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Novembro 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXXII Semana - Quarta-feira
Lectio
Primeira leitura: Tito 3, 1-7
Caríssimo: 1Recorda-lhes que sejam submissos e obedientes aos governantes e
autoridades, que estejam prontos para qualquer boa obra, 2que não digam mal de
ninguém, nem sejam conflituosos, mas sejam afáveis, mostrando sempre
amabilidade para com todos os homens. 3Pois também nós éramos outrora
insensatos, rebeldes, extraviados, escravos de toda a espécie de paixões e
prazeres, vivendo na maldade e na inveja, odiados e odiando-nos uns aos outros.
4Mas, quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para
com os homens, 5Ele salvou-nos, não em virtude de obras de justiça que
tivéssemos praticado, mas da sua misericórdia, mediante um novo nascimento e
renovação do Espírito Santo, 6que Ele derramou abundantemente sobre nós por
Jesus Cristo, nosso Salvador, 7a fim de que, justificados pela sua graça, nos
tornemos, segundo a nossa esperança, herdeiros da vida eterna.
Paulo faz chegar a sua mensagem a toda a comunidade, por meio de Tito. Assim,
colabora, com o responsável da comunidade, na construção de uma Igreja que
pretende digna de tal nome e capaz de testemunhar o Evangelho.
Começa por sublinhar a dimensão pública do ser cristão. A fé em Cristo não pode
ser reduzida a uma experiência privada; deve manifestar-se publicamente e
penetrar na trama das relações sociais. Depois, descreve a passagem decisiva da
maldade e do ódio a um presente iluminado pela graça de Deus: «Também nós
éramos outrora insensatos, rebeldes, extraviados, escravos de toda a espécie de
paixões e prazeres, vivendo na maldade e na inveja, odiados e odiando-nos uns
aos outros. Mas, quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador» (vv.
3-4). Esta passagem marca a grande novidade de Jesus, incarnação pessoal do
amor misericordioso do Pai.
Esta «Boa Nova» é destinada a cada um de nós, tal como foi destinada aos
crentes confiados aos cuidados pastorais de Tito. Hoje, como ontem, estamos
perante um dom gratuito e inesperado de Deus. Sempre que contactamos com a
palavra escrita, temos oportunidade de fazer memória do grande evento anunciado
por Paulo, evento que nos regenera e renova pelo poder do Espírito Santo.
Evangelho: Lucas 17, 11-19
Naquele tempo, 11Quando caminhava para Jerusalém, Jesus passou através da
Samaria e da Galileia. 12Ao entrar numa aldeia, dez homens leprosos vieram ao
seu encontro; mantendo-se à distância, 13gritaram, dizendo: «Jesus, Mestre, tem
misericórdia de nós!» 14Ao vê-los, disse-lhes: «Ide e mostrai-vos aos
sacerdotes.» Ora, enquanto iam a caminho, ficaram purificados. 15Um deles,
vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em voz alta; 16caiu aos pés de
Jesus com a face em terra e agradeceu-lhe. Era um samaritano. 17Tomando a
palavra, Jesus disse: «Não foram dez os que ficaram purificados? Onde estão os
outros nove? 18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este
estrangeiro?» 19E disse-lhe: «Levanta-te e vai. A tua fé te salvou.»
Jesus retoma a viagem para Jerusalém, onde como os profetas, será chamado a dar
a vida. Entra numa aldeia de samaritanos e deixa-se interpelar por um grupo de
leprosos. Eram samaritanos, estrangeiros para os judeus; eram leprosos e
tornavam impuro quem se aproximasse deles (vv. 12s.). Mas Jesus é o salvador de
todos, o irmão universal. Veio para todos: não faz acepção de pessoas, não
despreza ninguém por pertencer a um determinado povo ou a uma certa raça; muito
menos despreza alguém por estar doente. Jesus realiza este milagre com a sua
habitual discrição e abertura aos mais pobres entre os pobres, àqueles que mais
precisam da sua intervenção salvadora.
São curados os 10 leprosos; mas só um deles sente a obrigação de agradecer (v.
15). O gesto de se lançar aos pés de Jesus significa, não só a sua gratidão
pelo milagre, mas também a decisão de se tornar discípulo (v. 16). E só ele é
plenamente curado, no corpo e na alma. Não basta encontrar Jesus. É preciso
escutar a sua palavra, deixar-se atrair pela graça e segui-lo para onde quer
que vá. O caminho da salvação vai da graça recebida, à gratidão, ao louvor.
Meditatio
O evangelho de hoje permite-nos compreender melhor aquilo que dizemos no
prefácio da celebração eucarística: «é verdadeiramente nosso dever, é nossa
salvação, dar-vos graças». Os leprosos curados foram dez. Mas apenas um sentiu
o dever de agradecer. Estamos tão habituados às graças de Deus que já não nos
admiramos com elas. Damo-las por pressupostas e, muitas vezes, não as
agradecemos. E, todavia, é nosso dever reconhecer os dons de Deus e dar-Lhe
graças por eles. Essa gratidão é fonte de salvação para nós. Foi o que
aconteceu com o leproso curado, que foi agradecer a Jesus. Impressionam-nos as
perguntas que Jesus lhe faz. Impressiona-nos especialmente a exclamação final:
«Levanta-te e vai. A tua fé te salvou» (v. 19). Jesus mostra-se admirado por um
só dos leprosos curados ter voltado para agradecer. E declara que foi a fé que
o curou plenamente.
Vejamos o itinerário que este homem percorreu: era um leproso como os outros;
como os outros invocou a compaixão de Jesus; como os outros foi mostrar-se aos
sacerdotes. Mas só ele voltou atrás para agradecer a Jesus. Jesus reconheceu
nesse agradecimento uma manifestação de fé pura. Assim, verificamos que o
encontro pessoal com Jesus não só lhe renovou o corpo, mas também lhe
transformou profundamente a alma. O leproso curado não ficou satisfeito
unicamente por ter resolvido um problema pessoal. Parecia-lhe pouco e,
sobretudo, pouco digno de um homem que tinha intuído ter encontrado uma pessoa
extraordinária. O seu verdadeiro desejo foi voltar atrás para conhecer...
conhecer para reconhecer aquele que o curou... reconhecê-lo para lhe agradecer
e segui-lo... Estamos perante um caminho de iniciação cristã, que todo o fiel
deveria percorrer e reviver nos momentos decisivos da sua existência. Uma graça
material é pouca coisa em comparação com aquilo que Deus tem para nos dar
quando reconhecemos o seu amor e damos graças.
Na Eucaristia, «unidos à acção de graças... de Cristo, somos chamados a colocar
toda a nossa vida ao serviço da Aliança de Deus com o seu Povo» (cf. Cst 84).
Vivendo esta disposição, de modo habitual, não só damos graças na celebração
eucarística, na adoração e noutros momentos de oração, mas a nossa vida se torna
acção de graças, comunhão de amor e de fé com Jesus Cristo.
Oratio
Senhor, a tua palavra alerta-me hoje para o dever e para a necessidade de Te
dar graças por todos os teus dons. Agradecer-Te é, de verdade, nosso dever e
nossa salvação. De quantas doenças me tens curado, desde a grande cura que foi
o meu baptismo. Obrigado, S
enhor. Quantas vezes me envolveste na tua misericórdia, e renovaste em mim a
beleza da criação. Obrigado, Senhor! Que a Eucaristia diária seja de verdade
«acção de graças» e que o encontro contigo, que me dás tanto amor, seja um
encontro pessoal de amor e de fé, que faça da minha vida uma eucaristia
permanente. Amen.
Contemplatio
A vossa mais doce ocupação deveria ser evocar sem cessar a recordação dos
benefícios do vosso Pai celeste, meditá-los, aprofundá-los.
É uma matéria inesgotável, nela não há nada que não seja cheio de consolação e
de enternecedor para o coração, está ao vosso alcance e não exige uma grande
contenção do espírito. A intenção do vosso Pai celeste é que penseis nisso mais
frequentemente do que em nenhuma outra coisa e que os não percais jamais de
vista. Assinalou-a em centenas de lugares da Sagrada Escritura. Muitas vezes
censurou Israel de esquecer o seu Criador e o seu Deus (Dt 32; Is 51, etc.).
Convida-vos a guardar esta recordação; ordena-vos que o recordeis para a sua
glória e para o vosso benefício; ligou-lhe graças infinitas.
E vós, ingratos e insensatos, gozais dos benefícios de um Deus criador, de um
Deus salvador, e com dificuldade vos acontece reflectir nisso e assinalar o
vosso reconhecimento. Rezais bastante para lhe pedir, não rezais quase nunca
para lhe agradecer e o glorificar.
Seria demasiado dar cada dia uma meia hora, um quarto de hora pelo menos para
meditar nos inefáveis benefícios do vosso Deus, prestar-lhe acções de graças,
excitar em vós os sentimentos que a sua bondade merece? Não seria este o melhor
emprego do tempo do que dais cada dia a exercícios de piedade muitas vezes bem
vazios? Ó como vos encontraríeis bem com esta prática e como o amor de Deus
tomaria o melhor crescimento na vossa alma!
Deus pedir-vos-á contas do emprego do vosso tempo e das vossas faculdades.
Porque é que, dir-vos-á, quase nada tendes pensado nos meus benefícios? Porque
é que os mistérios da religião não estiveram sempre presentes no vosso
espírito? Porque é que não tendes reflectido em tantas graças pessoais de que a
vossa vida não era mais do que um tecido?
Mesmo as pessoas do mundo têm este dever. As riquezas têm os seus
inconvenientes e os seus perigos, mas têm também as suas vantagens em relação à
salvação e à santidade, na medida em que proporcionam mais liberdade para se
ocuparem das coisas da religião e, ordinariamente, uma educação que dispõe a
melhor as conceber e a delas tirar mais fruto. Permitem que se procurem bons
livros de piedade. Os que têm estas vantagens serão porventura desculpados, se
negligenciam alimentar em si a recordação dos benefícios de Deus através das
leituras e meditações diárias; se despendem todos os seus tempos livres em
visitas, no jogo, nos espectáculos, nos divertimentos frívolos; se as suas
leituras se limitam aos livros de ciência profana ou mesmo a matérias pueris e
perigosas? (Leão Dehon, OSP 2, p. 31s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Ele salvou-nos pela sua misericórdia» (Tt 3, 5).
| Fernando Fonseca, scj |
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
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