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Dezembro 2020
Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 17
Dezembro
Lectio
Primeira leitura: Génesis 49,2.8-10
Naqueles dias, Jacob chamou os filhos e
disse-lhes: 2 Ajuntai-vos para escutar, filhos de Jacob. Para escutar Israel,
vosso pai.
8*A ti, Judá, teus irmãos te louvarão. A tua mão fará curvar o pescoço dos teus
inimigos. Os filhos de teu pai inclinar-se-ão diante de ti! 9Tu és um
leãozinho, Judá; quando regressas, ó meu filho, com a tua presa! Ele deita-se.
É o repouso do leão e da leoa; quem ousará despertá-lo? 10*0 ceptro não
escapará a Judá, nem a autoridade à sua descendência, até que venha aquele a
quem pertence o comando e ao qual obedecerão os povos.
Jacob moribundo reúne a família e pronuncia palavras consideradas sagradas e
proféticas sobre o futuro dos seus doze filhos e da descendência deles.
Refere-se especialmente a Judá, pai da tribo homónima, na qual haveria de
nascer o Messias (cf. vv. 8- 10). Esta profecia, que remonta ao tempo de Isaías
(século VIII-VII), é misteriosa, mas exalta a superioridade de Judá entre os
seus irmãos por causa da sua força real, semelhante à do leão, e pelo «ceptro»
e pela autoridade (v. 1Qa), que exercerá sobre as tribos de Israel e sobre
todos os seus inimigos. Trata-se de uma alusão à monarquia davídica, que
receberá o ceptro do Ungido do Senhor, que trará a salvação esperada. Essa
profecia irá realizar-se quando o verdadeiro rei anunciado, a quem pertence o
ceptro, a autoridade e o reino, dominar sobre todos os povos. Este rei ideal e
definitivo aparecerá no Messias, de que fala o Apocalipse: «Venceu o leão da
tribo de Judá» (Apoc 5,5). Só ele possui o ceptro de Deus, cujo reino não é um
domínio, um poder, mas serviço e amor em favor de todos os povos, que lhe
deverão obediência filial.
Evangelho: Mateus 1,1-17
1 *Genealogia de Jesus Cristo, filho de David,
filho de Abraão. 2Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacob; Jacob gerou Judá e
seus irmãos; 3Judá gerou, de Tamar, Peres e Zera; Peres gerou Hesron; Hesron
gerou Rame; 4Rame gerou Aminadab; Aminadab gerou Nachon; Nachon gerou Salmon;
5Salmon gerou, de Raab, Booz; Booz gerou, de Rute, Obed; Obed gerou Jessé;
6Jessé gerou o rei David. David, da mulher de Urias, gerou Salomão; 7Salomão
gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8Asa gerou Josafat; Josafat
gerou Jorão; Jorão gerou Uzias; 9Uzias gerou Jotam; Jotam gerou Acaz; Acaz
gerou Ezequias; 10Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou
Josias; 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, na época da deportação para
Babilónia. 12Depois da deportação para Babilónia, Jeconias gerou Salatiel;
Salatiel gerou Zorobabel; 13Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliaquim;
Eliaquim gerou Azur; 14Azur gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud;
15Eliud gerou Eleázar; Eleázar gerou Matan; Matan gerou Jacob. 16Jacob gerou
José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. 17*Assim, o
número total das gerações é, desde Abraão até David, catorze; de David até ao
exílio da Babilónia, catorze; e, desde o exílio da Babilónia até Cristo,
catorze.
Mateus abre o seu evangelho com a narração das origens humanas de Jesus: a
«Genealogia de Jesus Cristo» (v. 1), que começa em Adão e termina em «José,
esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo» (v. 16). O
evangelista divide a história da salvação, que tem o seu ponto culminante em
Jesus-Messias, em três grandes períodos:
Abraão, David, o exílio. Apesar da monotonia e do carácter artificial da
sucessão dos nomes, o texto tem importante valor teológico, pois nos oferece a
genealogia humana dAquele que será o protagonista do Evangelho. Confirmam-se as
promessas dos profetas, segundo as quais Jesus é descendente de Abraão e de
David e, portanto, possui as bênçãos e a glória dos antepassados.
Meditatio
o projecto de Deus foi longamente preparado, como mostra a genealogia com que
Mateus inicia o seu evangelho. Cristo veio na plenitude dos tempos, uma plenitude,
à primeira vista, desconcertante: o tempo nada fazia esperar de bom, o lugar do
nascimento é uma pequena aldeia, José, embora sendo da descendência de David,
era um modesto trabalhador desconhecido. Mas Deus é senhor do impossível e
realiza os seus planos, quando nada o fazia prever.
A primeira leitura é uma profecia de Jacob que fala do ceptro de Judá, que
promete um vencedor: «um leãozinho, Judá», um dominador: «Os filhos de teu pai
inclinar-se-ão diante de ti!». Judá é o elo que liga a primeira leitura ao
evangelho. Cristo é filho de Judá. O segundo Adão entrou na aventura humana,
marcada pelo pecado, pelo sofrimento e pela morte, por causa da desobediência
dos nossos primeiros pais, não para punir a humanidade, mas para a transformar
e reconduzir à amizade com Deus, como estava previsto no primeiro projecto.
Toda a história de Israel é testemunho do anúncio da vinda de um redentor, que
os homens esperam para receber a promessa: toda a lei está grávida de Cristo,
diria Agostinho de Hipona. Em Jesus, Deus fez-se efectivamente homem, e o sonho
tornou-se realidade. O Deus-connosco fez Deus- para-nós, apesar das nossas
infidelidades e do nosso fraco acolhimento.
Fazemos parte desta história, que nos liga a Abraão e a David, fio de ouro que
muitas vezes quebrámos com o nosso pecado e que Deus volta a ligar em Jesus,
aproximando-nos cada vez mais do seu coração. E Ele, que conheces as
fragilidades do espírito humano, sabe compreender e perdoar a nossa fraqueza,
mas espera a conversão do nosso coração e o reconhecimento dAquele a quem
pertence toda a realeza e a quem todos os povos devem obediência, fidelidade e
amor.
Cristo, Verbo eterno de Deus, assumiu a carne humana, da estirpe de David.
Fez-Se intimamente próximo de nós homens: pela sua humanidade, ergueu a sua
tenda no meio das nossas (cf. Jo 1,14); tornou-Se nosso companheiro da
caminhada terrena, peregrino connosco rumo à pátria celeste, em tudo igual a
nós, com as nossas fragilidades, os nossos sofrimentos, excepto o pecado; mas
carregou sobre Si os nossos pecados e ofereceu-Se em sacrifício por eles. Assim
alcançou a vitória: «venceu o Leão da tribo de Judá, o rebento da dinastia de
David» (Apoc 5, 5). Mas este vencedor é um Cordeiro imolado, não um leão que
devora a presa. E todavia é verdadeiramente o leão de Judá, o vencedor. Mas a
sua vitória não foi obtida de maneira humana. Venceu-a com o sacrifício de si
mesmo. E a sua vitória continua a realizar-se: Cristo, de Lado aberto e Coração
trespassado, continua a atrair todos os homens. É, na verdade, o vencedor
prometido, que vem da tribo de Judá.
Oratio
Senhor, Deus de Abraão, de Isaac Deus e de Jacob, Deus de Jesus Cristo e nosso
Deus, prometeste a Judá um reino eterno e uma realeza sobre todos os povos.
Toda a história humana, por meio do povo eleito e, depois, por meio da Igreja,
é herdeira das bênçãos de Israel, e está orientada para Cristo, esperado das
nações. Que cada um de nós se torne instrumento válido para levar até Ele todo
o irmão e irmã que encontrar na vida. Faz que os homens, de todas as raças e
cores, saibam ultrapassar as divisões e reencontrar-se unidos por uma renovada
esperança na vinda do Salvador e por uma forte confiança de que a sua mensagem
de salvação e de vida é válida para todos, sem qualquer distinção.
Senhor da história e dos povos, enche-nos do teu poder e faz que vivamos
vigilantes reconhecendo os sinais dos tempos e a tua passagem silenciosa pelas
aventuras quotidianas da nossa história. Que, sobretudo, reconheçamos no teu
Filho Jesus, descendente de uma estirpe humana, o Messias esperado. Amen.
Contemplatio
o patriarca Jacob dizia-o abençoando o seu filho Judá: «O ceptro não sairá de
Judá, dizia, até que venha aquele que deve vir e será o desejado de todos os
povos» (Gen 41). Nós o sabemos, Israel esperava o Messias e todos os povos
desejavam um Salvador. Nós o possuímos, nós, este Salvador, no tabernáculo, e
não vamos ter com ele!
Quer a nossa visita para acender nos nossos corações o fogo dos santos desejos.
A minha alma é esta Jerusalém descrita por Jeremias (Lam 1), toda desolada,
devastada, sem energia e sem força. Irei ao sacrário receber os eflúvios da
sabedoria e da força divinas.
«Sião, dizia: O Senhor me abandona e me esquece. - Não, responde o Senhor, é
que uma mãe pode esquecer o seu filho e o fruto das suas entranhas? E mesmo que
uma mãe pudesse esquecer o seu filho, eu nunca vos esqueceria» (Is 49, 14).
Nós temos, portanto, no sacrário, uma mãe e mais do que uma mãe. Donde vem que
não vamos com mais confiança ao Coração eucarístico de Jesus?
Quem sou eu? Um bebé que precisa de ser aleitado com leite real. O Salvador
está lá para mo dar. O profeta prometeu-o: «Tu terás o leite real, dizia a
Sião, e tu saberás que sou o teu Salvador, o teu Redentor e a tua força (Is 60).
Tenho lá no sacrário o pão dos fortes, o maná que deleita e que alimenta. Se
não negligencio este banquete, este alimento divino, crescerei em força e em
graça. É a intenção de Nosso Senhor.
Como bebés, diz S. Pedro, desejai e saboreai o leite espiritual, para que a
graça da salvação cresça em vós (1 Pd 2, 2).
Crescei, diz-nos S. Paulo, até ao desenvolvimento do homem perfeito, para que
não sejais mais como crianças sem vontade; cumpri os vossos deveres por amor, a
fim de crescerdes sem cessar em Cristo que é o vosso chefe (Ef 4, 13).
Irei, portanto, ao sacrário buscar o leite da sabedoria e o espírito de
caridade ao coração de Cristo (Leão Dehon, OSP 1, p. 640s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Ó Sapiência, vem ensinar-nos o caminho da vida» (da liturgia).
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.