propício para se revelar que Jesus é o Messias, pois
haveria o perigo de um mal-entendido, identificando o Messias com um simples
curandeiro, tão distante do Messias sofredor. O próprio significado dos
milagres corria o perigo de ser distorcido, pois estes eram feitos em função do
Reino de Deus, não simplesmente cura por cura.
Por isso Cristo não se entusiasma com o fervor popular, e até
“pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão,
para que não o comprimisse..., pois as pessoas jogavam-se sobre ele para
tocá-lo”, atitudes que cheiram fanatismo e delírio.
Marcos cita frequentemente a presença de demônios, porque eles são
os únicos que descobrem que Jesus é o Messias, pois percebem que Jesus não se
dobra às suas armadilhas e está acima deles, podendo assim destruir a
influência deles sobre o povo.
O Reino de Deus é mais eficácia que triunfalismo. O nosso desafio,
nas Comunidades cristãs, é passar de uma multidão gregária para um Povo de Deus
consciente, que confia, não tanto em seus líderes, mas na força da própria
união e organização, com Cristo no meio.
Certa vez, um pai de família bem idoso, que estava às portas da
morte, chamou seus filhos e disse-lhes: “Vão e tragam-me cada um, uma vara”.
Quando os filhos trouxeram as varas, o pai as ajuntou-as num só
feixe, e disse aos filhos: “Quero ver qual de você quebra este molho, sem
desatar as varas”.
O mais velho tentou fazê-lo, mas não conseguiu. O mais novo, de
pulso forte, colocou o feixe no joelho, mas nem assim conseguiu. Assim, todos
tentaram, mas não conseguiram quebrar o feixe de varas.
Então o pai desatou o molho e, tomando as varas uma por uma,
quebrou todas, apesar da sua fraqueza.
Depois explicou a lição aos filhos: “Se vocês forem unidos como
essas varas, ninguém os vencerá. Se viverem separados, serão facilmente
vencidos”.
A Comunidade é povo unido; a multidão são pessoas separadas, apesar
de estarem uma ao lado da outra. Que formemos Comunidades unidas, conscientes,
organizadas e de muita fé.
Que Maria Santíssima, a Mãe da família de Nazaré e da Igreja, nos
faça cada vez mais membros conscientes de nossa Comunidade.
Os espíritos maus gritavam: “Tu és o Filho de Deus!” Mas Jesus
ordenava severamente para não dizerem quem ele era.
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