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de Janeiro- Sexta - Evangelho - Mc 4,26-34
Evangelho -
Mc 4,26-34
Jesus faz hoje uma discriminação feita sem saber
a razão de por que foi escolhida por Jesus. Os discípulos tinham ocasião de
saber o significado verdadeiro das comparações, por vezes não muito claras para
o ouvinte geral. O caso mais evidente é o do semeador e os diversos terrenos em
que a semente cai. O público em geral podia ficar com a idéia de que a semente
da palavra era recebida de formas mui diversas pelos ouvintes, mas a razão
destas diferenças só era explicada aos que, interessados, perguntaram junto aos
doze pela explicação da mesma (Mc 4, 13-20). O encontro com a palavra é um dom
de Deus, mas a resposta à mesma depende da vontade e do interesse de cada um. A
explicação correspondente sempre a receberá quem esteja interessado em saber a
verdade. Na primeira destas parábolas do dia de hoje temos a exposição de
como o Reino se expande com uma força que não depende dos homens, mas do
próprio Deus. Poderíamos dizer que descreve a força interna do Reino.
Na segunda parábola encontramos a visão externa do Reino. Seu
crescimento seria espetacular desde um pequeno grupo insignificante como é a
semente da mostarda que se parece com a cabeça de um alfinete, até uma árvore
que nada tem a invejar os carrascos da Palestina.
Uma certeza é evidente: o Reino é uma realidade que não se pode
ignorar. Em que consiste? Jesus não revela sua essência, mas devido ao nome
estamos inclinados a afirmar que o Reino como nova instituição é uma irrupção
da presença de Deus na História humana, que seria uma revolução e uma conquista,
não violenta, mas interior do homem, e que deveria mudar a religião em primeiro
lugar e as relações sociais em segundo termo. Numa época em que revoluções
externas e lutas pelo poder estavam unidas a uma teocracia religiosa era
perigoso anunciar a natureza verdadeira do Reino. Daí que só as externas
qualidades do Reino tenham sido descritas e de modo a não levantar reações
violentas. O reino sofrerá violências, mas não será o violentador.
Se quisermos apurar as coisas, poderíamos atribuir ao Reino uma universalidade
que não tinha a Antiga aliança. Mas isto é esticar as coisas além do estado
natural das coisas e da narração de hoje no evangelho de Marcos.
Nessa parábola, Jesus encoraja a esperança de sua comunidade! Qual
é a semelhança entre o Reino de Deus e um grão de mostarda?
Ambos parecem quase nada, insignificantes no começo e tornam-se
muito grandes em seus resultados!
As aves do céu representam as diferentes nações, povos que ao longo
da história, vão aderindo ao projeto de Deus, semeado por Jesus e sua Igreja,
pelo qual o Reino de Deus cresce, cresce, sem parar, lenta e progressivamente,
porque a seiva desta grande árvore é o Amor de Deus, mais forte que a morte!
(Ct 8,6).
Agora olhemos para nossa realidade. Podemos dizer
que vivemos numa cultura caracterizada como cultura do instantâneo e do
espetáculo, pelo qual esta proposta de um reino que inicia pequenino, que
cresce lentamente, quase sem se perceber, é, sem dúvida,
contra-cultural. Por isso, as parábolas de Jesus são um convite, ou melhor,
uma proposta ousada, que requer a resposta dos ouvintes. Em primeiro lugar,
convida-nos a erguer os olhos e ver os campos, pois já branquejam para a ceifa,
propõe-nos descobrir o que já está crescendo lentamente, florescendo
silenciosamente, e até dando fruto do reino ao nosso redor.
Pai, dá-me sensibilidade para perceber teu Reino acontecendo no
meio de nós, aí onde lutamos para a construção de uma sociedade mais humana e
fraterna.
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