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Novembro 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXXII Semana - Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Segunda Carta de João 4-9
Senhora eleita de Deus: 4Muito me alegrei por ter encontrado entre os teus
filhos quem caminha na verdade, conforme o mandamento que recebemos do Pai. 5E
agora rogo-te, Senhora - e não como quem te escreve um mandamento novo, mas sim
aquele mandamento que temos desde o princípio - que nos amemos uns aos outros.
6Nisto consiste o amor: em caminharmos segundo os seus man-damentos. E este é o
mandamento, segundo ouvistes dizer desde o princípio: que caminheis no amor. 7É
que apareceram no mundo muitos sedutores que afirmam que Jesus Cristo não veio
em carne mortal. Esse é o sedutor e o anticristo! 8Acautelai-vos, para não
perderdes o fruto do vosso trabalho, mas receberdes a plena recompensa. 9Todo
aquele que passa adiante e não permanece na doutrina de Cristo não tem Deus
consigo; mas aquele que permanece na doutrina, esse tem em si o Pai e o Filho.
Nesta breve carta, S. João oferece-nos como que uma síntese do seu evangelho,
uma vez que recorda à sua comunidade o essencial para a salvação:
"caminhar na verdade" e "acreditar que Jesus é o Filho de
Deus". O apóstolo interpreta o mandamento novo que ele mesmo recebeu do
Senhor.
As duas condições para a salvação podem, por sua vez, resumir-se a uma:
acreditar em Jesus Cristo e, assim entrar na verdade de Deus. Mas João também
se preocupa com a fidelidade dos seus destinatários, porque há muitos
«sedutores» (v. 7), que não reconhecem Jesus e pretendem levar os outros a não
o reconhecerem também. É sempre possível perder o fruto do nosso trabalho, isto
é, a fé que pode transformar a nossa vida (cf. v. 8).
Aquele que crê tem a sorte, não só de conhecer a verdade, mas também ter
connosco Deus (cf. V. 9), não só de tender para um futuro incerto, mas de
caminhar com Cristo para Deus, não só de praticar uma qualquer filantropia, mas
de amar a Deus no próximo, em nome de Cristo.
Evangelho: Lucas 17, 26-37
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 26Como sucedeu nos dias de Noé,
assim sucederá também nos dias do Filho do Homem: 27comiam, bebiam, os homens
casavam-se e as mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou
na Arca e veio o dilúvio, que os fez perecer a todos. 28O mesmo sucedeu nos
dias de Lot: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam, construíam; 29mas,
no dia em que Lot saiu de Sodoma, Deus fez cair do céu uma chuva de fogo e
enxofre, que os matou a todos. 30Assim será no dia em que o Filho do Homem se
revelar. 31Nesse dia, quem estiver no terraço e tiver as suas coisas em casa
não desça para as tirar; e, do mesmo modo, quem estiver no campo não volte
atrás. 32Lembrai-vos da mulher de Lot. 33Quem procurar salvar a vida, há-de
perdê-la; e quem a perder, há-de conservá-la. 34Digo-vos que, nessa noite,
estarão dois numa cama: um será tomado e o outro será deixado. 35Duas mulheres
estarão juntas a moer: uma será tomada e a outra será deixada. 36Dois homens
estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado.» 37Tomando a palavra,
os discípulos disseram-lhe: «Senhor, onde sucederá isso?» Respondeu-lhes: «Onde
estiver o corpo, lá se juntarão também os abutres.»
Jesus quer ensinar aos discípulos a verdadeira esperança. Por isso, completa o
discurso sobre a sua última vinda. Para que a esperança não se torne utópica e
não crie ilusões fáceis, Jesus une-a à fé. A fé, por sua vez, une-nos, desde
já, ao Senhor e à sua morte e ressurreição. Unindo a esperança à fé, ficamos a
saber quem esperamos, e não nos interessa quando ou como isso acontecerá.
Jesus ilustra o ensinamento com dois exemplos: o de Noé (vv. 26s.) e o de Lot
(vv. 28s.). Só aparentemente estes dois factos históricos evidenciam o carácter
improviso e repentino do dilúvio, no caso de Noé, e da chuva de fogo, no caso
de Lot. O que Jesus quer acentuar é a necessidade de estar prontos quando Deus
se manifestar no seu poder: prontos a reconhecê-lo, prontos para ser
introduzidos na alegria eterna e na comunhão com Ele. O verdadeiro ensinamento
de Jesus é, pois, este: não devemos considerar apenas Noé e Lot como figuras de
crentes, mas também os seus contemporâneos, representados pela mulher de Lot
(v. 32). Viviam esquecidos de Deus e preocupados com os bens terrenos: foi
nessa situação que foram surpreendidos pelo castigo de Deus. É a sua
indiferença perante a imprevisível intervenção de Deus, e a sua cegueira
espiritual, é a sua incapacidade para se darem conta da dramaticidade dos
tempos que atrai a atenção de Jesus, do evangelista e a nossa.
Meditatio
Jesus convida os seus discípulos a fazer bom uso da memória. É bom revisitarmos
a história, para nos darmos conta das visitas de Deus, e adquirirmos sabedoria
que nos permita viver adequadamente o presente e preparar o futuro. A história
é mestra de vida, diziam os antigos. No caso de hoje, somos convidados a
revisitar o Antigo Testamento que, para nós cristãos, é uma fonte de
ensinamentos sempre válidos e actuais.
A memória do crente leva-o a captar nos eventos históricos as mensagens que
Deus nunca deixa faltar àqueles que O reconhecem. Quem recorda os factos
históricos do Antigo Testamento, disposto a compreender as motivações e os
modos como Deus intervém, aprende a viver no tempo presente e a orientar-se no
futuro, rumo à meta final.
A memória do passado, e a contemplação das intervenções de Deus, tornam-se,
pois, critério de diagnóstico de quanto acontece aqui e agora, e permite-nos
prosseguir a nossa caminhada, rumo ao futuro. Ao mesmo tempo, a memória do
passado, convida-nos e habilita-nos a ultrapassar perigosas distracções,
provocadas pelas coisas e pessoas que nos rodeiam, e a realizar aquele desapego
e distanciação que tornam possível uma avaliação serena e correcta de tudo e de
todos. A memória ensina-nos a perder o que deve ser perdido e a conservar o que
deve ser conservado. É claro o contraste entre uma vida apenas aparente e uma
vida nova adquirida por quem está disposto a sacrificar a sua vida terrena. A
orientação para o futuro de Deus é clara.
A nossa vida pessoal, com todos os seus capítulos mais felizes ou menos
felizes, com todo o bem que recebemos e fizemos, com todo o mal de que fomos
vítimas ou cometemos, é uma pequena história de salvação, porque nela fomos,
muitas vezes, visitados por Deus. Há que dar-nos conta dessas visitas e das
mensagens semeadas no nosso coração. Quanta sabedoria podemos adquirir ao
revisitar a nossa história pessoal! Quanta oração nos pode inspirar! Quanta
serenidade para o presente e para o futuro!
A vida da congregação também é história da salvação. O Deus de Abraão, Isaac e
Jacob, o Pai de Jesus, não são abstracções filosóficas, mas revelam-se
concretamente actuando na história e na vida, em particular na Igreja, por meio
do Espírito, fonte de todo o carisma e, portanto, do carisma de fundador do P.
Dehon. A história da congregação desenvolve-se a partir da graça das origens,
nutrindo-se daquilo que a Igreja, iluminada pelo Espírito, retira constantemente
do tesouro da sua fé (cf. Cst 15). Esta história é visitada por Deus que nela
deixa as suas mensagens. Em todos os acontecimentos há que perguntar: que nos
diz o Senhor nesta situação?
De facto, Jesus convida-nos a entrever a vontade de Deus nos eventos da
história, da vida, nos sinais dos tempos: «Quando vedes uma nuvem levantar-se
do poente, dizeis logo: Vem lá chuva, e assim sucede. E quando sopra o vento
sul dizeis: "Vai haver calor", e assim acontece. Hipócritas, sabeis
interpretar o aspecto da terra e do céu; como é que não sabeis interpretar o
tempo presente?» (Lc 12, 54-56).
Oratio
Apóstolo S. João, que nos apresentas uma síntese tão bela do Evangelho de Jesus
Cristo, intercede por nós, para que cultivemos a vida interior, procurando
juntos a verdade e vivendo o amor. A verdade, para ti, é Jesus, o Verbo
Incarnado por nosso amor. Ensina-nos a crescer na união e no amor a Jesus
Cristo, observando os seus mandamentos. Ensina-nos a permanecer no Filho para
possuirmos o Pai; ensina-nos a permanecer na verdade para viver o amor;
ensina-nos a ser dóceis aos mandamentos para vivermos na verdade e no amor.
Ensina-nos a fazer uma síntese vital entre verdade e amor, entre obediência aos
mandamentos e espontaneidade de espírito, uma síntese fundada na união com
Jesus e, nele, com o Pai e o Espírito Santo. Amen.
Contemplatio
Jesus possuía toda a sabedoria como Deus, e mesmo como homem por uma graça
infusa, mas quer também possuir a ciência adquirida, para nos dar o exemplo e
para nos merecer a graça do amor do trabalho e do gosto pela sabedoria.
Segue as lições da Sinagoga, estuda a lei, os profetas, a história e os livros
ascéticos. Lê os livros sagrados, medita-os. Não tem necessidade deles para si,
mas tem necessidade por nós. Assumiu a humanidade tal como ela é, com os seus
deveres de estudo e de trabalho.
A sua ciência adquirida torna-se maravilhosa. Já aos doze anos espanta os
doutores da lei no Templo. Explica a Escritura, ficam surpreendidos com a sua
prudência e com as suas respostas.
Durante a sua vida pública, citará constante e abundantemente a Escritura. Na
sinagoga de Nazaré, passam-lhe o livro de Isaías, lê, comenta, mostra-lhes como
as suas obras tinham sido anunciadas, cita os livros dos reis. As pessoas
exclamam: «Donde lhe vem esta ciência, não é ele o filho do carpinteiro que nós
conhecemos?» (Lc 2; Mc 6).
Quando prega na região de Tiberíades, antes e depois do sermão da montanha,
cita o Levítico e o Deuteronómio, os Reis, Amós, Isaías, Tobias. Muitas vezes
faz alusão aos Salmos (Lc 6).
Aos enviados de S. João Baptista, comenta e explica as profecias de Isaías (Lc
7,22).
Os salmos são o alimento da sua vida interior e das suas orações, mesmo sobre a
cruz: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?» (Sl 21). «Meu Pai, entrego
a minha alma nas vossas mãos» (Sl 30). Repassa no seu espírito toda a Escritura
para se assegurar de que tudo cumpriu. Faltava ainda na sua Paixão a amargura
do fel e do (Sl 68). Para a provocar, diz: «Tenho sede».
Enfim, vendo que tudo está cumprido, verifica-o antes de morrer: Consumatum
est. (Leão Dehon, OSP 3, p. 144s.).
Actio
Repete frequentemente e vive a palavra:
«Caminhai no amor» (cf. 2 Jo 6).
| Fernando Fonseca, scj |
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluirObrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirDEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.