31- de
julho- Sexta - Evangelho - Mt 13,54-58
Não
é ele o filho do carpinteiro? Então, de onde lhe vem tudo isso?
Este
Evangelho narra que Jesus não foi bem recebido na sua terra, Nazaré. E isso por
um motivo totalmente inválido: ele era de lá, pertencia a uma família simples
(pai carpinteiro) e não cursou faculdade.
Mas
o motivo verdadeiro é porque ele pisava no calo; falava coisas que as pessoas
não queriam ouvir, porque tocava na ferida delas, isto é, chegava ao seu
pecado, que elas não queriam abandonar.
O
profeta fala a palavra certa, na hora certa, do jeito certo e para a pessoa
certa, sem estar preocupado em agradar os ouvintes. Isso é difícil de engolir,
a não ser que a pessoa queira realmente se converter.
E
o nosso pecado nos leva a transferir para os outros, problemas que são nossos.
Em vez de aceitar seu erro, criticavam a Jesus. Quando nos simpatizamos com uma
pessoa, aprovamos tudo o que ela fala ou faz. Mas uma pessoa que nos é
antipática fala ou faz a mesma coisa, nós reprovamos. Como que os nossos
julgamentos são subjetivos!
Tudo
é motivo para condenar um profeta, até este: eu conheço a sua família e sei que
ele não estudou. E a perseguição ao profeta é, às vezes, covarde. Criticamos
porque ele ou ela tem o cabelo comprido ou curto, porque usa essa ou aquela
roupa, porque reza ou porque não reza, porque é alegre ou porque é sério etc.
“E
Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.” A fé é condição
necessária para se receber uma graça de Deus. E o motivo principal da recusa a
um profeta é a nossa falta de fé.
Os
profetas, isto é, os líderes cristãos que são nossos vizinhos, e cujas famílias
nós conhecemos, por si são melhores do que os desconhecidos, porque eles ou
elas nos conhecem e podem dar o remédio certo, pois conhecem as nossas falhas.
Também porque, sendo da nossa cidade ou bairro, fica mais fácil a continuidade
do trabalho evangelizador.
Os
fariseus colocavam sua segurança na Lei. Os saduceus colocavam sua segurança no
dinheiro; eram todos latifundiários. E os sacerdotes colocavam a sua segurança
no culto. Assim, nenhum deles precisava de Deus! Eram pessoas cheias de si
mesmo e que se julgavam donas do próprio destino. O certo é nos esvaziarmos de
tudo. “Esse povo me procura só de palavra, honra-me apenas com a boca, enquanto
o coração está longe de mim. Seu temor para comigo é feito de obrigações
tradicionais e rotineiras” (Is 29,13). “Este povo me honra com os lábios, mas o
seu coração está longe de mim” (Mt 15,8). “Na sua boca, tu (Senhor) estás
presente, mas longe do coração” (Jr 12,2).
Deus
nos fala de muitas maneiras: pelos profetas, pela Sagrada Escritura, por outros
livros ou programas bons... Que estejamos abertos.
Hoje
nós celebramos a festa de Santo Inácio de Loyola, o fundador da Ordem dos
Jesuítas. Ele era espanhol e viveu no Séc. XVI. Toda a vida de Inácio foi
maravilhosa. Mas nos chamam a atenção dois fatos:
Como
jovem ele levava uma vida devassa, envolvido com bebidas, mulheres, jogo,
boemia... Como era soldado, um dia foi gravemente ferido. Na hora da cirurgia,
para mostrar a sua bravura, dispensou a anestesia. Após a cirurgia, teve de
ficar muitos dias internado. Ele pedia romances de cavalaria para ler. Mas, ao
invés disso, as Irmãs do hospital lhe davam vidas de santos. Inácio lia aqueles
gestos heróicos dos santos e pensava: se eles puderam, por que não eu? As Irmãs
deram para ele ler um livro intitulado: A lenda dourada, que narrava a vida de
Jesus Cristo. Foi esse livro que mudou a vida de Inácio. Ao lê-lo, ele começou
a comparar a sua vida fútil e vazia, com o grande ideal de Cristo, a serviço de
Reino de Deus. Assim, aos poucos, ele foi redescobrindo aquele Jesus que
conhecera quando criança, no catecismo da primeira comunhão. Tomou a firme
resolução de trocar de carreira: em vez de defender reinos humanos, tornar-se
soldado de Cristo, lutando pelo Reino de Deus. Logo que recebeu alta, foi ao
santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat e depositou sua espada aos pés da
Virgem Maria. Depois, retirou-se para o meio do mato, num lugar solitário, e
ali se entregou totalmente à oração, à leitura da Bíblia e à prática de
penitências.
Outro
fato que nos chama a atenção aconteceu quando ele estava no meio do mato,
fazendo penitências. Um dia, enquanto caminhava, encontrou-se com um mendigo.
Propôs ao mendigo uma troca das roupas. O pobre aceitou, claro. Na hora, os
dois trocaram as roupas. E lá se foi Inácio vestido com as roupas do mendigo, e
o mendigo com as de Inácio. Isso mostra bem o temperamento de Inácio. Ele era
prático, não suportava ter boas idéias apenas na cabeça, mas queria executá-las
logo. Que bom se nós ouvíssemos os profetas com esse tipo de postura!
Maria
Santíssima é a Rainha dos profetas. Ela testemunhou corajosamente a verdade,
com atitudes e com palavras, por exemplo, no hino Magnificat. E o principal:
ela nos deu o maior profeta de todos os tempos: Jesus Cristo. Rainha dos
profetas, e Santo Inácio, rogai por nós.
Não
é ele o filho do carpinteiro? Então, de onde lhe vem tudo isso?
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