DIA 09- QUARTA -
Estamos diante de um tripé de
tentações que se resumem em: poder, prazer e posse. Depois que Jesus foi
batizado por João Batista, foi levado ao deserto pelo Espírito para ser tentado
pelo diabo. Que paradoxo: Deus Pai confirma a identidade do Seu filho, já o
inimigo se aproxima e logo em seguida desafia o Mestre colocando em dúvida sua
divindade. Como vimos neste texto, Jesus inicia
seu ministério com jejum, penitência e oração. Exercícios extenuantes e de
grande esgotamento. O diabo aparece então para tentá-lo. Podemos perceber aqui
que, esse momento, não se refere apenas às aflições normais do ministério. Há
algo mais complexo que – creio eu – Jesus quer nos ensinar. Uma prova em
particular. O dono da Salvação contra o pai da perdição. Vida contra a morte.
Essa guerra não foi só exterior, como
vemos relatado, mas também uma luta interior. Jesus não enfrentaria somente
perdas materiais, desprezos, oposições de religiosos, mas, também, confrontos
espirituais.
A primeira tentação foi no deserto
onde Satanás sugere a Cristo que as pedras se transformem em pão. Cristo teria
poder de fazer isto. Se Ele transformou água em vinho, andou sobre as águas,
fez paralíticos andar, ressuscitou mortos e acalmou tempestades, não poderia
transformar pedras em pães? Com certeza, sim! Mas isto incluiria obedecer a
Satanás e, em segundo lugar, teria “o alimento, o pão sem Deus”. Hoje isto
significa conseguir riquezas sem Deus, trabalho desonesto, jogos de azar, burlar
impostos, etc.
A segunda tentação foi a do pináculo
do Templo onde foi sugerido malignamente que saltasse dali e desse ordem aos
anjos para que o guardasse e isso com base num princípio bíblico. Satanás é
sagaz e usa a Bíblia também. Mas o grande erro seria usar as coisas divinas ao
seu prazer. Adaptar a Bíblia ao nosso gosto. “A fama ou prestígio sem Deus”. Um
atalho para ser aclamado. Um reconhecimento fora de ordem. Foi uma tentativa
maligna de “provar” o que não é necessária nenhuma prova.
A terceira tentação foi a do monte
onde a glória deste mundo foi mostrada e ofertada, mas não gratuita e sim
negociada. Ele poderia ter a glória deste mundo se prostrasse e adorasse a
Satanás. Seria “poder ou governo sem Deus”. Se Jesus aceitasse, seria a glória do
mundo sem a cruz, ou seja, sem Salvação. Hoje seria ter autoridade, reinar,
subjugar, mas não sujeito a Deus e sim ao inimigo de Deus.
Mas Ele venceu as três tentações com
três frases “está escrito”. Não foi o que o físico, as emoções e o lado espiritual
queriam, mas sim o que havia sido escrito. A primeira resposta foi nem só de
pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. As
necessidades físicas não podem suplantar a obediência a Deus. A verdadeira vida
está na dependência divina.
A segunda resposta foi de não tentar
a soberania do Pai. “Não tentarás ao Senhor teu Deus”. Deus é bom demais para
ser tentado por nós. É muita petulância da nossa parte, tentar ser “senhor” de
Deus e não seu “servo”.
A terceira e última resposta nos
coloca onde devemos sempre estar que é ser um exclusivo adorador de Deus. “Só o
Senhor adorarás e só a Ele servirás”. Ele é único e exclusivo. Sua glória é
irrepartível. Somente no reconhecimento de Deus e no esvaziamento nosso é que
podemos encontrar a verdadeira vida espiritual.
Em todo esse relato, se analisado nos
mínimos detalhes, podemos perceber inúmeros ensinamento para nós. Ao cumprir o
“IDE” do Mestre com certeza seremos também provados. Jesus foi levado pelo
Espírito ao deserto. Isso mostra uma permissão da parte de Deus. O inimigo
afronta Jesus com a própria Palavra. Ele também conhece as Escrituras.
Nossa vida espiritual deve ter também
uma convalidação divina. Precisamos ter certeza de nossa missão no Reino de
Deus. A preparação, a consagração (jejum) deve fazer parte de nossa vida
espiritual. Termos consciência de que seremos tentados pelo inimigo e que isso
será permitido por Deus. Em algum momento daremos de frente com ele e a Palavra
de Deus deverá estar presente em nós, bem forte, para podermos vencer.
Seremos também levados ao deserto. Ou
melhor, quando se trata de espiritual, vivemos no deserto. Contra o príncipe
das trevas, não há diplomas, mestrados, doutorados, grandes currículos que
poderá nos salvar. Embora nós, seres humanos, valorizamos muito isso – e não é
errado, ao contrário se faz necessário – mas somente a certeza do que cremos e
a Palavra de Deus poderá nos livrar e dar a vitória. Temos necessidades e
fraquezas e é em meio de nossas fraquezas que o inimigo virá para nos contrapor.
É necessário então intimidade com Deus e com Sua Palavra.
A
grande lição das tentações de Jesus é que o mal sempre nos oferece “atalhos”. E
são contra estes atalhos que devemos ter cuidado. Prazer (alimento, bebidas, sexo e
drogas), Posse (fama, prestígios, o ter bens materiais) e Poder (governo) são
coisas interessantes que mexe com o nosso físico, a nossa alma e o nosso lado
espiritual. No entanto, nada disso terá valor para nós se for sem Deus.
Qualquer coisa, por melhor que seja que nos afaste do Senhor, deve ser
abandonado. Somente com Deus, na Sua presença e para a Sua glória, devemos
viver. Jesus embora sendo o Filho de Deus, levava uma vida constante de oração.
Ele nos ensinou como devemos orar. É na oração que alcançamos intimidade com Deus.
Quanto mais oramos mais teremos certeza da Sua vontade.
Pai, como Jesus, quero ser fiel a Ti,
sem jamais exigir manifestações extraordinárias de teu amor por mim. Basta-me
estar ciente de ser teu filho.
Padre
Bantu Mendonça
Nenhum comentário:
Postar um comentário