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Dezembro 2018
Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 21
Dezembro
Lectio
Primeira leitura: Cântico dos Cânticos 2,8-14
8Eis a voz de meu amado! Ei-Io que chega,
correndo pelos montes, saltando sobre as colinas. O meu amado é semelhante a um
gamo ou a um filhote de gazela. Ei-Io que espera, por detrás do nosso muro,
olhando pelas janelas, espreitando pelas frinchas.10Fa/a o meu amado e diz-me:
Levanta-te! Anda, vem daí, Ó minha bela amada! 11 Eis que o ln vemo já passou,
a chuva parou e foi-se embora; 12despontam as flores na terra, chegou o tempo
das canções, e a voz da rola já se ouve na nossa terra; 13*a figueira faz brotar
os seus figos e as vinhas floridas exalam perfume. Levanta-te! Anda, vem daí, Ó
minha bela amada! 14Minha pomba, nas fendas do rochedo, no escondido dos
penhascos, deixa-me ver o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz. Pois a tua voz é
doce e o teu rosto, encantador.
o texto do Cântico dos Cânticos celebra
delicadamente o amor entre a esposa e o esposo. Esse amor, descrito de forma
tão ousada e inspirada, é considerado um dom de Deus. O nosso texto descreve o
regresso do esposo a casa, depois de prolongada ausência à busca de pastagens
para o rebanho, durante o Invemo. A alegria da esposa pelo regresso do seu
amado, e a grande ternura manifestada, são tão intensas que as palavras
utilizadas, cheias de inspiração poética, e as imagens primaveris tão expressivas,
parecem insuficientes para descrever a sua emoção.
Na tradição da Igreja, a imagem do esposo e da
esposa foi sempre entendida como símbolo da relação entre Deus e o povo (cf. Os
1-3; Is 62, 4-5; Jer 3, 1-39) e entre Cristo e a Igreja (cf. Mc 2, 19-20; Ef 5,
25-26; 2 Cor 11, 2; Apoc 21, 9). Deus é o esposo do poema e Israel, a esposa.
E, porque o amor de Deus pelo seu povo se prolonga no amor de Cristo pela sua
Igreja, o esposo é Cristo e a esposa é a Igreja. O liturgia utiliza esta
simbologia nupcial entre Cristo e Maria e entre Cristo e o crente: a Virgem é
figura da Igreja que vai alegre ao encontro de Cristo-esposo que vem. O mesmo
sucede com todo o membro da comunidade cristã que vive na expectativa de
acolher o Senhor para O deixar falar-lhe ao coração.
Evangelho: Lucas 1, 39-45
39*Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e
dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. 40Entrou em casa
de Zacarias e saudou Isabel. 41 *Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o
menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é
o fruto do teu ventre. 43*E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu
Senhor? 44Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino
saltou de alegria no meu seio. 45Feliz de ti que acreditaste, porque se vai
cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.»
A narrativa da visitação de Maria à prima
Isabel, que vivia em Ain Karin, nas montanhas da Judeia, é uma página rica de
referências bíblicas, de humanidade e de espiritualidade. Maria percorre o
caminho feito antes pela Arca da Aliança, quando David a fez transportar para
Jerusalém (cf. 2 Sam 6, 2-11). É o mesmo caminho que Jesus fará quando se
dirigir corajosamente para Jerusalém, a fim de realizar a sua missão (cf. Lc 9,
51). É sempre Deus que, em diferentes momentos da história, vai ao encontro do
homem para o salvar.
A narrativa da visitação está ligada ao da
anunciação, não só pelo clima humano, cheio de gestos de serviço, mas porque se
torna a verificação do «sinal» dado pelo Anjo a Maria (cf. Lc 1, 36-37). O
salto de João no seio da mãe representa a exultação de todo o Israel pela vinda
do Salvador (vv. 41.44). As palavras de bênção, inspiradas pelo Espírito,
dirigidas por Isabel a Maria, são prova do especial agrado de Deus pela Virgem.
A salvação que leva no segredo da sua maternidade é fruto da sua fé na palavra
de Deus: «Feliz aquela que acreditou no cumprimento das palavras do Senhor»
(v.45; Lc 8, 19-21). É sempre Maria que precede e que, solicitamente se dá a
todos, em tudo: a maior faz-se dom para a mais pequena, como Jesus para o
Baptista.
Meditatio
O encontro de Maria e Isabel, a mãe de Jesus e
a mãe de João, é ocasião para um único cântico de louvor e de acção de graças a
Deus pela sua presença salvífica no meio dos homens. Agora, cabe-nos a nós
abrir os corações à iniciativa fecunda do Espírito, corresponder ao dom de Deus
e dar-lhe graças. O tempo de Natal é tempo de alegria porque Deus se fez nosso
companheiro ao dar-nos o seu Filho, e porque nos tornámos todos irmãos e filhos
do mesmo Pai.
É curioso e, em certo sentido, até chocante
que festejemos o nascimento de Jesus celebrando a Eucaristia, memorial da sua
paixão e morte. E todavia é uma prática correctíssima porque é o dom da morte
de Cristo, o mistério da sua morte e da sua ressurreição que nos dá o sentido
do seu nascimento. É também graças à sua morte e ressurreição que podemos
celebrar plenamente o seu nascimento.
É na Eucaristia que podemos compreender
plenamente o Antigo e o Novo Testamento e, portanto, o sentido da vida terrena
de Jesus, do seu nascimento e dos acontecimentos que o precederam. A Visitação
alcança significado pleno na Eucaristia porque, contemplando o Menino do presépio,
contemplamos o amor de Deus que se dá a nós: «Um filho nos foi dado DUm Menino
nasceu para nós ».
O nascimento de Jesus está orientado para o
dom de Si mesmo. É a doação que começa e será plena quando Jesus der a sua vida
por nós na cruz.
Pensando neste dom total de Jesus, podemos
celebrar melhor o seu nascimento, acolhê-lo como dom, que se consumará na
morte.
A Eucaristia também nos permite celebrar o
Natal, não como simples lembrança de um acontecimento passado há dois mil anos,
mas como uma realidade actual e presente a cada um de nós. O Deus connosco, o
Emanuel, é uma realidade actual, que podemos viver: Jesus torna-se presente e
vem a cada um de nós, graças à Eucaristia.
Ainda graças à Eucaristia, podemos unir-nos à
Virgem Mãe que leva em si o seu Menino; podemos ir ao encontro dos outros,
conscientes dessa presença em nós, que pode despertar também neles a mesma
presença.
A presença de Cristo, pela Incarnação no seio
de Maria, pô-Ia a caminho da casa de Isabel, para a confortar e servir. A
visitação foi ensejo para Deus encher de
Espírito Santo Isabel e João. A Eucaristia,
que torna presente Cristo em nós, lança¬nos "incessantemente, pelos
caminhos do mundo ao serviço do Evangelho" (Cst. 82), para que haja Natal
em todos os corações (Leão Dehon, OSP.
Oratio
Senhor Jesus, que por nosso amor, assumiste
carne humana no seio virginal de Maria, e, por amor, Te fazes nosso alimento e
companheiro de jornada na Euc
aristia, dá-nos de graça de Te acolhermos agradecidos e exultarmos de santa alegria. Concede-nos também a graça de, como Maria que e levou ao encontro de Isabel e de João, também nós Te levemos a todos quantos encontrarmos nos caminhos da nossa vida.
aristia, dá-nos de graça de Te acolhermos agradecidos e exultarmos de santa alegria. Concede-nos também a graça de, como Maria que e levou ao encontro de Isabel e de João, também nós Te levemos a todos quantos encontrarmos nos caminhos da nossa vida.
Faz-nos escutar a tua voz, e concede-nos a
graça de Te respondermos na oração. Sobretudo, faz com que nos deixemos
envolver na acção poderosa do Espírito que reza em nós. Assim, renovados
interiormente, exultantes de alegria e cheios de generosidade, saberemos
dar-te, e dar-nos contigo, aos irmãos, especialmente aos mais pobres e
desprotegidos. Amen.
Contemplatio
Maio seu pequeno coração começou a bater Jesus
quis provar o seu amor e expandir os seus benefícios. João Baptista e toda a
sua família são os primeiros que experimentam este amor ardente de Jesus que
Maria traz.
Cada pulsar do Coração de Jesus tem, por assim
dizer, o seu eco no de Maria, de modo que o amor nestes dois corações torna-se
o mesmo, toma o mesmo objecto, a mesma intensidade e transborda sobre os
homens.
Jesus já testemunhou o seu amor ao seu Pai
pelo seu acto de oblação; cumulou a sua mãe com dons maravilhosos; santificou
S. José, seu pai adoptivo. Quer levar graças de eleição ao seu precursor S.
João Baptista. Ele arrasta Maria nesta viagem misteriosa. O amor dá asas aos
dois. Maria, toda inebriada pelo zelo ardente e diligente de Jesus, corre, voa
através dos montes e dos vales: abiit in montana cum festinatione. É uma
caminhada de cem quilómetros que se faz provavelmente em três dias.
Jesus deu-se ao seu Pai e às almas, pelo seu
acto de oblação. Ele arde de ardor por começar a redenção. Incendeia Maria com
o seu zelo. Os seus dois corações fazem um só. Que amor eles nos testemunham, e
que lição de zelo para nós!
Jesus e Maria levam imensas bênçãos. João Baptista
estremece no seio de sua mãe sob a bênção de Jesus. É o estremecimento do amor
e do zelo. Ele queria já anteceder os anos, e pregar o amor de Deus e o
arrependimento dos pecados cometidos.
Isabel e Zacarias profetizam. Zacarias é
curado do seu mutismo. Todas as graças estão reunidas: santificação e vocação
do precursor, cura miraculosa, dom de profecia. Que munificência!
Jesus passa fazendo o bem: transiit
benefaciendo. Ah! Como a sua bondade é grande e como esta primeira manifestação
está cheia de promessas! Jesus veio, portanto, à terra para abrir as fontes de
todas as graças, e Maria é como o carro de fogo que transporta o Messias.
A sua bondade não pede uma imensa confiança e
um imenso reconhecimento? (Leão Dehon, OSP 2, p. 208).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Bendito é o fruto do teu ventre, Ó Maria»
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos !!!
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