17 de Dezembro de 2018
Ano C
Evangelho Mt 1,1-17
Analisando a genealogia de Jesus, notamos que Ele é originário de
Davi, o ungido de Deus. Isso, por que José é descendente da vara de Davi.
Porém, biologicamente, Jesus não é descendente de Davi, pois José
não foi o genitor biológico de Jesus, mas sim, o Espírito de Deus.
Do ponto de vista da tradição, sim. Jesus pode ser considerado,
descendente do rei ungido.
O evangelho de hoje mostra que pela genealogia de Jesus Cristo, Ele é descendente de Abraão. Mas na verdade, Jesus foi gerado pelo Espírito Santo não no seio da Virgem Maria, mas sim, em seu corpo mesmo. A gente diz que foi no seio, por um a questão de respeito, nos recusamos a dizer o local exato, ou seja, o útero. Portanto, Jesus, enquanto Filho de Deus, não é descendente nem de Abraão nem tão pouco de Davi.
Porém,
em sinal de respeito à cultura do tempo de Jesus, a qual considerava
as genealogias como uma forma literária usada para
confirmar a vinculação de uma ou mais personagens de destaque a uma linhagem
que recebeu as promessas divinas, são quatorze as gerações, desde
Abraão até o nascimento de Jesus.
A
respeito da concepção virginal de Maria, já houve quem perguntasse se não se
trataria aqui de lendas ou de construções teológicas sem pretensões históricas.
A isto deve-se responder: a fé na concepção virginal de Jesus
deparou com intensa oposição, zombarias ou incompreensões da parte dos
não-crentes, judeus e pagãos. Ela não era motivada pela mitologia pagã ou por
alguma adaptação às idéias do tempo. O sentido deste acontecimento só é
acessível à fé, que o vê no nexo que interliga os mistérios entre si, no
conjunto dos Mistérios de Cristo, desde a sua Encarnação até a sua Páscoa. Por
isso o aprofundamento de sua fé na maternidade virginal levou a Igreja a
confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de
Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo "não lhe diminuiu,
mas sagrou a integridade virginal" de sua mãe. A Liturgia da Igreja
celebra Maria como a "sempre virgem".
Assim,
prezados irmãos, a concepção de Maria pela atuação do Espírito Santo e sua
virgindade, é mais um mistério que acompanha a pessoa de Jesus Cristo, e que
não podemos entender pela nossa inteligência, mais sim pelos olhos da fé. Mas
infelizmente, aqueles de pouca fé, ou os inimigos do catolicismo, se apoiam
nesta parte da nossa doutrina para nos questionar, como se tivéssemos inventado
tudo isso e mais um pouco.
É
por isso que o olhar da fé pode descobrir, tendo em mente o conjunto da
Revelação, as razões misteriosas pelas quais Deus, em seu desígnio salvífico,
quis que seu Filho nascesse de uma virgem. Essas razões tocam tanto a pessoa e
a missão redentora de Cristo quanto o acolhimento desta missão por Maria em
favor de todos os homens. Jesus é portanto, concebido pelo poder do
Espírito Santo no corpo da Virgem Maria, e é por isso
que a humanidade de Cristo é, desde a sua concepção, repleta do
Espírito Santo, pois Deus "lhe dá o Espírito sem medida". É da
"plenitude dele", cabeça da humanidade remida, que "nós
recebemos graça sobre graça" (Jo 1,16).
José
Salviano
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