Domingo,
04 de Janeiro de 2015
Festa
da Epifania do Senhor
Rigoberto, Yolanda
Isaías 60,1-6: A
glória do Senhor amanheça sobre ti
Salmo 71: Que te
adorem, Senhor, todos os povos
Efésios 3,2-3a.5-6:
Agora se revelou que também os gentios são coerdeiros
Mateus 2,1-12: Vimos
do Oriente para adorar o rei.
1
Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que
magos vieram do oriente a Jerusalém. 2 Perguntaram eles: Onde está o rei dos
judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo. 3
A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele. 4
Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde
havia de nascer o Cristo. 5 Disseram-lhe: Em Belém, na Judéia, porque assim foi
escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a
menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará
Israel, meu povo(Miq 5,2). 7 Herodes, então, chamou secretamente os magos e
perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido. 8 E,
enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando
o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo. 9 Tendo
eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto
no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e
ali parou. 10 A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria. 11
Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele,
o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro,
incenso e mirra. 12 Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para
sua terra por outro caminho.
COMENTÁRIO
A
época em que foi escrito esta parte do livro do profeta Isaías (terceiro
Isaías), corresponde à restauração, isto é, ao regresso dos exilados a
Jerusalém da Babilônia, regresso à grande cidade de Deus. Quando este grupo de
exilados chegou ao Israel, encontrou suas cidades destruídas, seus campos abandonados
ou apropriados por outras famílias, as muralhas derrubadas e o templo, o lugar
onde Javé habitava, incendiado. Esta dramática realidade provocou um total
desânimo. A partir da visão dessa realidade, as esperanças e motivações todas
foram dirigidas para a reconstrução das casas e campos, deixando de lado a
restauração do templo e, com isso, a confiança na vinda gloriosa de Javé, que
traria a Israel a salvação plena na mesma história. Isaías anima a fé de seu
povo, convida-o a colocar novamente sua fé e seu coração na força salvadora de
Javé, que irá trazer a paz e a justiça a seu povo, por isso Jerusalém será uma
cidade radiante, cheia de luz, a presença de Deus como rei fará dela uma grande
nação, diante dela se prostrarão todos os povos da terra. O profeta manifesta
com esta grande revelação que Deus é quem dará início a uma nova época para
Israel, uma época onde reinará a luz de Deus e serão destruídas todas as forças
do mal, pois Deus se faz presente em Israel e mais ninguém poderá causar-lhe
dano.
Esta
visão profética possui uma compreensão muito reduzida da ação salvífica de
Deus, já que é assumida como uma promessa que se cumprirá em benefício única e
exclusivamente do povo de Israel e não de toda a terra. Paulo, na carta
aos Efésios, ampliará essa compreensão, afirmando que a salvação vinda de Deus,
através de Jesus, é para “todos”, judeus e pagãos. O plano de Deus, segundo
Paulo, consiste em formar um só povo, uma só comunidade crente, um só corpo,
uma só Igreja, um organismo vivo capaz de comunicar a toda a criação a vida e a
salvação outorgada por Deus. A carta aos Efésios expressa que o mistério
recebido por Paulo consiste em que a Boa Nova de Cristo se torne efetiva também
aos pagãos, eles são coerdeiros e membros desse mesmo corpo; isto significa que
Deus se revelou a toda a humanidade, age em todos, salva a todos, reconcilia a
todos sem exceção.
O
evangelho da festa da Epifania, confirma este caráter universal da salvação de
Deus. Mateus expressa, por meio deste relato simbólico, a origem divina de
Jesus e sua tarefa salvadora como Messias, como rei de Israel, herdeiro do
trono de Davi. Pra isso o evangelista insiste em nomear com exatidão o lugar
onde nasceu Jesus e em confirmar, através do Antigo Testamento, que com sua
presença na história se cumpriram as palavras dos profetas. Por outro lado, a
rejeição deste nascimento por parte das autoridades políticas (Herodes) e
religiosas (sumos sacerdotes e escribas) do povo judeu e a alegria infinita dos
magos, vindos do Oriente, anunciam desde já esse caráter universal da missão de
Jesus, a abertura do evangelho aos pagãos e sua vinculação à comunidade cristã.
A Epifania do Senhor é a celebração precisa para confessar nossa fé em um deus
que se manifesta a toda a humanidade, que se faz presente em todas as culturas,
que age em todos, e que convida a comunidade dos crentes a abrir suas portas às
necessidades e pluralidades do mundo atual.
No
tempo em que vivemos, marcado radicalmente pelo pluralismo religioso e marcado
também, crescentemente, pela teologia do pluralismo religioso, o sentido do
“missionário” e da “universalidade cristã
“mudaram
profundamente. Até agora em muitos casos o missionário era sinônimo de
proselitismo, de “converter ao cristianismo” os “gentios”, e a “universalidade
cristã” era entendia como centralidade do cristianismo: éramos da religião
central, a (única) querida por Deus, e portanto, a religião-destino da
humanidade. Todos os povos (universalidade) estavam destinados a abandonar sua
religião ancestral e fazer-se cristãos... Tarde ou cedo o mundo chegaria a seu
destino: o de ser “um só rebanho, com um só pastor”...
Nos
dias de hoje tudo isto está mudado, ainda que muitos cristãos (incluídos muitos
de seus pastores) ainda sejam seguidores da visão tradicional. Hoje é um bom dia
para apresentar estes desafios e para aprofundá-los Não desperdicemos a
oportunidade para atualizar também pessoalmente nossa visão nestes temas. No
site de nome:
servicioskoinonia.org/relat
- existem muitos materiais para debate e estudo do tema, seja em reuniões ou na
catequese (o material do Site está em espanhol).
No
Novo Testamento, além de João 7,42, encontramos referência a Belém nas
narrações de Mateus 1 e Lucas 2 a respeito do nascimento do Salvador na cidade
de Davi. A tradição de que o Messias devia nascer em Belém tem sua base no
texto de Miqueias 5,2, onde consta que de Belém Éfrata devia sair aquele que
governaria Israel e seria pastor o povo. Hoje já sabemos que Jesus nasceu
provavelmente em Nazaré e que a afirmação de que nasceu em Belém é uma
afirmação com intenção teológica.
O
termo “magos” procedo do grego “magoi” que significa matemático, astrônomo e
astrólogo. Estas duas últimas disciplinas se identificavam na antiguidade, por
isso ambas podiam estudar o destino e o desígnio das pessoas. Isto significa
que os “reis magos” não foram nem reis nem magos no sentido atual destas
palavras; teriam sido astrólogos ou estudiosos do céu. Foi o teólogo e advogado
cartaginês Tertuliano (160-220 d. C.) que assegurou que os magos seriam reis e
que procederiam do Oriente. Na visita dos Magos a Jesus, os padres da Igreja
viram neles o símbolo da realeza (ouro), da divindade (incenso) e a paixão
(mirra) de Cristo.
Oração: Senhor, nosso Deus e nosso Pai: em um dia como este
Jesus foi reconhecido pelos magos vindos do Oriente; faze que os que te buscam,
encontrem e sigam as estrelas que tu colocas em seu caminho e aqueles que já te
encontramos possamos contemplar um dia, face a face, a glória de teu rosto. Por
Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário