Domingo, 2 de Agosto de 2015
Tema: Décimo Oitavo Domingo do Tempo Comum
Êxodo 16,2-4.12-15: Eu farei chover pão do céu
Salmo 77: O Senhor lhes deu pão do céu
Efésios 4,17.20-24: Revistam-se do homem novo,
formado à imagem de Deus
João 6,24-35: O que vem a mim não passará fome
e o que crê em mim não passará sede
24E, reparando a multidão que nem Jesus nem os
seus discípulos estavam ali, entrou nas barcas e foi até Cafarnaum à sua
procura.25Encontrando-o na outra margem do lago, perguntaram-lhe: Mestre,
quando chegaste aqui?26Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo:
buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e
ficastes fartos.27Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até
a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu
sinal.28Perguntaram-lhe: Que faremos para praticar as obras de
Deus?29Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele
enviou.30Perguntaram eles: Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos
em ti? Qual é a tua obra?31Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que
está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu (Sl 77,24).32Jesus
respondeu-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do
céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu;33porque o pão de Deus
é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo.34Disseram-lhe: Senhor, dá-nos
sempre deste pão!35Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim
não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede.
Comentário
A primeira leitura, do livro do Êxodo, lembra
como o deserto como carência de tudo. Cada um de nós temos o nosso tempo de
deserto: situações difíceis nas quais parece não haver solução de ajuda para
sobreviver. Ao povo de Israel foi um aprendizado ter que estar no deserto onde
falta tudo para que pudesse experimentar o portentoso modo de Deus ajudar os
que nele confiam. No deserto, o povo aprende a experimentar a condição de
“pobre e necessitado” e a depender do auxílio de Deus. Isto será útil para o
crescimento da fé de da esperança nessa ajuda milagrosa. Na península do Sinai
há um arbusto chamado “tamarisco”, que produz uma resina adocicada; das folhas
saem pequenas gotículas... No frio da noite, a resina se solidifica e, de
madrugada, deve ser recolhida antes que o calor do sol a derreta. Os israelitas sempre consideraram
que a aparição do maná uma demonstração da intervenção milagrosa em favor de
seu povo. Foi chamado maná porque as crianças ao comê-lo perguntavam: “O que é
isto?” (Man-ah?). Também é chamado “pão do céu” (Sl 78) e o livro da Sabedoria
diz que “tinha o sabor que cada um desejava” (Sb 16,20). Jesus dirá que o
verdadeiro pão descido do céu será seu corpo e seu sangue, ou seja, que este
maná milagroso do deserto era um símbolo e aviso do que Deus ia fazer mais
tarde com seus eleitos, dando-lhes como alimento o corpo de seu próprio Filho
divino.
A segunda leitura, da carta aos Efésios, pede
aos crentes que se deixem renovar pelo Espírito Santo e passem de um modo de
agir não digno do ser humano a um modo de agir digno de quem tem fé em Cristo.
Pede que abandonemos nosso estilo anterior de vida pecaminosa e caminhemos na
direção de um novo caminho de vida cristã. Convida-nos a não nos deixar guiar
por este “vazio de critérios”. Nestes poucos versículos continua a exortação a
buscar a unidade e a viver dignamente a própria vida cristã, guiada e
fundamentada em um verdadeiro conhecimento de Cristo. Paulo desenvolve este
argumento contrastando a antítese do ser humano velho e novo (Cl 3, 9-10; 1Cor
5,7-8). Escolher a novidade, o novo, é escolher o Cristo; isto significa romper
com o velho ser humano pecaminoso, com o pecado do mundo, para estar dispostos
a uma contínua renovação no Espírito, para viver na justiça, retidão e
santidade. Este texto é uma clara resposta a quem pensa que o cristianismo é
simplesmente uma coisa do passado.
O evangelho de João desenvolve o discurso do
pão da vida, em três afirmações logicamente sucessivas. A primeira fala do real
ou verdadeiro pão do céu: não o maná dado uma vez por Moisés, contrariamente ao
que o povo pensava, (v.31). Deus, não Moisés, é quem dá este pão (v. 32). Jesus
é o verdadeiro pão descido do céu. Jesus realizou sinais para revelar o sentido
de sua pessoa (domingo anterior), porém o povo somente o entendeu na linha de
suas necessidades materiais (6,26.12). Jesus quis que tivéssemos a compreensão
de sua pessoa porque somente através da fé se pode entender quem ele é e
somente assim poderá doar-se a eles em forma de alimento: porém, para fazer
isto é necessário trabalhar ou procurar um alimento e uma vida que não tem fim,
dons do Filho do homem (v.27). As lideranças pensam imediatamente nas obras (v.
28; Rm 9,31-32), porém Jesus retruca que somente uma obra deve ser cumprida:
crer nele (v. 29; Rm 3,28), reconhecer a necessidade dele, como se tem
necessidade do alimento material. As lideranças pedem uma demonstração ou um
sinal que se compare ao menos com o realizado por Moisés (vv.30-31), pois
aqueles que acaba de realizar (6,2) não são considerados suficientes. Jesus
responde afirmando que é mais que Moisés, pois ele (Cristo) realiza o dom de
Deus que não perece. Seu pão pode ser recolhido (6,13), o maná se estragou (Ex
16,20).
“Eu sou o pão da vida” é uma fórmula de força
extraordinária, parecida àquelas obras que somente a Jesus se poderia atribuir:
“Eu sou a luz do mundo”, “Eu sou o bom pastor”... quem se aproxima de Jesus não
terá fome nem sede, não necessitará de outras fontes de alegria para saciar
seus anseios e aspirações. Jesus é fonte de equilíbrio e de alegria, fonte de
sossego e de paz. Jesus é o lugar e fundamento da doação da vida que Deus faz
ao ser humano. Em Jesus Cristo, Deus está por completo a favor do ser humano,
de tal modo que nele se abre sua comunhão vital, sua salvação e seu amor, e em
tal grau que Deus quer estar ao lado do ser humano como quem se dá e se
comunica sem reservas. Na comunhão com o revelador – Cristo – o ser humano
encontra paz e sente saciada a todo tipo de sede.
Oração
Ó Deus, bom Pai, que em Jesus de Nazaré nos
presenteaste verdadeiramente com o pão do céu, aumenta a nossa fé para que,
recebendo-o, sacie a todos com a Verdade que deve habitar no interior de cada
ser humano.
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