Chamou os que ele quis, para que ficassem com ele e para enviá-los.
Este Evangelho narra o chamado dos doze Apóstolos, palavra de origem
grega que significa “enviados”. O número doze evoca as doze tribos de Israel.
O texto começa dizendo que Jesus “subiu ao monte”. É uma expressão com
reminiscências bíblicas muito marcantes. Os montes da Bíblia, mais que acidente
topográfico, são lugares de teofania, isto é, de presença, revelação e ação de
Deus. Por exemplo, o monte Sinai, o monte Horeb, o monte das bem-aventuranças,
o da transfiguração... Este citado no Evangelho de hoje se tornou o monte da
investidura apostólica.
A intenção de Jesus não foi criar um grupo separado do povo, mas guias
para a Igreja, o novo Povo de Deus, que ele começava a fundar.
“Chamou os que ele quis.” A vocação é de iniciativa divina. Por que Deus
chama a este e não aquele ou aquela, é mistério que não entendemos. O certo é
que, para uma missão ou outra, todos somos chamados. E a gente só é feliz,
vivendo na vocação que Deus nos deu.
“Chamou-os para que ficassem com ele e para enviá-los.” Primeiro, nós
ficamos junto de Jesus, a fim de aprender dele a Boa Nova do Reino de Deus.
Aprender e viver. Depois é que somos enviados. Foi o que aconteceu com esses
Apóstolos. Só mais tarde é que foram enviados a pregar. E mesmo depois de
enviados, Jesus sempre os chamava para um descanso, confraternização e oração
juntos. Se não fazemos isso, nós nos esvaziamos; ninguém dá o que não tem.
“Como é bom, como é agradável os irmãos viverem juntos!” (Sl 133,1).
“Deu-lhes autoridade para expulsar demônios.” Ao enviá-los, Jesus os
capacitou para a missão, dando-lhes todos os recursos e condições necessárias
para cumprirem bem a tarefa.
Na lista dos Apóstolos, aparece em primeiro lugar Pedro, que é o chefe,
o centro de unidade do grupo e de toda a Igreja. Judas Iscariotes aparece em
último lugar porque foi o traidor. É importante pensar bem, antes de assumir
uma vocação, porque precisamos perseverar até a morte, como fizeram os onze
Apóstolos.
No grupo dos Apóstolos havia grande diversidade de caracteres, de
temperamentos, de culturas, de mentalidades, de origem... São as diferenças que
fazem a riqueza de um grupo. A convivência se torna, às vezes, difícil, mas é
preferível.
Consta-nos que quatro deles eram pescadores: Pedro e André, Tiago e
João. Mateus era funcionário público. Simão, o zelota, foi membro da
resistência aos romanos. Filipe era um judeu aberto. Tiago era, ao contrário,
muito conservador. E os outros eram gente simples e desconhecida do povo.
Nenhum foi influente na sociedade nem intelectual. Como se vê, para realizar a
sua obra, Jesus preferiu gente que não tinha peso social, para que se
manifestasse melhor a ação e a força salvadora de Deus.
O Pe. Pedro Donders viveu no Séc. XIX no Suriname. Ele era diretor
espiritual de um leprosário chamado Batávia, uma vila que abrigava quatrocentos
doentes. Donders conhecia a todos e era amigo deles.
Um dia, o governo mandou que fossem retiradas da vila todas as crianças,
para que não fossem contaminadas.
Os pais protestaram. Em toda parte, só se ouvia gritos e choro, e
impediam a saída dos seus filhos. Nem a polícia deu conta de retirá-los.
Pediram a ajuda do Padre Donders. Ele reuniu os pais rebeldes e
mostrou-lhes que se tratava da saúde dos seus filhos. Depois, com bondade e
acolhimento, procurou ouvir cada um, resolvendo as dúvidas e esclarecendo.
Resultado: o povo caiu em si, acalmou-se e permitiu a saída das crianças.
Sobrou apenas um senhor que havia fugido para o mato, prometendo se
matar, se levassem o seu filho. Donders foi atrás dele e o convenceu. O homem
voltou e entregou-lhe seu filho.
Donders é redentorista e foi beatificado. É o bem-aventurado Pedro
Donders.
Quando Deus chama uma pessoa para determinada missão, capacita-a e
dá-lhe todas as condições para exercer bem a sua vocação.
Quando Jesus subiu para o céu, os Apóstolos se sentiram muito confusos e
até meio perdidos. Maria Santíssima foi ficar com eles, aguardando a vinda do
Espírito Santo (Cf At 1,14). Que Maria nos ajude também a vivermos a nossa
vocação, especialmente nas horas difíceis.
Chamou os que ele quis, para que ficassem com ele e para enviá-los.
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