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Novembro 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXXIV Semana - Terça-feira
Lectio
Primeira leitura: Apocalipse 14, 14-19
14Eu, João, vi uma nuvem branca. Sobre a nuvem estava sentado alguém que se
parecia com um homem. Tinha na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice
afiada. 15Depois saiu do santuário um outro anjo que gritava ao que estava
sentado na nuvem: «Lança a tua foice e ceifa, porque chegou o tempo de ceifar.
Está madura a seara da terra.» 16Então, o que estava sentado na nuvem lançou a
foice à terra e a terra foi ceifada. 17Depois saiu outro anjo do santuário
celeste que também trazia uma foice afiada. 18E, do altar, saiu ainda outro
anjo, o que tem poder sobre o fogo. E gritou ao anjo que tinha a foice afiada:
«Manda a tua foice afiada e vindima os cachos da vinha da terra; porque as uvas
já estão maduras.» 19O anjo lançou a foice à terra, vindimou a vinha da terra e
lançou as uvas no grande lagar da ira de Deus.
Mais uma vez, João utiliza símbolos cuja interpretação nos introduz na
compreensão da mensagem. O primeiro símbolo é a nuvem (v.14): na tradição
bíblica indica uma teofania, uma manifestação de Deus. Neste caso é o Filho do
homem que aparece para julgar e oferecer a salvação. Este Filho do homem é
Cristo. João conclui a sua mensagem sobre a pessoa e a missão de Cristo.
O símbolo da ceifa (v. 15s.) e o da vindima (v. 18-19) ilustram o juízo que
Jesus veio e virá pronunciar sobre a humanidade. Trata-se de um juízo aberto à
salvação, que é exactamente dom d´Aquele cujo nome é Salvador. Considerar esse
juízo apenas pelo lado negativo, seria desconhecer o dom de Deus e subtrair-se
à vontade salvífica universal do Senhor. É verdade que, os que tiveram recusado
a salvação, serão afastados de Deus, e objecto da sua cólera (v. 19). Mas isso
acontece porque livremente se subtraíram à divina misericórdia.
A página joânica oferece-nos outra mensagem: há uma íntima relação entre a vida
presente e a vida futura. Tudo depende de Deus e da sua divina bondade, mas
tudo depende também das nossas opções pessoais e das obras que fazemos.
Evangelho: Lucas 21, 5-11
5Naquele tempo, comentavam alguns que o templo estava adornado de belas pedras
e de ofertas votivas. Jesus respondeu-lhes: 6«Virá o dia em que, de tudo isto
que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.»
7Perguntaram-lhe, então: «Mestre, quando sucederá isso? E qual será o sinal de
que estas coisas estão para acontecer?» 8Ele respondeu: «Tende cuidado em não
vos deixardes enganar, pois muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou eu'; e
ainda: 'O tempo está próximo.' Não os sigais. 9Quando ouvirdes falar de guerras
e revoltas, não vos alarmeis; é necessário que estas coisas sucedam primeiro,
mas não será logo o fim.» 10Disse-lhes depois: «Há-de erguer-se povo contra
povo e reino contra reino. 11Haverá grandes terramotos e, em vários lugares,
fomes e epidemias; haverá fenómenos apavorantes e grandes sinais no céu.»
O fim do mundo e a vida futura marcam a espiritualidade cristã. É o que Lucas
nos indica ao referir mais um "Discurso escatológico" de Jesus (cf.
Lc 17, 20-37). As perguntas que os ouvintes fazem a Jesus - «Mestre, quando
sucederá isso? E qual será o sinal de que estas coisas estão para acontecer?» -
são duas pistas para investigarmos a mensagem. O discurso de Jesus é
pronunciado diante do templo, com as suas «belas pedras» e «ofertas votivas», o
que cria contraste entre o presente, que ameaça fechar a religiosidade dos
contemporâneos de Jesus, e o futuro para onde Jesus deseja orientar a fé dos
seus ouvintes. Ao responder, Jesus anuncia o fim do templo e, de certo modo, de
tudo aquilo que ele simboliza. Anuncia o fim do mundo que se concretizará nessa
catástrofe e em tantas outras. Tudo o que é deste mundo terá certamente fim,
mais tarde ou mais cedo. Por isso, o mais importante é acolhermos o ensinamento
de Jesus e deixar-nos guiar por ele, enquanto aguardamos a sua vinda. A sua
palavra ajudar-nos-á a discernir pessoas e acontecimentos, e a optar pelos
valores que nos propõe. Há muita gente que anuncia a proximidade do fim do
mundo, para nos aterrorizar, e nos oferece caminhos de salvação. Jesus não faz
isso. Mesmo quando fala do fim do mundo, preocupa-se em iluminar-nos e em
confortar-nos.
Meditatio
As leituras de hoje colocam-nos perante a realidade do fim do mundo e do juízo
de Deus que não pode suportar o pecado e intervém com força terrível: «o Anjo
vindimou os cachos da vinha da terra... e lançou as uvas no grande lagar da ira
de Deus», diz-nos o Apocalipse (14, 18-19); «Não ficará pedra sobre pedra. Tudo
será destruído», diz-nos Jesus, ao falar do templo de Jerusalém. Mas entre as
duas leituras há um salmo de exultação, porque Deus vem julgar a terra:
«Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém,
exultem os campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores das florestas
diante do Senhor que vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos
com fidelidade» (cf. Sl 95). Tudo neste mundo é efémero, menos o Reino de Deus
que já está presente e actuante, e que Cristo, um dia, virá completar e
conduzir ao Pai.
No "Discurso escatológico" de Jesus temos que distinguir três níveis:
a destruição de Jerusalém o fim da vida terrena de cada um de nós, os
acontecimentos finais da história de toda a humanidade. Tudo passa. Só Cristo e
o seu reino de amor, de justiça e de paz, hão-de permanecer. E cada cristão,
como templo de Deus, adornado com as belas pedras das virtudes cristãs, pode e
deve perseverar no bem, resistindo às diversas provações.
Entretanto, individualmente e, sobretudo, em comunidade de fé, iluminados pela
Palavra e fortalecidos pelo Espírito, os crentes devem ler os sinais dos tempos
e fazer um verdadeiro discernimento do bem e do mal, do verdadeiro e do falso,
para não se não se deixar enganar pelos falsos profetas e afastar do seguimento
de Jesus Cristo, o único Salvador.
O Espírito impele-nos a ser entre os homens e no mundo testemunhas deste amor
de Deus, derramado em nós no baptismo, um amor que regenera e salva. Impele-nos
a apressar a recapitulação de todos os homens e de todo o universo em Cristo.
Nós suspiramos pela "plenitude dos tempos", quando se há-de realizar
o "desígnio" do Pai «de recapitular em Cristo todas as coisas, as do
céu e as da terra» (Ef 1, 10; cf. Rm 8, 19-25).
Para apressar esta recapitulação, devemos, antes de mais nada, ser, nós mesmos,
recapitulados em Cristo: "Tudo é vosso..., vós sois de Cristo e Cristo é
de Deus" (1 Cor 3, 22-23).
Concretamente, devemos viver cada dia sob o influxo do Espírito, deixando-nos
guiar pelos Seus dons, irradiando os Seus frutos, exercendo os Seus carismas,
vivendo as bem-aventuranças. É preciso que sejamos eucaristia do Senhor, que
vivamos os nossos dias como "uma missa permanente" (Cst. 5).
Deste modo, a realidade escatológica dos "novos céus" e da "nova
terra, onde habitarão a justiça (amor oblativo)" (2 Pe 3, 13), torna-se, em
nós e, possivelmente, nas nossas comunidades, uma realidade diária.
Oratio
Senhor Jesus, quando voltares, será perfeita a nossa alegria; quando voltares,
já não será a esperança que nos há-de sustentar, mas a realidade que nos há-de
saciar. Mas, desde já, queremos alegrar-nos em Ti, porque nos enche de júbilo a
esperança que precede a realidade. Agora, amamos na esperança, porque já temos
as primícias do Espírito e mesmo algo mais. De facto, desde já, estamos perto
daquele que amamos. Desde já experimentamos e saboreamos algo daquela comida e
daquela bebida de que, um dia, seremos saciados.
Efectivamente, o Senhor não está longe, a não ser que O obriguemos a afastar-se
de nós. Se amarmos, senti-l´O-emos próximo. Se amarmos, fará em nós sua morada,
porque «Deus é amor» (1 Jo 4, 8). O amor é a virtude pela qual amamos. Amamos
um bem inefável, um bem benéfico, o bem que cria todos os bens. Ele mesmo é a
nossa delícia, porque dele recebemos tudo quanto nos deleita. Dele recebemos
tudo quanto possuímos, excepto o pecado.
Senhor, era com palavras semelhantes a estas que Te rezava o teu servo
Agostinho de Hipona. E é assim que, hoje, Te quero rezar. Que a expectativa da
tua vinda gloriosa me encha de alegria. Amen.
Contemplatio
Antes de entrar na posse da bem-aventurança eterna, haverá um juízo que devemos
temer. Nosso Senhor estava com os discípulos no Monte das Oliveiras, em frente
de Jerusalém. Os apóstolos reflectiam sobre a beleza do Templo: «Que pedras
magníficas! Que riqueza!» Sim, diz-lhes Nosso Senhor, é muito belo, mas dentro
de poucos anos tudo será destruído. E mais tarde, toda a terra será arrasada.
Tudo isto é passageiro. O repouso não está nisso, mas no vosso Jesus na
eternidade. Mas será preciso passar primeiro pelo juízo, e esse juízo, é
preciso prevê-lo, meditá-lo, prepará-lo... Esse juízo será terrível,
assustador. Será precedido por uma confusão universal. Os vivos ficarão
transidos de medo, os mortos sairão das sepulturas. Nosso Senhor virá no
esplendor do poder e da majestade e pronunciará contra os pecadores a terrível
sentença. Este juízo é temido mesmo por aqueles que receberam grandes graças e
uma vocação de eleição. Os santos sempre temeram o juízo: «Castigo o meu corpo
pela penitência - dizia S. Paulo - para me precaver da condenação» (1 Cor 9).
Santo Agostinho: Temo o fogo eterno. S. Bernardo: Tremo ao pensar no inferno...
O temor não deve ser servil, mas filial e misturador com amor. Somos filhos do
Sagrado Coração, e nunca devemos esquecer a parte do amor nas nossas
disposições. O temor é um dom do Espírito Santo, do Espírito de amor. O amor
deve ser sobrenatural e filial. Devemos temer perder Jesus, ser afastados dele
eternamente, ser privados do seu amor e do seu coração (Leão Dehon, OSP 4, p.
489s. passim).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Lança a tua foice; chegou o tempo de ceifar» (Ap 14, 15).
| Fernando Fonseca, scj |
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirEu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
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