29
de Janeiro - Quinta - Evangelho - Mc 4,21-25
A pessoa que recebeu a Palavra de Deus de bom
grado em seu coração há de frutificar grandemente, de maneira que todos possam
ver os seus frutos. Daí a parábola da candeia, que revela a posição que ocupará
no reino espiritual aquele que se deixou transformar completamente pela semente
da Palavra. Marcos apresenta alguns ditos de Jesus que são
encontrados, dispersos, em Mateus e Lucas. O dito a respeito da lâmpada sobre o
candelabro é encontrado no evangelho de Mateus, introduzido pela proclamação:
“Vós sois a luz do mundo!” no início do Sermão da Montanha. Assim, o testemunho
dos discípulos deve ser uma luz para o mundo. No ensinamento de Jesus, não há
nenhuma falsidade oculta, como na doutrina dos fariseus, nem ensinamento
reservado a grupos elitizados, como no gnosticismo.
“E disse-lhes: Vem porventura a candeia para
se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? Não vem antes para se colocar
no velador?” – Marcos 4:21
O candelabro era a lâmpada dos tempos de
Jesus. Na parábola, a candeia significa a luz de Deus que brilha através de
alguém que realmente teve uma experiência pessoal com Jesus. Sua vida vai
manifestar um brilho especial como que dizendo ao mundo que se achou o caminho
da paz, da alegria, da fé, que as pessoas tanto procuram. O papel da Palavra de
Deus no coração do homem é justamente este, o de tirar o homem das trevas do
ódio e da amargura, e coloca-lo na luz do amor de Deus. Uma vez que o indivíduo
teve essa experiência e vai crescendo mais e mais no conhecimento de Deus, a
luz de Cristo no seu interior vai brilhar cada vez mais intensamente a fim de
se manifestar aos homens que ainda vivem nas trevas (João 1:4-5; I João 1:5-7)
“E disse-lhes: Vem porventura o candelabro
para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? Não vem antes para se
colocar no velador?” – Marcos 4:21
O texto diz que a lamparina não vem para ser
deixada num lugar qualquer da casa, mas sim no velador que sempre era
posicionado em lugares altos de onde podia iluminar toda a casa. Jesus está
dizendo que aquele que teve uma experiência genuína com Deus e que está
crescendo em maturidade através da semente plantada em seu coração, certamente
será posicionado em lugares cada vez mais estratégicos no reino espiritual de
maneira que possa abençoar as pessoas de forma mais eficaz. Quem nos posiciona
em lugares altos é o Senhor nosso Deus. Ele conhece o nosso coração e sabe se
de fato temos frutificado e sido abençoadores de outras vidas. Aquele que é
fiel no pouco sobre o muito será colocado (Mt. 25:23).
“Porque nada há encoberto que não haja de ser
manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto” – Marcos
4:22.
Jesus disse que nada está encoberto senão para
vir à luz. Ele está querendo dizer que assim como uma semente plantada na terra
permanece oculta por um certo tempo, vindo depois à luz, da mesma forma, toda
semente divina plantada no coração do homem, tende a manifestar-se no seu
devido tempo, revelando sua espécie. Aquele que tem recebido pela fé a Palavra
de Deus em seu coração, mais cedo ou mais tarde, terá a alegria de ver esta
Palavra manifestada aos homens, pelas novas atitudes e obras praticadas. A luz de
Deus deixará de estar no oculto do coração, para ser algo notório a todos os
homens (Gálatas 5:22-23)
“Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” –
Marcos 4:23. Os versículos seguintes aos mencionados acima mostram que, para
que a luz venha a de fato manifestar-se, é necessário que o homem, canal da
luz, seja um bom ouvinte da Palavra. Os versículos 23 e 24 dizem: “Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça. Também lhes disse: Atendei ao que ouvis”. Os ouvidos
precisam atentar a toda palavra que sai da boca de Deus, porque destas viverá o
homem (Dt. 8:3 b). O solo que frutificou na parábola do semeador foi aquele
que, antes de tudo, ouviu a Palavra e a recebeu, e só então pôde dar o fruto
esperado. Antes da frutificação vem o receber, e antes do receber vem o ouvir. A
pergunta que queremos deixar aqui é sobre como temos ouvido a Palavra. Não o
ouvir com os ouvidos naturais, mas com os ouvidos do coração. Porque toda
frutificação depende de ouvidos sensíveis e receptivos ao que Deus está
falando.
“E disse-lhes: Atendei ao que ides
ouvir. Com a medida com que medirdes vos medirão a vós, e ser-vos-á ainda
acrescentada a vós que ouvis.” – Marcos 4:24-25
Quem ouve as palavras de Jesus e as acolhe não
condena, mas pratica a misericórdia. Quem faz um julgamento usando a
misericórdia como medida alcançará, por sua vez, misericórdia em abundância.
A sentença final pode ser um provérbio popular
da Antigüidade, que interpreta as relações socioeconômicas daquelas sociedades,
no mundo grego-romano e oriental. O rico acumula cada vez mais riquezas, à
custa dos pobres, cada vez mais empobrecidos. Com certo constrangimento, seria
aplicado na perspectiva da fé. Quem tem a fé vai se fortalecendo cada vez mais,
enquanto aquele que não a tem, vai se debilitando.
Com que intensidade nós queremos ver a
manifestação do brilho de Deus em nossas vidas? Qual o posicionamento no reino
espiritual que esperamos da parte de Deus? Todas estas questões dependem
de como nos debruçamos de coração ao que estamos a ouvir da parte de Deus. A medida
de unção, revelação e autoridade espiritual dependem de uma atitude cada vez
mais positiva em relação à Palavra de Deus a nós ministrada. Se a desprezarmos
ela não terá proveito para nós; mas se a valorizarmos, Deus nos acrescentará
mais e mais de tudo o que ela oferece (Jeremias 29:13; 33:3).
Que toda transformação do nosso coração,
operada por Deus e por Sua Palavra, possa resultar na iluminação de milhares de
pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário