4º DOMINGO DO ADVENTO
Ano C
23 de Dezembro de 2018
Evangelho Lc 1,39-45
-E O NATAL CHEGOU!-José Salviano
Estamos no último domingo do Advento e a
liturgia nos
aponta para a pessoa de Maria, porque ela é a figura central do Natal, pois
graças a sua resposta positiva, graças ao seu SIM, hoje estamos reunidos
para celebrar a Eucaristia. Sejamos seus imitadores, dizendo sempre sim ao
chamado diário de Deus para a nossa conversão.
O
Natal está próximo, e estamos prestes a comemorar o mistério da encarnação do
Filho de Deus, mistério esse que foi o primeiro passo do Plano de Deus pela
salvação da humanidade. Humanidade essa que hoje está se desviando cada vez
mais do caminho da casa do Pai. A paixão e morte de Jesus forma o segundo passo
deste plano de Deus. E a ressurreição é o terceiro passo que nos traz a
certeza da nossa ressurreição.
É
Natal, é hora de reconciliação com Deus e com o irmão, é hora de alegria! Mais
qual é mesmo o motivo da nossa alegria? Bem. Para começar, hoje acendemos a
vela vermelha, a quarta vela da coroa do advento, a vela que representa amor,
por isso e a "vela do amor", o amor de Deus por nós. Esse Deus que
entregou o seu Filho amado, o Cristo, sol de nossa vida a quem esperamos com
toda ternura e alegria.
No
domingo passado, Paulo nos convidou a estarmos alegres na segunda leitura.
"Alegrai-vos sempre no Senhor, repito,
alegrai-vos!” , Disse Paulo. E por que insistir
tanto na alegria? Ora, o motivo dessa alegria não deve ser apenas pelo sucesso
na sua vida, o emprego, a saúde, as compras, os presentes a abundância de
bens materiais, a falta de preocupações, as bebidas que acompanham a farta
comida no almoço de Natal, mais sim, o motivo maior da nossa alegria é a
certeza de que “o Senhor está próximo”. Ele está sempre
próximo de nós, para nos dar a mão para nos levantar das frequentes quedas, e
nos dar uma vida digna de merecermos
um dia a vida eterna.
Como
já dissemos, Paulo nos convidou a nos alegrar, a estarmos sempre alegres
no Senhor.
É
preciso pois, aqui fazer uma reflexão mais demorada sobre a alegria. Pois assim
como existem evangelizadores que obrigam os demais a serem alegres, também
existem fiéis ou beatos que pensam que quem não sorri, não é uma pessoa alegre.
Pois se é cristão, logo quem não sorri não está alegre no Senhor, como disse
Paulo.
Convém,
pois, questionar o seguinte: Será que todo aquele que vive sorrindo é de
fato alegre? E será que o que não sorri é triste mesmo? Do mesmo modo, é
verdade que todo aquele que nos recebe sempre com um sorriso franco, é de
verdade o mais caridoso? E o de cara fechada? É um grande sovina que não abre a
mão para dar nada a ninguém?
A
psicologia nos informa que existem vários tipos de pessoas, ou de
personalidades, a saber: O líder, o fleumático, o apático, o social e o ativo.
Podemos acrescentar aqui, o incrédulo e o religioso, aquele que realmente tem
fé. E desses dois últimos, poderemos subdividir, em: Mais ou menos religioso e
meio incrédulo. Mornos ou quentes.
Dessa
forma, poderemos classificar também vários tipos de alegria, ou de sorrisos: O
sorriso falso, o sorriso interesseiro, o sorriso comercial, o sorriso forçado,
o sorriso malandro, ou simplesmente o sorriso daquele ou daquela que é do tipo
social, e finalmente o sorriso sincero, que brota de dentro do nosso interior,
da nossa alma pura, desejando ao outro a paz de Cristo.
Assim,
nem sempre o sorriso é uma demonstração do verdadeiro estado do interior da
pessoa. Nem sempre o seu verdadeiro estado emocional, pode ser captado pelo seu
sorriso. Exemplo: Uma pessoa pode ter uma crise de sorriso, quando se encontra
em estado de pressão, ou de medo. Acontece muito com o sexo feminino. Um
garota, ou mulher, quando muito nervosa pelo fato de ter de fazer uma exposição
em público, pode começar a sorrir de forma incontrolável. A cantora
momentos antes de entrar ou subir no palco, tem um sorriso diferente,
expressado pelo medo da plateia, etc. Mas o homem também tem os seus momentos
de nervosismo por medo, como o sabemos muito bem...
O
sorriso interno ou interior:
Aquele
de cara fechada, um sujeito muito sério, costuma sorri por dentro. E podemos
captar o seu sorriso nos seus olhos e pelas suas expressões faciais. Geralmente
é o tipo de sorriso mais sincero. Sabe por que? Porque por trás de uma feição
dura, está um coração mole, atrás de uma cara fechada, está um coração aberto,
um coração mole de uma pessoa caridosa. A cara fechada é uma defesa
natural, pois se essa pessoa se abrir totalmente, todos vão saber que ela tem
pena dos que sofrem, e todos ao mesmo tempo correrão atrás dela para pedir, isso
e aquilo, e assim ela não poderá atender a todos. Esse é aquele do tipo
fleumático. É uma pessoa que absorve os problemas dos outros e sabe ter
compaixão.
Ao
contrário, o do tipo social, engana todo mundo. Vive sorrindo, e pensamos que
na hora do aperto, poderemos contar com ele. Negativo! Na hora do sufoco, por
incrível que pareça, o de cara fechada é que vai lhe dar uma grande força. Ele
é o mais caridoso. Só que se esconde atrás da cara feia para se proteger. O
sorriso do tipo social, não é necessariamente falso, pois isso é uma
predisposição natural do seu modo de ser.
Já
o tipo líder, nem sempre tem um sorriso sincero. Pois como ele consegue
arrebanhar a todos geralmente com um largo e franco sorriso, e um forte aperto
de mão, por de trás daquela disponibilidade, está sempre o seu objetivo
pessoal a ser alcançado: Melhores, vendas do grupo, melhor colaboração dos
empregados, maior lucro da empresa, ganhar a eleição, assim por diante.
Será
que podemos obrigar a todos os cristãos a serem de fato alegres, principalmente
alegres por fora, ou para que todos vejam? Pense: Será que um pai
desempregado pode realmente se sentir alegre? Mesmo que tenha muita fé? Será
que um indivíduo que teve uma experiência terrível em sua infância, como por
exemplo, viu o assassinato do pai ou da mãe, consegue estar mesmo alegre?
Sempre sorrindo?
Muitas
pessoas, apesar de confiar em Deus, e de mesmo estar alegres por dentro
com sua vivência espiritual, não conseguem viver sorrindo, externando sua
alegria ou mesmo viver plenamente alegres, tendo em vista seus traumas de
infância ou decepções da vida presente. Aquela catequista que vivia sempre
alegre, de repente todos percebem que o seu semblante mudou de uma hora para
outra. E por que? Ela só contou ao padre em confissão. Ela foi traída pelo
marido.
A
demonstração mesmo eufórica do estado de alegria, nem sempre é uma coisa
viável, tendo em vista que a alegria do cristão não deve ser uma alegria
interesseira ou falsa, mais sim, uma alegria verdadeira de quem está feliz por
dentro, por viver na companhia de Jesus, por sentir a presença do Pai em sua
vida, por ouvir Jesus constantemente a lhe falar, a lhe dizer aos
ouvidos: "A alegria do cristão
não deve ser uma alegria falsa, interesseira, e hipócrita...
Porém, procure estar sempre
alegre, mesmo que seja só por dentro. Pois UM
CRISTÃO TRISTE É UM TRISTE CRISTÃO,
que apesar de ter fé, não deve praticar muito bem a caridade, e não tem
esperança. Esperança na providência e proteção de Deus em sua vida! E isso
é muito lamentável”.
ADVENTO É ISSO
É Jesus que vem vindo para nos salvar. Vem
Jesus porque a vida está cada vez mais perigosa. Vem Jesus porque sem Deus não
somos nada, não conseguimos suportar o peso das adversidades que são tantas.
Vem senhor, porque mesmo que tenhamos bens materiais, na verdade somos muito
pobres, vem Senhor, porque somos indefesos e frágeis! Vem Menino Jesus porque
temos medo até de sair de casa, e mesmo em nossa própria casa corremos perigo!
Vem Jesus todo poderoso, vem nos encorajar para que não nos acovardemos e
deixamos de fazer a nossa parte para melhorar este mundo que está ficando
imundo. Amém.
Feliz Natal!
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