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Dezembro 2020
Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 18
Dezembro
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 23, 5-8
5Dias virão em que farei brotar de David um
rebento justo que será rei, governará com sabedoria e exercerá no país o
direito e a justiça -oráculo do SENHOR. 6Nos seus dias, Judá será salvo e
Israel viverá em segurança. Então será este o seu nome: «O SENHOR
-é-nossa-Justiçaf» 7Por isso, eis que chegarão dias -oráculo do SENHOR- em que
já não dirão: «Viva o SENHOR que tirou do Egipto os filhos de Israel.» BMas
sim: «Viva o SENHOR que tirou e reconduziu a linhagem de Israel do país do
Norte e de todos os países, para onde os dispersara, e os fez habitar na sua
própria terra.»
Jeremias vive num momento muito difícil da
história de Israel. Os seus textos são fortemente dramáticos. Mas, na página
que lemos hoje, apresenta-nos uma profecia cheia de esperança, com dois
oráculos: o primeiro anuncia um rei sábio, descendente de David que, como
«rebento justo», guiará o povo como um pastor (vv. 5-6); o segundo é uma
declaração do fim do exílio e da dispersão do povo, que regressará para
«habitar na sua própria terra» (vv. 7-8). A profecia coloca-nos diante de uma
intervenção de Deus que é sinal da sua fidelidade à promessa feita a David (cf.
2 Sam 7, 12-16), e faz a unidade do povo, guiado por um verdadeiro rei (cf. Is
11, 1-9; Zc 3, 8), que realiza um reino de paz e de justiça. Por isso, será
chamado «Senhor-nossa-justiça» (v. 6). Todas as características deste sucessor
de David são atribuídas ao Messias, que governará o povo com o direito da sua
Palavra e com a justiça do seu amor misericordioso (v. 5). O segundo anúncio
trata da libertação do exílio e do regresso à Terra, descritos como um novo
êxodo, profecia da libertação realizada pelo Messias, que reconduzirá todo o
exilado e o introduzirá na terra da paz sabática.
Evangelho: Mateus 1, 18-25
1B*Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi
assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se
que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. 19*José, seu esposo, que era
um homem justo e não queria difamá-Ia, resolveu deixá-Ia secretamente.
20*Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos
e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o
que ela concebeu é obra do Espírito Santo. 21 *Ela dará à luz um filho, ao qual
darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» 22Tudo isto
aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: 23*Eis que a
virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer
dizer: Deus connosco. 24Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo
do Senhor, e recebeu sua esposa. 25*E, sem que antes a tivesse conhecido, ela
deu à luz um filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus.
Mateus descreve-nos a anunciação do nascimento
de Jesus a José, filho de David. Maria, noiva de José, encontra-se grávida por
obra do Espírito Santo. Enquanto José pensa despedi-Ia secretamente, o Anjo
revela-lhe em sonhos o projecto de Deus:
Maria dará à luz o Salvador esperado. José, homem justo cf. v. 19), acolhe com
fé e simplicidade o projecto de Deus, recebe Maria como esposa, e reconhece
legalmente o filho que está para nascer, transmitindo-lhe todos os direitos
próprios de um descendente de David. Ao dar-lhe o nome de Jesus, que qualifica
a sua missão, cumpre a vontade de Deus. Mesmo fora dos laços de sangue, Jesus é
da linhagem de David, como demonstra Mateus ao citar Is 7, 14: «Eis que a
virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer
dizer: Deus connosco» (v. 23).
Deus, para realizar o seu desígnio de amor e de salvação, serviu-se dos homens
que veneram a sua vontade, muitas vezes misteriosa. José é um deles. Vivendo na
fé e no escondimento, colaborou com Deus na história da salvação. No filho de
Maria e de José, que está para nascer, Deus revela-se Emanuel, «Deus connosco».
Meditatio
o evangelho de hoje mostra-nos a realização da profecia de Jeremias: «farei
brotar de David um rebento justo - diz o Senhor - ». José, filho de David
recebe o anúncio desse nascimento próximo, também anunciado por Isaías: «Eis
que a Virgem conceberá e dará à luz um filho».
Ao mesmo tempo, verificamos que o cumprimento desta promessa, tão longamente
preparado, não se realiza sem um drama pessoal e muito doloroso. José pensava
ter de renunciar a Maria, ter de renunciar a casar com Ela. Os grandes dons de
Deus são geralmente precedidos de grandes sofrimentos. Deus quer alargar-nos o
coração, demasiado pequeno para receber os seus dons. Uma vocação não se
realiza sem drama e sofrimento: seja a vocação matrimonial, sejam as diversas
vocações de consagração e de serviço na Igreja. Não ter em conta, ou esquecer
essa realidade explica provavelmente muitos fracassos na fidelidade à própria
vocação.
A ligação entre a primeira leitura e o evangelho é feita pelo «rebento justo»
que floresce no tronco de David e «que será rei e governará com sabedoria».
Este rei misterioso que nasce por obra do Espírito, é o Messias que «salvará o
povo dos seus pecados». Mas Deus serve-se de José, homem simples e de fé
profunda, para levar por diante a história da salvação centrada em Jesus. José
não põe entraves ao projecto de Deus, entra no mistério mesmo sem o compreender
completamente, acredita no seu criador e colabora com docilidade e confiança.
O homem justo não é aquele que teoriza, mas aquele que lê os acontecimentos da
vida à luz da Palavra de Deus.
Estar disposto a obedecer a Deus, é uma condição prévia para entrar em diálogo
com Ele e "entrar" nos seus projectos em favor dos homens. Maria e
José, verdadeiros pobres, tinham essa disposição. Por isso, puderem ser
chamados a colaborar e colaboraram efectivamente no grandioso projecto da nossa
salvação realizado em Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado.
É também essa disponibilidade que nos é proposta pelas Constituições: "O
... caminho" de Cristo, de total obediência e disponibilidade à vontade do
Pai, "é o nosso caminho" (n. 12).
Contemplar e reviver a obediência de Cristo, introduz-nos no mistério de Deus:
Em "Cristo ... Senhor ... o Pai revelou-nos o Seu amor" (Cst. 9).
Jesus manifesta o Seu amor filial ao Pai não só com palavras, mas com toda a
vida. A obediência de Cristo, o mistério da Sua Oblação são exactamente as
primeiras realidades que devem interessar à nossa vida es
piritual de "Oblatos, Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus":
"Caminhai na caridade - exorta-nos S. Paulo -como Cristo nos amou e se
entregou a Si mesmo por nós, oferecendo-Se a Deus em sacrifício de suave odor'
(Ef 5,2; TOB).
José e Maria são exemplo luminoso para nós. Sejam também nossos intercessores.
Oratio
Senhor Jesus, filho de David, que Te fizeste homem e vieste para meio de nós,
graças à disponibilidade obediente e generosa da Virgem Maria, e cresceste em
Nazaré sob o olhar vigilante de José, homem justo, ajuda-nos a reconhecer na
tua vinda a Alegre Notícia da salvação e da vida nova.
Tu, que és o rebento justo, florescido no coração de cada homem, faz com que o
teu reino de justiça e de paz, com a riqueza dos seus valores humanos, se
expanda como luz no meio dos povos. Que a figura simples e laboriosa de José
nos faça compreender que, para além dos laços de sangue, aprecias toda a
paternidade, que é reflexo da do Pai que está no Céu. Que nos faça também
perceber que o homem rico de fé, e disponível para o cumprimento da tua
vontade, Te é sempre agradável e que, por isso, fazes dele colaborador no teu
projecto de salvação.
Dá-nos a graça de, como José, estarmos sempre prontos a acolher, com
sinceridade e alegria, tudo quanto nos pedes, mesmo que por caminhos que não
entendemos. Para isso, está connosco, sê o nosso Emanuel! Amen.
Contemplatio
S. José é para nós um modelo e um protector. A sua pureza, a sua inocência, a
sua humildade são modelos oferecidos às almas que aspiram à piedade. Pela sua
pureza, foi julgado digno de ser o esposo de Maria. Pela sua humildade, mereceu
a glória de ser o pai adoptivo de Jesus. Pela sua inocência, tornou-se digno da
união e da intimidade que devia ter com Jesus e a sua mãe em Nazaré.
Meditando nas suas virtudes, os padres aprenderão com que respeito cheio de
amor deve tratar-se com Jesus no altar. Os fiéis aprenderão a comungar
piedosamente.
Como S. José tinha Jesus nos seus braços, apertava-o sobre o seu coração, o
padre tem-no no altar nas suas mãos. O padre e o fiel recebem-no não no seu
peito, mas no seu coração.
S. José vestia-o, conduzia-o, guardava-o; aprendamos dele a tratar com uma
piedosa ternura no altar e no banco da comunhão.
A doce e amável familiaridade com a qual José vivia junto de Jesus no Egipto e
em Nazaré, é um exemplo da intimidade na qual Nosso Senhor queria viver
connosco. José conversava com Jesus amigavelmente; Jesus era sempre o objecto
do seu pensamento; no trabalho, na refeição, estavam unidos.
O cuidado de José era de contentar Jesus e sabia que o fazia ocupando-se do seu
Pai e da sua bondade.
Dirijamo-nos a S. José para obtermos as graças preciosas que nos ensinarão a
conversar com Jesus menino. (Leão Dehon, OSP 3, p. 235s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Senhor, vem libertar-nos» (da
Liturgia).
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